Um ambiente de trabalho saudável é crucial não só para o bem-estar da comunidade, mas também para o sucesso e a produtividade de uma organização. As instituições, cada vez mais, reconhecem que um ambiente de trabalho bem concebido aumenta a satisfação das pessoas, reduz o stress e diminui o absentismo. Por outro lado, as organizações que dão prioridade a estes aspetos registam um melhor desempenho global e custos mais baixos relacionados com a rotatividade dos recursos humanos e os cuidados de saúde. No INESC TEC o assunto também está na ordem do dia, mas antes disso, vamos aos números que comprovam a necessidade premente de abordar o tema.
Esta temática não é novidade para a Europa. Segundo a Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), entre 1998 e 2019, os acidentes de trabalho não mortais diminuíram 58% na União Europeia, enquanto os acidentes mortais diminuíram 57%. Estes números reforçam a importância das medidas de prevenção e a promoção de ambientes de trabalho saudáveis. O Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER) da EU-OSHA revela que a gestão dos riscos no local de trabalho, incluindo o stress relacionado com o trabalho, é essencial para a saúde e segurança dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Já em Portugal, o Boletim Estatístico de Segurança e Saúde no Trabalho (edição de 2024, com os dados sobre identificação, avaliação e controlo dos fatores de risco no trabalho referentes ao ano de 2022) da União Geral de Trabalhadores (UGT) destaca a importância da identificação, avaliação e controlo dos fatores de risco no trabalho. À semelhança do verificado em anos anteriores, a maioria das Entidades Empregadoras e de Unidades Locais (UL) (62,7%) organizou ambos os serviços de Segurança e de Saúde no Trabalho. Quanto às atividades que os serviços organizaram, mantem-se elevada a percentagem de UL que realizaram programas de prevenção de riscos profissionais, promoção da saúde e vigilância da saúde (83,2%, 70,0% e 83,0%, respetivamente). Contudo, numa nota menos positiva, o total de acidentes de trabalho aumentou significativamente de 2021 para 2022, com especial relevo no caso dos acidentes com consequência mortal, ocorridos com trabalhadores e trabalhadoras sem vínculo à UL respondente.
Como é que isto se aplica ao INESC TEC?
Com o objetivo de trabalhar as questões relacionadas com ambientes de trabalho saudáveis, em janeiro de 2025, a Comissão para a Diversidade e Inclusão (CD&I) do INESC TEC apresentou a iniciativa “Promoção de Ambientes de Trabalho Saudáveis – Barómetro INESC TEC”. A sessão foi dinamizada pela Professora Tânia Gaspar, investigadora no Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (LABPATS) e líder do projeto “Ecossistemas dos Ambientes de Trabalho Saudáveis” (EATS). Este projeto propõe avaliar as condições de saúde e os estilos de vida dos/as profissionais, bem como, de que forma as organizações constituem (ou não) ecossistemas promotores de saúde e bem-estar, tendo em vista a redução dos riscos psicossociais, o aumento do bem-estar e, consequentemente, dos resultados do trabalho. Instituições como a Organização Mundial de Saúde ou a Organização Internacional do Trabalho têm dedicado especial atenção a esta temática.
No seguimento da apresentação do projeto, em 2024, pela Professora Tânia Gaspar ao INESC TEC, decidiu-se avançar com a realização do inquérito EATS na instituição para se auscultar, numa primeira fase, a comunidade. Este processo está em curso. Consoante os resultados obtidos, em conjunto com o LABPATS, o INESC TEC poderá delinear pontos de ação para melhorar o seu ambiente de trabalho e, consequentemente, o bem-estar da sua comunidade. Os resultados obtidos poderão, certamente, resultar num próximo artigo de opinião.
Comissão para a Diversidade e a Inclusão (CD&I)