Fabian Heymann, Especialista em Inovação Digital

Fabian Heymann, Especialista em Inovação Digital (Departamento Federal de Energia da Suíça)

  • Anos em que entrou e saiu do INESC TEC: 2014 – 2019
  • Centro do INESC TEC com que colaborou: Centro de Sistemas de Energia (CPES)

O que é que tem feito profissionalmente desde que saiu do INESC TEC?

Após deixar o meu cargo como assistente de investigação no INESC TEC, em 2019, trabalhei na Rede Europeia de Operadores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E), mais precisamente como Assessor da equipa de Desenvolvimento de Sistemas.

Passado um ano, recebi uma oferta muito interessante do Departamento Federal de Energia da Suíça (SFOE), onde atualmente ocupo o cargo de Especialista em Inovação Digital para o setor da Energia.

Recentemente, foi distinguido com o EEX Award 2020. Fale-nos sobre isso!

É um prémio europeu concedido pela EEX, um operador de mercados de energia, que todos os anos distingue “as principais atividades de investigação que contribuem para solucionar os atuais desafios no setor energético, tendo em conta aspetos políticos, legais, técnicos ou económicos”.

O artigo científico premiado foi um dos resultados de um projeto em que estive envolvido, durante a minha passagem pela ENTSO-E, juntamente com a Inès Harang, uma aluna que orientei, e Laurens Stoop, um investigador envolvido num projeto sobre modelos meteorológicos aplicados a sistemas de energia. Na altura, questionámo-nos sobre como expandir os estudos (amplamente reconhecidos e valorizados) da ENTSO-E sobre a segurança no fornecimento de energia nos sistemas elétricos europeus, de forma a englobar os efeitos das alterações climáticas. Assim, desenvolvemos um estudo de caso, que acabou por apresentar resultados promissores; nesse sentido, decidimos partilhar as nossas ideias com a comunidade científica, através deste artigo.

Mais especificamente, o trabalho premiado incide sobre o desenvolvimento de um modelo baseado num estudo da ENTSO-E, denominado “Mid-term adequacy forecast” – que, até hoje, não explorava os efeitos das alterações climáticas no equilíbrio entre oferta-procura em redes elétricas. A título de exemplo, os sistemas elétricos são bastante sensíveis a mudanças de temperatura. Tendo em conta as alterações climáticas, espera-se que haja um aumento de fenómenos extremos ao longo das próximas décadas, como grandes períodos de seca, ondas de calor ou de frio.

No trabalho desenvolvido, demonstrámos como modelar essas mudanças, recorrendo a dados já existentes de previsão de alterações climáticas, e projetá-las de acordo com o estudo acima referido, desenvolvido pela ENTSO-E. Por projeção, entenda-se utilizar dados que nos mostrem possíveis cenários climáticos na Europa, ao longo de várias décadas, aplicando-os posteriormente a modelos de simulação da ENTSO-E. Pode parecer simples, mas, para ser franco, e metodologicamente falando, foi um grande avanço.

Eventualmente, o nosso trabalho levou à reativação de um grupo de especialistas europeus na ENTSO-E, que recorre a esta solução como base para explorar e incluir os efeitos das alterações climáticas nos estudos sobre a eletricidade a nível europeu.

Assim sendo, muitos parabéns!

Muito obrigado! De certa forma, diria que se trata do resultado de um esforço coletivo, ao invés de ser um reconhecimento individual, para a Inès, o Laurens ou eu próprio.

Pelo facto de a minha formação ser bastante multidisciplinar, e de ter tido um breve contacto com iniciativas de engenharia energética, reconheço que a minha experiência no INESC TEC, no âmbito do projeto que desenvolvi, foi bastante benéfica. Aqui, aprendi a trabalhar em equipa, com colegas especializados em diferentes áreas. Aprendi, também, a mudar os meus pontos de vista, e a abordar os sistemas de energia através de diferentes ângulos, o que me permitiu desenvolver as bases interdisciplinares que, mais tarde, viria a utilizar para integrar diferentes assuntos no artigo (climatologia, ciência de dados, sistemas de energia, etc.).

Quando pensa no INESC TEC, o que lhe vem à memória?

Muitas recordações, que espero nunca vir a esquecer. Em primeiro lugar, creio que esta distinção teria sido impossível sem a excelente formação e o apoio que recebi no INESC TEC, graças a académicos de renome como o Prof. Vladimiro Miranda, o Prof. Manuel Matos, o Prof. João Peças Lopes, o Prof. José Saraiva, o Prof. Nuno Fidalgo, e o Prof. Carlos Moreira – só para referir alguns, todos eles ilustres estudiosos na Europa, e não só.

Além disso, gostaria de agradecer a todos os ex-colegas do INESC TEC, investigadores, alunos e colaboradores – em especial, ao Dr. Filipe Joel Soares e ao Dr. Ricardo Bessa, por me terem transmitido um pouco da sua ambição, da sua curiosidade e da sua paixão pela ciência.

Por fim, e para além da produção de conhecimento e da excelência em ciência, acredito que o INESC TEC é um ótimo local para crescer a nível social e cultural, com um ambiente internacional e uma cultura de acolhimento impactante.

De um modo geral, estou extremamente grato pela oportunidade de aprender e de trabalhar com todas as pessoas que referi, bem como pela forma como os anos passados no Porto contribuíram, de forma positiva, para o meu trajeto.

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