Chama-se IATOS e pretende tornar o treino físico remoto mais seguro, eficaz e acessível para a população idosa. O projeto, liderado por um consórcio que inclui o INESC TEC, a AGIT TECH e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, tem como objetivo criar uma plataforma digital de treino físico assistido por inteligência artificial, especificamente desenhada para pessoas com mais de 65 anos.
Plataformas digitais de treino não são uma novidade. Mas um acompanhamento personalizado para a população sénior disponível através de um smartphone pode bem ser o futuro. Falamos de monitorização em tempo real de exercícios, correção automática de posturas, feedback personalizado e suporte a sessões síncronas e assíncronas. Este é um novo passo no treino assistido por inteligência artificial (IA), e Vitor Filipe, investigador do INESC TEC, explica porquê: “Nesta área já existem sistemas comercialmente disponíveis que usam câmaras 3D ou dispositivos próprios e que não foram especificamente desenhados para a população sénior. A inovação do IATOS assenta na utilização de câmaras 2D de smartphones comuns, em detrimento de equipamentos especializados e mais dispendiosos, na aplicação de técnicas avançadas de aprendizagem por reforço e na adaptação da experiência digital às necessidades específicas da população sénior”.
Entre os resultados esperados destacam-se o desenvolvimento de algoritmos de IA para análise de movimento corporal, com ênfase em posturas complexas, a criação de interfaces adaptadas a seniores e treinadores e a construção de um protótipo funcional validado cientificamente. “O INESC TEC terá um papel central no projeto, ao desenvolver algoritmos de visão computacional, gerar dados sintéticos para treino dos modelos de IA, codesenhar interfaces e integrar os diferentes componentes do sistema”, acrescenta Vitor Filipe.
Para além da população sénior, também os treinadores pessoais e instituições como lares, ginásios e hospitais irão beneficiar do sistema. Entre os beneficiários indiretos contam-se seguradoras, familiares e o próprio sistema de saúde, que poderá reduzir custos associados à falta de atividade física nesta faixa etária.
“A multidisciplinaridade e acessibilidade tecnológica do IATOS permitirá consolidar a nossa experiência em IA, visão computacional e interação homem-máquina, sempre com foco na população sénior”, sublinha Vitor Filipe.
Com um investimento elegível do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Norte 2030 de mais de um milhão de euros, o projeto promete reforçar a abordagem integrada à saúde e bem-estar da população idosa.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo à UTAD e ao INESC TEC.