Trabalhar no Japão … em casa!

Por Cláudia Correia e Ricardo Macedo, Investigadores do HASLab

2020 tem vindo a ser um ano atípico em todos os sentidos e estamos todos ansiosamente à espera de um “mudar de página”. Contudo, a vida continua. Nesta nova atualidade, o trabalho remoto tornou-se uma realidade, bem como as dezenas de skypes e zooms por semana, o barulho ensurdecedor das obras do vizinho do lado e as chamadas constantes de atenção dos nossos companheiros de 4 patas.

E no que diz respeito aos estágios? Bem, embora as viagens tenham sido colocadas em pausa, os estágios remotos passaram também a ser adotados e é aqui que entra a nossa experiência.

No início deste ano, começamos a colaborar com o Dr. Jason Haga e Dr. Yusuke Tanimura, que integram a equipa do National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (AIST), em Tsukuba, no Japão. Esta colaboração decorreu no âmbito dos projetos BigHPC e PAStor, ambos desenvolvidos pelo INESC TEC. Após varias reuniões, e ainda no início do ano, convidaram-nos a fazer um estágio no AIST, que seria realizado durante o verão. Contudo, a pandemia começou a evoluir e o mundo ficou em estado de emergência e em ‘lockdown’.

Uma vez que a colaboração já estava a decorrer, foi-nos sugerido avançar com o estágio, mas remotamente.

E assim foi … Durante 2 meses, estivemos a trabalhar em sistemas de armazenamento para melhorar o desempenho de infraestruturas de High-Performance Computing (HPC). Durante este tempo, tivemos a oportunidade de colaborar com investigadores de topo e de trabalhar com o supercomputador “AI Bridging Cloud Infrastructure” (ABCI).

De forma a tirar o máximo proveito desta experiência, realizamos também pequenos trabalhos culturais, tentando desta forma perceber um pouco melhor sobre a cultura japonesa. Entre estes, destacam-se a história entre Portugal e o Japão, bem como a influência portuguesa na gastronomia, cultura, e linguística; a obsessão japonesa por robôs; e ainda, a cultura extrema de trabalho.

Embora estes trabalhos tenham sido uma excelente forma de aprender mais sobre a cultura japonesa, não substituem a oportunidade extraordinária que é experienciar em primeira mão os costumes e tradições do Japão. Tendo isto em conta, apesar de não ter sido possível realizar este estágio em Tsukuba, o convite para uma visita futura ao AIST mantém-se de pé.

Cláudia Correia, Aluna de Mestrado

“Este estágio provou que, de facto, o fator “distância” não é um impedimento para conhecermos novas culturas, ou até mesmo novas formas de trabalhar. Apesar de não ter sido possível experienciar presencialmente, os trabalhos culturais que foram sendo desenvolvidos ao longo das semanas permitiram, de certa forma, manter contacto com o Japão. As reuniões semanais que tivemos ao longo do estágio foram uma forma de discutir muito mais do que conhecimento profissional, chegando mesmo a proporcionar a partilha de histórias e experiências pessoais. Ter a oportunidade de comunicar com excelentes investigadores, como o Dr. Jason Haga e o Dr. Yusuke Tanimura, foi muito gratificante e, sem dúvida, uma mais valia. De uma forma geral, a experiência foi extremamente recompensadora e, tendo em conta a situação que estamos a viver atualmente, foi uma forma de visitarmos um país diferente, sem pormos a saúde em risco!”

Ricardo Macedo, Aluno de Doutoramento

“Foi uma boa experiência. Dada a situação em que nos encontramos, creio que conseguimos, dentro dos possíveis, tirar o máximo de proveito deste estágio. Do ponto de vista do trabalho, foi uma excelente oportunidade. Tive o prazer de trabalhar com uma excelente equipa de investigação, bem como ter acesso privilegiado a hardware de topo e altamente especializado.

Embora já tenha tido a curiosidade de visitar o Japão antes deste estágio, fiquei definitivamente intrigado e ansioso em lá ir, assim que as condições se reunirem.”

Estes estágios virtuais decorreram no âmbito do MoU entre o INESC TEC e a AIST, assinado em 2019.