João Araújo (CTM) e Pedro Barbeiro (CPES)

João Araújo (CTM)

“A coordenação do CTM nomeia o investigador João Araújo, pela iniciativa, proatividade e capacidade de liderança demonstradas durante o processo de modernização do laboratório de comunicações, localizado no piso -1 do edifício sede do INESC TEC. Em particular, o João demonstrou capacidade para coordenar a elaboração do caderno de encargos, e demonstrou capacidade de articulação e conciliação envolvendo os diferentes atores referentes às diferentes especialidades envolvidas no projeto desta obra de carácter fortemente tecnológico”.

– Coordenação do CTM

Tendo em conta todo o contexto, que desafios encontrou no decorrer do seu trabalho?

Apesar de não ter afetado globalmente as minhas funções, o facto de ter estado a trabalhar a partir de casa dificultou um pouco algumas das tarefas, nomeadamente na fase de dimensionamento da instalação (considerando todas as nossas necessidades atuais e futuras), pois em alguns momentos era necessário estar no local para ter uma visão mais alargada e realista. Por outro lado, após o projeto ter sido proposto, analisado e aprovado, seguiu-se a fase de preparação do laboratório para o início dos trabalhos, que exigiu a presença nas instalações, visto ser absolutamente imprescindível. O principal desafio que encontrei ao longo da minha colaboração neste processo que ainda decorre foi mesmo a sua conciliação com as minhas funções de investigador e de estudante de doutoramento, em período letivo.

Como os superou?

Nos momentos em que estava em casa e necessitava de alguma informação específica do laboratório, contei com o apoio do meu colega Manuel Silva (SGI), que se encontrava sempre nas instalações, devido ao tipo de funções que desempenha. Tal como expectável num processo desta natureza muitos desafios foram aparecendo ao longo do mesmo, mas com a ajuda de toda a equipa do grupo de trabalho, que foi criado especificamente para a modernização do laboratório e que inclui, para além de mim, o Luís Pessoa e o Filipe Ribeiro (CTM), o Gil Coutinho (SRC) e o Jorge Couto (SGI), foi possível ultrapassá-los com sucesso, estando neste momento o projeto de modernização validado e aprovado por parte da Administração. No que respeita à conciliação de todas as minhas tarefas uma boa gestão do tempo foi essencial para conseguir desempenhá-las a todas com sucesso, mantendo o foco, o ritmo e o bem-estar físico, mental e social.

Do que mais gosta no seu trabalho?

Colaborar no INESC TEC, que é um dos maiores motores de investigação de ciência e tecnologia deste país, é por si só muito gratificante. O facto de ser parte ativa no processo de remodelação do laboratório de comunicações é para mim um motivo de orgulho. Estou totalmente convicto de que o novo laboratório irá contribuir manifestamente para a qualidade de trabalho dos seus investigadores, assim como para a qualidade das atividades de investigação desenvolvidas, contribuindo ainda mais para a excelência do Centro de Telecomunicações e Multimédia (CTM) e do INESC TEC enquanto instituição.

Como comenta esta nomeação?

Fico muito contente por ver o meu trabalho, dedicação e esforço serem reconhecidos. Agradeço à coordenação do CTM e ao Luís Pessoa pela confiança depositada em mim para a colaboração no processo de modernização do laboratório, que em muito me orgulha e desafia. Irei continuar, tal como até agora, a trabalhar para superar todos os objetivos que me forem aparecendo. Quero partilhar esta nomeação com o meu colega Henrique Rocha, pelo contributo incomparável que prestou, sobretudo na fase de preparação do laboratório para o início dos trabalhos.

Pedro Barbeiro (CPES)

“O Pedro Barbeiro teve um desempenho de excelência no mês de janeiro no âmbito do projeto ‘Avaliação da Conversão da Central Térmica do Pego para Compensador Síncrono’, desenvolvido para a Endesa, o que envolveu grande esforço, dedicação e rigor com impacto significativo para garantir a conclusão bem sucedida do projeto dentro dos prazos”.

– Coordenação do CPES

Tendo em conta todo o contexto, que desafios encontrou no decorrer do seu trabalho?

Este projeto surgiu do interesse da Endesa em identificar e avaliar os benefícios técnicos para o sistema elétrico ibérico, designadamente para o português, resultantes da eventual conversão da central termoelétrica do Pego, e de outros ativos da mesma natureza existentes em Espanha, para compensadores síncronos.

A desclassificação das centrais a carvão e nucleares, que ocorrerá na península ibérica e na europa central até 2030/35, trarão uma série de novos desafios à operação do sistema elétrico ibérico. O sistema passará a ser caraterizado por uma menor componente de geração síncrona, em virtude da sua substituição por fontes de energia renováveis ligadas à rede através de conversores eletrónicos. Com isto ocorrerá uma diminuição da inercia síncrona presente no sistema, o que pode trazer vários constrangimentos do ponto de vista da segurança dinâmica. Torna-se assim fundamental avaliar a segurança do sistema elétrico Ibérico futuro ao nível da estabilidade transitória/de frequência. No caso particular das centrais a carvão, pode existir interesse na sua adaptação para exploração em modo de compensador síncrono, sendo que desta forma podem contribuir para a melhoria da estabilidade do sistema. Por outro lado, evita-se o seu completo encerramento, e com isso a perda de muitos postos de trabalho, tal como poderá vir a acontecer no caso da central do Pego.

O projeto apresentou assim diversos desafios. Em virtude da sua dimensão e complexidade, o maior desafio foi, sem dúvida, a correta modelização de todo o sistema elétrico (e a subsequente a afinação/validação de todos os parâmetros dinâmicos). Em vários aspetos, a modelização necessitou de ser efetuada praticamente “de raiz”, em parte devido a lacunas nos dados fornecidos, mas também devido ao modelo do sistema de Portugal e de Espanha terem sido fornecidos separadamente (o que requereu um processo complexo de “integração” dos dois sistemas). Adicionalmente, a inexistência de dados para o horizonte temporal de 2035, necessitou também de alguma “criatividade” na projeção do sistema elétrico para essa data. Estes aspetos dificultaram ainda mais o estudo, tornando-o mais moroso relativamente ao inicialmente previsto. Para se ter uma ideia, o modelo utilizado compreendeu rede de transmissão Ibérica completa, parte do sistema francês e do sistema marroquino, e ainda um modelo equivalente bem representativo da restante Europa central. Desta forma, existiu uma enorme quantidade de componentes modelizados, entre os quais milhares de nós, linhas e transformadores, e várias centenas de cargas e unidades de geração das mais variadas tecnologias, e também outros componentes de menor relevância. Se a tudo isto juntarmos o curto período temporal em que o projeto decorreu (face à sua grande dimensão relativamente aos recursos humanos disponíveis), a simultaneidade com outros projetos a decorrer em paralelo e a coincidência temporal com a pandemia de COVID-19/teletrabalho, temos um “cocktail” explosivo para um “excelente” desafio.

Como os superou?

Essencialmente, com muita dedicação e à custa de muitas horas de trabalho. Destaco os contributos do Professor Carlos Moreira e do Professor João Peças Lopes (coordenador do projeto), ambos com várias sugestões preponderantes para o desenrolar dos trabalhos, nomeadamente nas alturas mais cítricas. Não menos importante, foi a contribuição do Ricardo Ferreira e do Micael Simões (CPES), o primeiro, na fase inicial do projeto, com tarefas relacionadas com questões modelização da rede em regime permanente, e o segundo, na fase final, na elaboração do relatório. Todas estas pessoas tiveram um contributo decisivo para o sucesso do projeto.

Do que mais gosta no seu trabalho? Para si, qual é o fator diferenciador do projeto?

De uma forma geral, aprecio muito o facto de poder estar sempre na vanguarda relativamente à transferência de conhecimento e tecnologia, o que me possibilita o envolvimento em projetos que podem ter um papel fulcral na resolução de diferentes problemas da sociedade (presentes e futuros), em especial os relacionados ao setor elétrico. Prezo também a diversidade dos projetos em que participo, uma vez que tal multiplicidade permite tornar as coisas menos rotineiras e mais desafiantes. Está claro que este aspeto tem um senão, o de por vezes termos que fazer coisas que menos gostamos/dominamos, sendo que é algo que encaro sempre como um desafio profissional positivo e enriquecedor. Por exemplo, neste projeto em concreto, trabalhei numa área científica em que me sinto confortável, sendo que gostei do desafio associado à complexidade de modelização que já fui referindo, mas também gostei da necessidade de automatização de vários processos que foi parte vital no projeto, em particular naqueles associados à simulação dinâmica. A possibilidade de aprender com as mais variadas pessoas, na sua grande maioria com grande conhecimento científico, é outra das coisas que valorizo.

Neste projeto, o principal fator diferenciador, tendo desde logo em mente a importância que este estudo técnico poderá vir a ter na decisão de encerramento ou não da central do Pego, está relacionado com alguns do que referi na primeira questão. Nomeadamente, o carácter inovador dos dados utilizados e dos cenários analisados, uma vez que os estudos decorreram para um conjunto muito alargado de cenários futuros, simulando condições de operação muito críticas (com muita integração de renovável, em particular solar PV e eólica) e sobre um modelo de rede bem representativo. Estes aspetos são por isso diferenciadores face aos estudos habituais (baseados em modelos equivalentes simplificados) e credibilizam assim muito os resultados alcançados. Um outro aspeto inovador foi a análise de uma situação de “ilhamento” do sistema ibérico (ficando este isolado da Europa central) na sequência caso de um evento extremo improvável, seguida de uma análise de sensibilidade acerca do impacto da existência de vários compensadores síncronos a operar na península ibérica, algo igualmente ainda não estudado.

Como comenta esta nomeação?

 É sempre bom vermos o nosso trabalho e esforço reconhecidos, em particular pela parte dos nossos “chefes”. Assim, em meu nome, e em nome dos restantes elementos que participaram no projeto, agradeço à coordenação do CPES este reconhecimento – que penso ser justo.

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