Uma mão cheia de nada

Convidaram-me a escrever este editorial às portas da silly season, que nunca me pareceu tão longínqua – e tão pouco silly – como este ano.

No último ano e meio vivemos tempos únicos, mas fomos capazes, enquanto instituição, de resistir e até de nos superar. Não é raro este contraciclo na nossa atividade, mas a incerteza e o cansaço deixarão, certamente, marcas que pelo menos perdurarão na nossa memória.

Mas o futuro é de esperança:

Os quatro programas comunitários para esta década – o PRR, o PT2030, o Horizon Europe e o INvestEU 21-27 – marcados pelas agendas digitais e de sustentabilidade, apontam perspetivas de recuperação, económica e social, muito promissoras, perante os avultados recursos disponibilizados.

O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que o Plano de Recuperação e Resiliência é uma oportunidade única “para fazer o que ainda não foi feito”. Sob o mote “Recuperar Portugal, Construindo o futuro”, serão 13,944 milhões de euros de subvenções, dos quais uma parte muito significativa dedicada à transição energética, à digitalização e à formação, encerrando os primeiros concursos já em setembro.

Os principais desafios serão investir todo o dinheiro de uma forma produtiva e que contribua efetivamente para a competitividade do país e, simultaneamente, encontrar os recursos, as pessoas, para implementar todas as iniciativas e projetos.

Desde a sua constituição a dimensão do INESC TEC cresceu mais de 3,5 vezes, tendo mais do que duplicado, nos últimos 10 anos, o seu nível de atividade e de pessoas, por conseguinte, estamos expectantes que os próximos anos possam consolidar a instituição, sedimentando a sua grandeza e aumentando a sua internacionalização para nos tornarmos (ainda) mais globais e podermos, também, proporcionar  as melhores condições às pessoas que aqui trabalham.

A complexidade da gestão de uma instituição com esta dimensão e especificidades exige, cada vez mais, uma maior profissionalização da gestão de ciência com excelência a todos os níveis.

Os desafios são muitos, desde gerir os recursos humanos, a sua atratividade e retenção – especialmente numa época pós-pandemia – acautelando a responsabilidade social – que inclui também manter as pessoas motivadas e felizes nas suas funções – garantindo igualdade, inclusão e respeitando a diversidade, até à gestão das necessidades de financiamento, dos financiamentos disponíveis e do seu “mix”, mas também estão criadas as oportunidades para melhorar.

Tempos diferentes e exigentes, exigem estratégias diferentes, mais confiança e mais compromisso, mas maior flexibilidade. Porém também exigem audácia e arrojo e uma boa dose de coragem e capacidade de decisão para impulsionar as necessárias mudanças em tempo útil.

Cabe-nos a todos e a cada um de nós, fazer o nosso melhor para que todas estas promissoras oportunidades não acabem numa “mão cheia de nada”.

Boas férias!

Marta Barbas (Adjunta da Administração)

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