O objetivo? Avançar com a construção de um modelo fundacional europeu de Inteligência Artificial (IA) para as redes elétricas, um projeto estratégico para o futuro energético da União Europeia (EU). O meio? O “Workshop on the European AI Foundation Model for Energy Grids”, organizado pela Comissão Europeia, Fraunhofer FIT, INESC TEC e NTUA – em particular pela DG ENER -, no dia 8 de dezembro, em Bruxelas. Os atores? Desde logo, o INESC TEC, que teve um papel ativo e destaque no evento, com o investigador Ricardo Bessa a representar o Instituto, mas também operadores das redes de distribuição e de transporte de energia (DSOs e TSOs), outras instituições de investigação, AI Factories europeias, associações do setor e representantes da Comissão Europeia.
O workshop e o contexto europeu
O evento realizado em Bruxelas pertence a uma série de workshops promovidos no âmbito da iniciativa Testing and Experimentation Facilities (TEF) – onde, aliás, o INESC TEC participa em, pelo menos, quatro, duas delas na área da energia e IA -, e também do Strategic Roadmap for digitalisation and AI in the energy sector. O objetivo deste workshop for discutir o potencial dos modelos fundacionais aplicados às redes elétricas, os desafios regulatórios, de acesso a dados e de capacidade computacionais e as necessidades de interoperabilidade e partilhar segura de informação entre operadores e instituições que trabalham em IA.
Foram estas discussões que fizeram com que INESC TEC, RWTH Aachen e NTUA que juntassem para apresentar um plano estruturado, a que deram o nome Plan4EUAI e onde propuseram um roadmap concreto para criação de um modelo fundacional europeu capaz de apoiar aplicações como previsão, otimização e digital twins das redes elétricas.
O Plan4EUAI, do qual o investigador Ricardo Bessa é coautor, estrutura um conjunto de oito atividades que, de acordo com os autores, são necessárias para a criação de um futuro modelo fundacional europeu para redes elétricas. As oito atividades são: definição de casos de uso prioritários, identificação de algoritmos e datasets, geração massiva de dados sintéticos, primeiros ciclos de treino, criação de infraestruturas de partilha, validação do modelo, segundo ciclo de treino com dados reais e avaliação, em contexto real, com operadores europeus.
“A implementação deste plano permitirá à Europa acelerar o desenvolvimento de IA com elevada economia de escala para um setor específico e estratégico para a competitividade do continente. Beneficia de investimentos nas infraestruturas de teste e computação a nível europeu e permite também mobilizar o setor para o desenvolvimento de novo tecnologia”, disse Ricardo Bessa.
Este plano foi a base das discussões do workshop e do alinhamento entre operadores, investigadores e entidades europeias sobre próximos passos e compromissos necessários.
O papel do INESC TEC no workshop
Depois de uma aberta feita pela própria Comissão Europeia no workshop, foi a vez de ser apresentado e discutido o Plan4EUAI, numa sessão que tinha como objetivo partilhar um baseline técnico e institucional sobre o roadmap antes de os participantes avançarem para os grupos de trabalho. Foram oradores nesta sessão inicial, para além de Ricardo Bessa do INESC TEC, representantes da Fraunhofer FIT, RWTH Aachen, NTUA, JRC, ENTSO-E e EU-DSO.
Depois disso, numa intervenção denominada “technical opportunities & challenges in data sharing”, Ricardo Bessa abordou uma série de questões, nomeadamente as oportunidades emergentes para acelerar inovação através de modelos fundacionais treinados com dados provenientes de múltiplos operadores de rede ou os desafios técnicos que a partilha de dados coloca, e que incluem requisitos de anonimização, representatividade, qualidade e consistência temporal. Falou ainda sobre a importância da definição de modelos de partilha seguros, que sejam compatíveis com normas europeias e com a necessidade de proteger informação sensível das infraestruturas elétricas e da urgência em criar mecanismos de confiança e de governance que tornem possível a troca de dados entre operadores, AI Factories e instituições de investigação, como o INESC TEC.
Para além de keynote speaker na sessão de abertura, Ricardo Bessa foi também moderador de duas sessões workshop, denominadas “Defining the “Quick-Win” Use Cases” e “Short Term Vision forthe Framework for AI Foundation Models”, juntamente com Antonello Monti e Elissaios Sarmas.
Foram várias as questões a que se tentou dar resposta nesta sessão, desde: que modelo de governance irá permitir uma partilha segura de dados entre operadores e IA developers? Que barreiras leigais precisam de ser ultrapassadas? Que tipo de estrutura organizacional poderá acolherem uma futura infraestrutura europeia de partilha de dados e de modelos? Como se garante a interoperabilidade e a confiança num ecossistema europeu tão diverso?
O workshop encerrou com conclusões da Comissão Europeia e com o compromisso de avançar para os próximos passos práticos, incluindo a mobilização de operadores interessados, definição de casos de uso e criação de uma estrutura europeia organizada para o desenvolvimento conjunto do modelo fundacional.
O papel do INESC TEC no contexto europeu
A participação do investigador Ricardo Bessa na elaboração do documento Plan4EUAI e no papel de destaque que teve no workshop promovido pela Comissão Europeia, reforça a posição e papel do INESC TEC como parceiro central na criação de soluções europeias de IA para o domínio da energia. Destaca ainda o domínio científico do Instituto – e dos seus investigadores – em áreas como partilha de dados, previsão e modelação avançada, para além de, naturalmente, posicionar o INESC TEC como um ator chave na definição do futuro ecossistema europeu de IA aplicada ao sistema elétrico.
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