Realizou-se, no passado dia 17, a 10.ª edição do Fórum de Outono, que este ano coincidiu com o 40.º aniversário do INESC no Porto. Portanto, dois números redondos convidavam a uma realização especial, e foi isso que aconteceu: pelo local onde se realizou – a Casa da Música – pela ambição do tema, em que nos propusemos olhar para a IA numa perspetiva do ser humano (ou do ser humano, numa época da IA e daí o título “Being Human in the Age of AI”), por termos duas convidadas de grande prestígio internacional, como conferencistas principais – Marzieh Fadaee e Guitta Kutyniok – e, finalmente, por um painel de discussão com reconhecidos especialistas portugueses em IA – Arlindo Oliveira, Mário Figueiredo e José Príncipe – e ainda dois cientistas altamente prestigiados das áreas sociais: Sofia Miguens, filósofa, e Mário Boto Ferreira, psicólogo.
As expectativas eram grandes e, daí que tivéssemos conseguido atrair um público de mais de 500 pessoas, oriundas de muitos locais e áreas científicas, que, estou certo, não viram essas expectativas defraudadas.
Marzieh Fadaee, CEO da Cohere Labs, sob o título “Building human-centric models from global voices”, falou-nos da necessidade de incluir, no desenvolvimento de novos modelos, pessoas de todo o mundo em termos linguísticos, culturais e sociais, para evitar o enviesamento dos dados de treino dos sistemas de IA. Este á um aspeto que dá centralidade à presença do ser humano.
Gitta Kutyniok, professora da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, dissertou sobre “The Next Generation of AI: Sustainable, Reliable, and Trustworthy” e, nesse sentido, enfatizou a necessidade de uma base matemática sólida, não deixando de manifestar, também, as suas preocupações pelo consumo energético que os sistemas de IA provocam, sugerindo ainda que se investiguem paradigmas alternativos de computação.
O painel abordou, por sua vez, a IA numa perspetiva da sua prevalência no mundo atual, criando enormes oportunidades, mas, simultaneamente, levantando dificuldades e preocupações, quer enquanto cidadãos, quer enquanto académicos e investigadores. Ficou também patente a relevância de um diálogo interdisciplinar, já que, neste domínio, talvez mais do que em qualquer outro, tecnologia, filosofia e psicologia beneficiam de uma estreita interação.
O diálogo foi moderado por Rodrigo Pratas, jornalista da SIC, que conduziu o debate de forma profissional e dinâmica, ajudando à sua fluidez.
E, antes do encerramento, o Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, interveio, realçando a necessidade do incremento do financiamento da ciência, investigação e educação, tendo aproveitado para apresentar e justificar as transformações que tem vindo a operar no âmbito do seu Ministério.
Pois bem, depois de 10 realizações do Fórum INESC TEC do Outono, pensamos ser altura de fazer um balanço global: com a exceção do primeiro – que se realizou no 30º aniversário do INESC no Porto e foi amplo nos temas abordados -, todos os outros focaram-se numa ou noutra área em que temos uma presença ativa mas em que procurámos essencialmente chamar a sociedade a pensar e discutir temas importantes, quer do ponto de vista técnico e científico, quer do ponto de vista do seu impacto social e económico. Falámos das Fábricas do Futuro, da Engenharia Oceânica, da Relação das Empresas com o Digital, da Revolução Digital no Agroalimentar e na Floresta, da IA na Saúde, da Aceleração da Descarbonização na Economia e, finalmente, no ano passado, das Infraestruturas Críticas sua Segurança e Resiliência.
Foram, portanto, até este ano, 9 encontros que nunca deixaram de atrair um público diverso e interessado. Porém, de vários pontos de vista, consideramos que o Fórum deste ano, teve um impacto particular, cumprindo parte da missão que nos cabe, como Laboratório Associado, consolidando a nossa presença institucional perante a sociedade
Mas este Fórum, de maior escala e mais complexo, só foi possível pela valiosa contribuição da equipa responsável pelas comemorações do 40º aniversário, pelo apoio sem falhas do Conselho de Administração do INESC TEC e, em particular, do seu presidente e, finalmente, pelo trabalho de toda a “máquina” do INESC TEC que, com um profissionalismo e disponibilidade inexcedíveis, faz com que tudo aconteça a horas e sem falhas.
Pedro Guedes de Oliveira, membro executivo do Conselho de Diretores

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