Sabia que 70% dos gases de efeito estufa são emitidos pelos centros urbanos? A cidade do Porto não é exceção e, por isso, foi o palco escolhido para debater a “Descarbonização das Cidades”, durante a VII Energy and Climate Summit. Dezenas de especialistas juntaram-se para partilhar a sua experiência na resposta aos desafios atuais da descarbonização e o INESC TEC não faltou à chamada: João Peças Lopes e António Baptista, investigadores do INESC TEC participaram como oradores em dois dos três painéis, partilhando o seu conhecimento acerca de transição energética e economia verde.
Ao longo de um dia, na Alfândega do Porto, foram ouvidas diferentes propostas e perspetivas em três painéis de debate: “Transição Energética das Cidades”, “Planeamento Urbano e Mobilidade” e “Uma economia mais verde nas Cidades”. No atual contexto de emergência climática, todos os intervenientes concordaram que a descarbonização das cidades é essencial para assegurar a descarbonização da economia e sociedade como um todo. E, segundo António Baptista, Portugal tem sido um exemplo no espaço europeu quando falamos de acelerar a resposta às alterações climáticas. “Temos investido em roteiros mais exigentes e com ritmos mais elevados para a descarbonização. Claro que os desafios na Agenda 2030 das Nações Unidas e no Pacto Ecológico Europeu são muito ambiciosos, mas Portugal tem os meios, na academia, nos institutos de investigação e metas governamentais, para que, em conjunto, possamos rumar a um desenvolvimento económico e ambiental mais sustentável”.
João Peças Lopes, diretor associado do INESC TEC, lembrou, na sua intervenção, a propósito da transição energética, que “a descarbonização das cidades se faz, em grande parte, através da eletrificação, usando energia de base renovável”. Uma das formas de garantir essa produção de eletricidade é, por exemplo, integrando painéis solares nos edifícios não só por parte dos privados, mas dos próprios municípios, organismos públicos, entre outros. No entanto, há ainda terreno a desbravar quando se fala da adesão do cidadão. “Apesar de os incentivos serem já muito interessantes, não são suficientes, sobretudo porque existe ainda muita iliteracia energética. Além do mais, não basta só instalar soluções para a produção de energia elétrica de base renovável; é preciso uma infraestrutura para distribuir essa energia e a fazê-la chegar aos novos consumidores, nomeadamente aos utilizadores de veículos elétricos”. Um desafio que se coloca, sobretudo, aos operadores da rede e cujo sucesso passa também pela digitação da economia.
No painel “Uma economia mais verde nas Cidades”, António Baptista falou sobre o envolvimento do INESC TEC no projeto RENEE HEU, que quer usar a robótica avançada e a inteligência artificial para tornar a indústria europeia mais sustentável através da remanufactura. “Neste momento, a emergência climática obriga a grandes mudanças e a um sentido de urgência na adoção de novas estratégias também na indústria. Assim, a remanufactura vai funcionar como mais um travão à economia linear, inserida num conjunto de estratégias – “As Estratégias R” – que pretendem aumentar a circularidade e dar suporte à implementação de modelos de negócio circulares. Uma das ideias consiste em preparar – com as capacidades tecnológicas e de produção que possuímos – os produtos, para que o seu tempo de vida possa ser substancialmente maior, com várias fases de uso antes do fim-de-vida”. Redesenhar produtos para aumentar o seu ciclo de vida e repensar modelos de negócio: esta é uma das chaves para uma economia mais circular e sustentável em termos ambientais.
Organizadas pelo Fórum da Energia e Clima, as Energy and Climate Summit são conferências internacionais que procuraram trazer aos países de língua portuguesa o conhecimento da ciência e os melhores exemplos e práticas sustentáveis. A próxima acontece em setembro, no Rio de Janeiro.