A EARTO (Associação Europeia das Organizações de Investigação e Tecnologia) reuniu-se em Valência (Espanha) para a sua conferência anual, entre os dias 2 e 3 de abril, sob o mote “No EU Tech, No EU Competitiveness”. Um dos oradores em destaque foi João Claro, presidente e CEO do INESC TEC, que interveio no segundo dia do evento, num painel dedicado à competitividade e ao papel dos RTO’s (sigla inglesa para Research and Technology Organisations) na liderança da inovação tecnológica na Europa.
O INESC TEC foi um dos quatro casos apresentados – a par do CSEM (Suiça), REDIT (Espanha) e NORCE (Noruega) – como exemplo do impacto dos RTO na inovação deep tech europeia. João Claro partilhou um exemplo representativo do percurso da instituição na valorização científica e tecnológica, destacando fatores críticos de impacto, desafios enfrentados, e prioridades para o futuro da Europa neste domínio.
A intervenção centrou-se em dois casos recentes do percurso que o INESC TEC faz desde a investigação fundamental até à criação de spin-offs. “Destaquei dois casos emblemáticos da nossa instituição: iLoF e Seedsight. São duas spin-offs do INESC TEC que nascem da capacidade de investigação multidisciplinar que fazemos. Nestes dois casos, surgem na convergência dos domínios científicos da fotónica, inteligência artificial e bioengenharia”, afirmou o presidente o INESC TEC.
Estas spin-offs demonstram como instituições de I&D como o INESC TEC, através de infraestruturas, equipas e estratégias de valorização, conseguem transformar conhecimento em soluções com impacto económico e social.
“A iLoF, apoiada desde o início por iniciativas como o EIT Health Wild Card, estabeleceu presença internacional e conta já com pilotos em mais de 12 hospitais e colaborações com gigantes da indústria como a Roche e a Janssen. A Seedsight, por sua vez, surgiu de uma oportunidade no setor agroalimentar e está a evoluir com o apoio da Techstars nos EUA, concentrando a I&D em Portugal”, conta João Claro.
O papel dos RTOs na competitividade europeia
Ao longo da sua intervenção, o presidente do INESC TEC sublinhou a importância dos RTOs como pontes entre a ciência e o mercado, promovendo plataformas tecnológicas adaptáveis a múltiplos domínios de aplicação e reforçando a competitividade europeia. Enfatizou também a necessidade de instrumentos eficazes de transição – desde a prova de conceito até ao scale-up – e de apoio público que catalise a atração de investimento privado em larga escala.
João Claro reforçou ainda o total apoio do INESC TEC à posição da EARTO na consulta pública feita pela Comissão Europeia sobre a estratégia para as start-ups e scale-ups, destacando o contributo único que os RTOs podem e devem ter como facilitadores de inovação deep tech, quer criando as suas próprias spin-offs, quer apoiando outros empreendedores através da sua capacidade tecnológica, redes colaborativas e capital humano.
A organização da conferência anual da EARTO esteve a cargo da REDIT (Rede de Institutos Tecnológicos da Comunidade Valenciana). O momento foi de celebração dupla: a comemoração dos 25 anos da EARTO e a eleição do seu novo presidente. Jesús Valero, CEO da espanhola Tecnalia, assumiu a presidência da Associação.