Os estudantes no INESC TEC – tempos de desafios e oportunidades

Os estudantes desempenham um papel fundamental na atividade do INESC TEC. A nossa elevada capacidade de acolher dissertações de mestrado tem permitido aos orientadores, sejam docentes ou nossos contratados, explorar novas ideias, testar abordagens inovadoras, contribuindo de forma muito positiva para a nossa investigação e desenvolvimento. Muitos destes trabalhos originam publicações científicas e de forma sistemática temos assistido à distinção de dissertações aqui realizadas – prémios atribuídos por empresas ou associações empresariais, bem como reconhecimento de melhores artigos em conferências científicas. Tal é possível graças à integração destes estudantes nas nossas equipas de investigação, o que lhes permite aceder a recursos indispensáveis à realização dos seus trabalhos, mas também lhes proporciona um ambiente de trabalho que lhes permite adquirir competências fundamentais para o seu sucesso profissional. 

São também estes estudantes de mestrado a nossa grande base de recrutamento para os doutoramentos que acolhemos. Os doutoramentos são, sem qualquer dúvida, o motor da nossa produção científica. Os estudantes de doutoramento são o fator multiplicativo da atividade dos nossos investigadores que os orientam. Também estes têm acesso à nossa capacidade instalada – recursos laboratoriais, equipas de investigação experientes e dinâmicas, serviços de suporte – permitindo-lhes realizar trabalhos de elevada qualidade. Quer sejam financiados por projetos a decorrer no INESC TEC, quer sejam financiados por entidades externas (FCT principalmente), a esmagadora maioria destes estudantes desenvolvem temas fortemente ligados aos nossos projetos, o que lhes permite também complementar a sua formação.  

Este fluxo de estudantes tem sido assegurado pelo grande esforço de recrutamento que os nossos investigadores têm realizado, quer de forma mais individual quer de forma mais coletiva ao nível dos centros. Tem funcionado muito bem, é do interesse de todos, e todos beneficiamos, quer individualmente, quer como instituição.   

Mas os tempos são de permanente desafio. O fim das formações iniciais longas em engenharia nas universidades, substituídas por licenciaturas de três anos, seguidas de mestrado (como já se verificava no ensino politécnico). A instalação de multinacionais tecnológicas aqui bem perto, que constituem focos de grande atratividade para os estudantes das nossas áreas. O crescente fomento à realização de doutoramentos em ambiente não exclusivamente académico. A redução de estudantes no ensino superior, que começará a ser visível até ao final da década. A crescente ida de jovens graduados para outras paragens, por vezes apenas remotamente.  

Todas estas, e certamente outras, são realidades que se nada fizermos muito afetarão a nossa capacidade de recrutamento. Mas a nossa capacidade de antecipação e de adaptação a novas realidades far-nos-á encarar estes desafios como oportunidades.  

Teremos de fomentar o gosto pela ciência, pela investigação e pela tecnologia nas camadas mais jovens. Teremos de captar estudantes mais precocemente, envolvendo-os desde cedo em atividades de investigação. Teremos de ser capazes de estabelecer ainda mais parcerias com grandes empresas tecnológicas. Teremos de vencer preconceitos e, sem condescender na qualidade e independência, encontrar formas proveitosas de orientar doutoramentos em novas realidades, podendo alargar a base de recrutamento. Teremos de alargar a nossa base de recrutamento. Teremos de ser criativos nas propostas de valor que poderemos oferecer.   

Em todos casos, há já exemplos do que podemos fazer. Temos investigadores que desenvolvem já atividades com estudantes do ensino secundário. Muito recente, alguns dos nossos centros conseguiram já acolher um elevado número de estágios de licenciatura. Temos já bons exemplos de cooperação com grandes empresas tecnológicas. Já tivemos iniciativas de doutoramentos em empresas. Recrutamos doutorandos a nível internacional. Temos em curso um piloto de semana de quatro dias.  

Em suma, o que teremos de fazer está já a ser feito! Só temos de partilhar mais estas experiências e alargar o seu âmbito. Tornaremos assim os desafios em oportunidades e preparar-nos-emos melhor para os desafios seguintes. 

Aníbal Matos (Administrador)

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