João Paulo e Ricardo Macedo (HASLab), Bruno Santos (SAL) – Serviços do INESC TEC

João Paulo e Ricardo Macedo (HASLab)

“A Coordenação do HASLab propõe para ‘Extraordinários’ os investigadores João Paulo e Ricardo Macedo. Esta nomeação é sustentada pelo contributo determinante de ambos e respetiva equipa de alunos de mestrado com quem têm trabalhado na área de storage. Este trabalho tem criado e fortalecido várias colaborações com entidades internacionais e de renome nesta área, nomeadamente, UT Austin, TACC e Hood College, dos Estados Unidos da América, e AIST, do Japão. Em concreto, o nível de empenho e excelência desta equipa tem resultado em diversos artigos científicos, em coautoria com as instituições já referidas, publicados em conferências internacionais de topo na área de storage, bem como no sucesso de vários projetos I&D via programa UT Austin Portugal, como é o caso dos projetos PASTor e BigHPC, o que tem contribuído para um enorme sucesso e reconhecimento internacional”.

– Coordenação do HASLab

Estando o vosso trabalho maioritariamente focado na área do armazenamento (storage), quais os principais avanços que gostariam de destacar?

O trabalho mais recente que temos vindo a desenvolver tem como objetivo garantir que os cientistas que utilizam supercomputadores consigam realizar os seus estudos científicos, em tópicos como a medicina, ciências naturais, alterações climáticas, entre outros, de forma mais rápida e precisa.

Um dos grandes desafios prende-se com a grande quantidade de informação digital (e.g., dados genómicos e geológicos), à qual estes estudos precisam de aceder de forma eficiente. Atualmente, o que dificulta ainda mais este problema, é que um supercomputador, normalmente, tem centenas ou milhares destes estudos a serem efetuados simultaneamente e a competir pelo acesso a recursos de armazenamento partilhados onde os seus dados estão guardados.

O sistema PAIO, publicado na conferência internacional USENIX FAST’22, fornece os mecanismos necessários para que todos estes estudos tenham uma oportunidade de acesso justa aos seus dados. Isto é importante para garantir que, para estudos de dimensão semelhante, não existe um grupo que tem os seus resultados em poucos minutos ou horas, enquanto outro grupo só terá acesso aos seus resultados em dias ou semanas.

O sistema Monarch, publicado na conferência internacional IEEE/ACM CCGrid’22, propõe várias otimizações de armazenamento que permitem treinar modelos de inteligência artificial, por exemplo, para prever a propagação de doenças como o COVID, de forma mais rápida e em alguns casos reduzindo o tempo necessário quase para metade.

Como vêm a colaboração com as equipas internacionais com quem têm trabalhado, nomeadamente, UT Austin e TACC, dos E.U.A., e AIST, do Japão?

A colaboração com UT Austin, TACC, AIST, e também com Hood College (E.U.A.), tem sido fundamental para desenvolver este trabalho por diversas razões. Em concreto, a mesma permite-nos discutir com peritos quais os problemas fundamentais no armazenamento de dados, produzidos por diferentes tipos de aplicações, em supercomputadores. Esta colaboração deu-nos ainda a hipótese de validar as nossas soluções em infraestruturas de topo e, desta forma, mostrar o seu impacto e potencial real.

Um muito obrigado ao Amit Ruhela, Jason Haga, Peter Cui, Stephen Harrell, Todd Evans, Vijay Chidambaram, Weijia Xu, Xinlian Liu, e Yusuke Tanimura, pela colaboração nestes temas de investigação.

Quais têm sido os grandes desafios no decorrer deste trabalho na área? E como os conseguiram superar?

Devido à relevância dos desafios que estamos a estudar, esta área conta com várias equipas muito fortes de investigadores nos Estados Unidos, Europa e Ásia a trabalhar em tópicos semelhantes. Por um lado, a competitividade é positiva pois obriga-nos a esforçar mais e pensar em soluções mais “fora da caixa”. Por outro lado, existe alguma pressão de chegar primeiro às soluções inovadoras, correndo o risco de perder a desejada novidade e, com isso, a possibilidade de publicação em conferências internacionalmente reconhecidas nesta área.

Em termos logísticos, também é sempre desafiante coordenar reuniões periódicas com três fusos horários tão distintos, como é o caso de Portugal, Estados Unidos e Japão.

O que podemos esperar no futuro da aposta na investigação na área de storage

A nossa expectativa é continuar a desenhar e desenvolver sistemas de armazenamento que sejam mais rápidos e mais confiáveis. Na nossa opinião, só desta forma será possível tirar real proveito da informação digital disponível atualmente, a qual só terá valor acrescido se puder ser utilizada e analisada de forma eficiente e prática.

Este caminho também permitirá que, cada vez mais, o INESC TEC seja reconhecido pela sua excelência internacional na investigação em sistemas de armazenamento. Isto implica continuar a apostar em desafios difíceis e boas ideias, mas também publicações em conferências e revistas reconhecidas pela comunidade internacional.

Como comentam esta nomeação?

Estamos orgulhosos de ver o nosso trabalho reconhecido pelo INESC TEC. Este reconhecimento significa que estamos no bom caminho e que as apostas de investigação da nossa equipa feitas nos últimos anos estão a dar frutos.

É também muito importante notar que o trabalho mencionado neste texto não se cinge apenas a estes dois sistemas e que esta investigação não seria de todo possível sem a contribuição de uma equipa excelente de outros investigadores do INESC TEC. Alberto Faria, Cláudia Brito, Cláudia Correia, Diogo Leitão, Marco Dantas, Mariana Miranda, José Pereira, e Tânia Esteves, muito obrigado pelo vosso trabalho e contribuições.

Bruno Santos (SAL)

“O SAL decidiu nomear para Extraordinário o Bruno Santos, no seguimento da sua liderança, enquanto tech manager para a área do AgroFood, das candidaturas SpecTOM e SmartTrap, que venceram o Prémio de Inovação e Empreendedorismo Crédito Agrícola 2021. Este achievement é mais um exemplo da qualidade do Bruno e do seu trabalho e que foi também no ano passado agraciado com a prestigiada bolsa internacional ‘LifeArc-AUTM technology transfer career training fellowship’, a qual distingue e apoia profissionais na sua transição para a área da transferência de tecnologia. De destacar a gestão, com sucesso, do Bruno do desafiante processo de recolher informação crítica, quer dentro, quer fora do INESC TEC, e encontrar sinergias entre as perspetivas tecnológicas, de negócio e de propriedade intelectual em prol do impacto societal através da inovação e que tão bem caracteriza a forma como o SAL ajuda os colegas do INESC TEC”.

– Coordenação do SAL

As candidaturas SpecTOM e SmartTrap receberam o Prémio de Inovação e Empreendedorismo Crédito Agrícola 2021. Como comenta esta distinção? É um bom reconhecimento do trabalho efetuado pelo SAL?

A atribuição do prémio inovação Agroindústria 4.0 e a distinção pela ANI com o prémio Born From Knowledge aos projetos SpecTom e Smartrap, respetivamente, são reconhecimentos que nos permitem validar as tecnologias e ter feedback de empresas estabelecidas no mercado que conhecem bem as necessidades dos consumidores finais. Além disso, os prémios trazem também mais visibilidade para a investigação do setor Agroalimentar e Floresta desenvolvida no INESC TEC. 

Quais foram os grandes desafios na liderança dessas mesmas candidaturas? E como os superou?

A maior dificuldade envolvida na liderança destas candidaturas prende-se com a recolha de informações relevantes que sustentem a validade e a pertinência da aplicação de uma tecnologia a certo problema. Para tal, foi necessário pesquisar sobre o tema em causa, perceber o alinhamento do problema que pretendemos resolver com os objetivos de desenvolvimento da União Europeia, analisar o mercado em que pretendemos atuar e, para tal, o envolvimento da equipa de investigação foi crucial.

Do que mais gosta no seu trabalho?

O que me dá mais gosto em trabalhar na área de Transferência de Tecnologia é ver o impacto societal deste processo. No entanto, é uma grande responsabilidade garantir que o conhecimento gerado é transferido de forma correta, que o potencial dos resultados é aproveitado ao máximo e que os tomadores da tecnologia são os parceiros mais indicados para transformar o conhecimento científico gerado num produto que acrescente valor ao seu utilizador.

Como comenta esta nomeação?

É um orgulho ver reconhecido o esforço dos nossos investigadores e receber esta aprovação e este selo de qualidade por parte de peritos e comunidade da Agroindústria, pois é a garantia de que estamos no caminho certo e a resolver problemas pertinentes que terão um impacto real nesta indústria e que trarão certamente benefícios para a sociedade.

Serviços do INESC TEC

Nomeação efetuada por José Carlos Caldeira, Administrador do INESC TEC

O BIP já publicou os números relativos à participação do INESC TEC nas candidaturas das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial, do PRR, e aos resultados da primeira fase da avaliação: participamos em mais de 60 candidaturas, das quais 26 passaram à segunda fase, correspondendo-lhes cerca de 55M€ de orçamento para a instituição.

Por detrás destes números e do sucesso que traduzem, existiu um significativo e crucial trabalho de gestão e coordenação, executado por vários serviços do INESC TEC, que apoiam os seus investigadores no desenvolvimento de propostas e projetos de alta qualidade e asseguram que esse esforço está alinhado com a estratégia e valores da instituição e que é realizado de forma eficaz e eficiente. Estas são algumas das funções desempenhadas:

  • Deteção de oportunidades e definição dos projetos.
  • Identificação das áreas de conhecimento científico e tecnológico relevantes e mobilização dos respetivos centros e investigadores.
  • Coordenação dos esforços e integração das contribuições.
  • Disseminação de informação e de boas práticas.
  • Harmonização das metodologias, regras, condições e abordagens.
  • Produção de toda a informação e documentação de suporte necessárias.
  • Deteção e resolução de sobreposições, duplicações, conflitos de interesse, etc., internos e externos.
  • Maximização do potencial e da probabilidade de exploração dos resultados dos projetos.
  • Sinergias e complementaridades, a nível interno e também externo, nomeadamente com outros projetos e candidaturas.
  • Monitorização e reporte das dinâmicas do processo.

Resulta evidente desta lista a importância da coordenação entre os diversos serviços envolvidos e entre estes e os centros.

Neste período de preparação de candidaturas à segunda fase, que está a decorrer até ao dia 31 de março, vai ser necessário aprofundar ainda mais este trabalho colaborativo. Apesar de serem menos candidaturas, os níveis de detalhe e de responsabilização aumentam significativamente, uma vez que passamos da fase de concurso de ideias para a de projeto e, considerando a dotação orçamental disponível, a concorrência será muito mais aguerrida.

Disponibilidade, compreensão e entreajuda vão ser fatores chave para lidarmos com mais este desafio.

E é bom que os nossos investigadores tenham a noção da importância dos serviços e o quanto eles já os ajudam, ou podem vir a ajudar, nas suas atividades e os “aliviam” de tarefas muitas vezes classificadas como “chatas”, e o que isso contribui para o sucesso e a sustentabilidade da instituição.

Correu tudo bem? Não. Pode-se melhorar muita coisa? Certamente. No entanto, isso não deve, não pode impedir-nos de reconhecer que temos, efetivamente, uns serviços EXTRAORDINÁRIOS.

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