Carla Lopes e Sérgio Nunes (HumanISE), Hugo Sousa (LIAAD), João Fernandes (CTM), Miguel Correia (HumanISE), Paula Rodrigues (HASLab) e Pedro Amorim (CEGI)

Carla Lopes e Sérgio Nunes (HumanISE)

“O projeto EPISA terminou em dezembro e a Carla Teixeira Lopes (PI) e o Sérgio Nunes (responsável pela equipa de desenvolvimento) tiveram um esforço muito para além do que se exige a elementos de um projeto de investigação FCT. Este projeto reuniu uma equipa do INESC TEC, uma da Universidade de Évora e uma da DGLAB (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), num total de 45 pessoas ao longo de todo o projeto. A coordenação requereu grande tenacidade, uma vez que estivemos em pandemia numa parte importante do projeto e houve uma enorme rotação de bolseiros (mais de 20), alinhando as suas contribuições para o projeto com os requisitos dos graus académicos. No desenvolvimento de protótipos, lidámos com tecnologias – ontologias, redes semânticas, bases de dados de triplos – para as quais não há plataformas de desenvolvimento maduras, tendo desenhado uma nova geração de aplicações que lidam com a informação multifacetada dos arquivos e a exploram de novas formas”.

– Coordenação do HumanISE

Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo da execução do projeto?

Destacamos dois:

  1. A complexidade e diversidade das tecnologias envolvidas e, em particular, o nível de maturidade de algumas destas tecnologias. Foi necessário “partir mais pedra” do que o previsto inicialmente. Esta diversidade e complexidade ao nível tecnológico exigiu uma equipa disponível para explorar e enfrentar muitos problemas novos.
  2. A dificuldade na contratação na área de Informática levou à dispersão por um grande número de bolseiros. A dimensão do projeto e o número de bolseiros envolvidos ao longo destes anos foi exigente, mas também muito recompensador.

Como comentam os principais resultados alcançados?

Estamos muito satisfeitos com tudo o que conseguimos produzir no contexto do projeto.

A nível de resultados práticos, destacamos a proposta e especificação do ArchOnto, um modelo de dados ligados para arquivos, e a Plataforma EPISA, uma infraestrutura computacional que permite suportar aplicações baseadas em dados ligados, desenhada e implementada no projeto. Esta infraestrutura permite explorar diversos casos de uso no contexto dos arquivos, nomeadamente a manipulação de dados ligados, a navegação e exploração desses dados, a pesquisa baseada em texto livre, e o controlo de acessos. Destacamos ainda contribuições relevantes ao nível da interação com dados ligados, nomeadamente através da publicação de artigos em revistas e conferências de referência. Salientamos ainda as contribuições a nível da publicação de artigos em revistas e conferências de referência, da publicação de coleções de dados (datasets) e código em repositórios, dos diversos trabalhos académicos realizados, e da organização de dois workshops internacionais. Os resultados foram muito além do que inicialmente prevíamos e abriram oportunidades relevantes para trabalho futuro nestas áreas.

Do que mais gostam no vosso trabalho?

Trabalhar em equipas multidisciplinares na resolução de problemas reais. O projeto EPISA foi um bom exemplo, com uma equipa que juntou a Informática, a Ciência da Informação, e o Design Visual e de Interação. O contacto com estudantes e bolseiros altamente motivados e preparados (sem dúvida, extraordinários). Lidar com problemas novos e complexos, para os quais desenvolvemos e exploramos tecnologias e soluções inovadoras.

Como comentam esta nomeação?

Ficamos muito satisfeitos com esta nomeação por representar um reconhecimento do projeto EPISA e de toda a equipa que nele participou. Aproveitamos para agradecer o empenho e dedicação a todos os bolseiros EPISA.

Membros da equipa do projeto EPISA

Hugo Sousa (LIAAD)

“O Hugo publicou e apresentou, em março, um artigo na conferência ACM SAC, que foi o culminar do projeto MINE4HEALTH com o IPO, projeto este muito importante para o LIAAD e para o INESC TEC – e que inclusivamente ganhou um prémio nos Portugal Digital Awards. Embora entrando já com o projeto em andamento, o Hugo continuou, com brilhantismo, o também excelente trabalho do Arian Pasquali (outro ‘Extraordinário’ já distinguido pelo INESC TEC). Foi uma peça fundamental para o resultado final e para a coesão da equipa. Este trabalho foi feito para além do seu trabalho de doutoramento, com uma dedicação e uma alegria que só o Hugo consegue. Mesmo assim, conseguiu ter um artigo aceite no SIGIR, uma conferência core A* e dar um contributo fundamental na organização da workshop Text2Story 2023 (1 de abril) como Web and Dissemination Chair. O Hugo é um estudante apaixonado e talentoso e uma mais-valia para a equipa e para o INESC TEC como investigador e como colega. Merece por isso o destaque de ‘Extraordinário’ – porque de facto o é, sempre”.

– Coordenação do LIAAD

O Hugo apresentou um artigo na conferência ACM SAC, no seguimento do projeto MINE4HEALTH. Como foi fazer parte deste projeto premiado e quais foram os principais resultados alcançados?

Fazer parte do projeto MINE4HEALTH foi uma experiência incrível e enriquecedora. Trabalhar com uma equipa talentosa e dedicada no desenvolvimento de soluções para melhorar a saúde e a vida dos pacientes foi extremamente gratificante, especialmente considerando que o projeto aborda problemas do mundo real.

O principal resultado deste projeto foi a criação de uma pipeline que extrai entidades biomédicas (tais como doenças, procedimentos e medicações) de textos livres escritos pelos profissionais do IPO. Esta pipeline é utilizada para alimentar um dashboard, onde o pessoal clínico do IPO pode rapidamente compreender o histórico médico do paciente, facilitando a tomada de decisões e a identificação de padrões relevantes. Além disso, a identificação desses padrões tem o potencial de auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas doenças, contribuindo para uma abordagem mais personalizada e eficiente na assistência médica aos pacientes. Este trabalho demonstra o poder e a importância de combinar conhecimento médico e técnicas avançadas de processamento de linguagem natural para aprimorar o atendimento à saúde e a qualidade de vida das pessoas.

Ao projeto MINE4HEALTH juntou-se o trabalho de investigação realizado no âmbito do doutoramento. Em que área desenvolveu a sua investigação e quais as principais conclusões a que chegou?

O meu projeto de doutoramento, intitulado “Unfolding the Temporal Structure of Narratives”, tem como objetivo explorar e aprimorar as habilidades dos modelos de linguagem natural no que diz respeito à compreensão do aspeto temporal das narrativas. A investigação começou com o desenvolvimento de um framework de avaliação das capacidades temporais dos modelos, denominado tieval (abreviatura de temporal information extraction evaluation). Este framework permitiu-nos observar que os modelos atuais ainda não atingem o desempenho esperado no que se refere à compreensão temporal. Como próximos passos, estamos a analisar a importância do senso comum na compreensão do aspeto temporal dos textos e a investigar estratégias para incorporar esse conhecimento nos modelos atuais. Dessa forma, esperamos melhorar significativamente a capacidade dos modelos de linguagem natural em capturar e interpretar a estrutura temporal das narrativas, o que poderá ter um amplo impacto em diversas aplicações, desde a geração automática de resumos de histórias à extração de dados clínicos.

Do que mais gosta no seu trabalho?

No meu trabalho, aprecio especialmente a oportunidade de trabalhar com pessoas talentosas e apaixonadas, bem como a possibilidade de aplicar conhecimentos técnicos e científicos para resolver problemas do mundo real. Adoro a constante aprendizagem e crescimento que o trabalho na investigação proporciona, e o impacto positivo que o nosso trabalho pode ter na sociedade.

Como comenta esta nomeação?

Esta nomeação é um reconhecimento muito apreciado do esforço e dedicação que coloco no meu trabalho. Sinto-me honrado por ser considerado um “Extraordinário” e isso serve como um incentivo para continuar a trabalhar e contribuir para o avanço da ciência e tecnologia em prol da sociedade.

João Fernandes (CTM)

“A Coordenação do CTM propõe para ‘Extraordinário’ o investigador João Fernandes. O João é um investigador de um profissionalismo e motivação exemplares e que, no âmbito das suas atividades de investigação, tem desenvolvido um trabalho de grande impacto científico. Apesar de estar ainda numa fase inicial dos seus estudos doutorais, tem revelado grande maturidade, conseguindo conciliar o trabalho científico com a colaboração em múltiplas atividades do centro, incluindo a participação na organização de eventos científicos, a orientação de estagiários e de estudantes de mestrado, e o apoio na execução de projetos de investigação. Esta nomeação é sustentada pelo profissionalismo, disponibilidade e qualidade do trabalho realizado pelo João, particularmente no mês de março no projeto THEIA, com o apoio na orientação científica de colegas mais jovens e contribuições científicas muito relevantes, amplamente elogiadas pelos parceiros do projeto”.

– Coordenação do CTM

O João encontra-se na fase inicial dos seus trabalhos de doutoramento. O trabalho de investigação é em que área e que resultados espera alcançar?

O meu plano de tese de doutoramento é focado em aplicações em patologia computacional e engloba duas linhas de investigação principais: aprendizagem fracamente supervisionada e generalização de domínio. Os dados de imagens médica, em particular em patologia digital, têm muita variabilidade e, além disso, os dados clínicos geralmente são custosos para adquirir e anotar. Assim sendo, há uma grande lacuna entre o que os modelos de deep learning totalmente supervisionados exigem e o que é a realidade. A nossa proposta consiste em pesquisar e desenvolver métodos para aprender representações menos suscetíveis a fatores de variação específicos do domínio (por exemplo, scanner, protocolo de coloração, etc.) e que permitam aprender com supervisão parcial. Esperamos assim contribuir para a futura implementação de sistemas de diagnóstico assistido por computador (CAD) na prática diária dos laboratórios de patologia.

Esteve também envolvido no projeto THEIA; que trabalho tem desenvolvido no âmbito deste projeto e quais os maiores desafios que encontra?

No âmbito do projeto THEIA foquei-me na investigação de algoritmos mais energeticamente eficientes, nomeadamente Spiking Neural Networks (SNNs). Estes algoritmos têm vantagens sobre os modelos de deep learning convencionais, dado que as suas funções de ativação simulam os neurónios biológicos, i.e., são binárias e permitem processamento assíncrono, sendo assim ideais para cenários baseados em eventos, como o da condução autónoma. No entanto, existe ainda uma lacuna entre o conhecimento teórico e a sua utilidade prática, o que levanta algumas dificuldades técnicas. Diria que os principais desafios são as SNNs estarem limitadas a modelos menos profundos e complexos, a necessidade de selecionar cuidadosamente todos os hiperparâmetros, e a limitada disponibilidade de aceleradores de hardware neuromórficos (o equivalente às GPUs nos modelos convencionais) que permita validar a verdadeira eficiência energética das SNNs.

Do que mais gosta no seu trabalho?

Diria que são dois aspetos principais: por um lado, a aprendizagem constante típica do meio científico. Por outro lado, a liberdade que existe para sermos criativos, tanto na formulação de hipóteses científicas, como na apresentação e discussão de resultados.

Como comenta esta nomeação?

Eu interpreto esta nomeação como um incentivo para continuar a seguir muitas das práticas de trabalho que tenho vindo a adotar até agora. Ao mesmo tempo, gostaria de mencionar a contribuição dos meus orientadores, colegas de grupo e, claro, dos coordenadores do VCMI e CTM. O bom ambiente de trabalho, as colaborações e os diálogos, bem como as diferentes perspetivas críticas que daí advêm, contribuem tanto para o sucesso individual como para o sucesso científico do grupo/centro de investigação. Estas pessoas são frequentemente uma fonte de inspiração.

Miguel Correia (HumanISE)

“A Coordenação do HumanISE propõe para ‘Extraordinário’ o Miguel Correia. O Miguel tem, ao longo dos últimos meses, demonstrado uma excecional dedicação e um grande espírito de equipa, que foram relevantes para a elevada qualidade técnico-científica dos resultados nos projetos MELOA, COL4INDLOG e iReceptor+ – e que demonstram continuar no projeto ILIAD. É de particular destaque a sua contribuição direta na definição, desenvolvimento e documentação de resultados no projeto MELOA. Caracterizado por requisitos voláteis, curtos ciclos de desenvolvimento e uma pequena equipa, este projeto originou cinco Pre-Disclosure Forms e os seus resultados estão a ser usados com sucesso na gestão de campanhas para obtenção in-situ de dados oceânicos em tempo (quase) real”.

– Coordenação do HumanISE

O Miguel esteve envolvido no projeto MELOA, particularmente na definição, desenvolvimento e documentação de resultados. Quais foram os principais resultados deste projeto?

Durante o projeto MELOA tivemos de superar diversos desafios, o que resultou numa ampla diversidade de aplicações e funcionalidades. Um dos principais resultados alcançados neste projeto foi a plataforma WAVY Operation Software (WOS), que permite a gestão de campanhas, equipamentos e datasets. Além do WOS, desenvolvemos outra plataforma destinada ao Citizen and Science, que permite a qualquer pessoa acompanhar em tempo real os flutuadores em campanhas públicas. Outro resultado importante foi a criação de uma aplicação mobile para auxiliar na recolha dos equipamentos, já que os flutuadores são pequenos e muitas vezes difíceis de encontrar em mar aberto. No geral, o projeto MELOA foi extremamente enriquecedor e possibilitou o desenvolvimento de tecnologias importantes para monitorizar e gerir campanhas, em operações de investigação marinha.

Alguns dos resultados estão a ser usados na gestão de campanhas para obtenção in-situ de dados oceânicos. Como é que vê a utilização de resultados de projetos a serem usados em contexto real?

É sempre gratificante ver que os resultados obtidos no projeto MELOA são usados na gestão de campanhas. Isso é um sinal de que o trabalho que realizamos não ficou restrito a um ambiente controlado de pesquisa, mas que tem impacto real e positivo no mundo. Quando os resultados de projetos são usados em contexto real, isso valida o trabalho de pesquisa e pode ter um impacto significativo em diferentes áreas. No caso do projeto MELOA, os resultados obtidos podem ser úteis em estudos futuros ou outros projetos no contexto oceânico, contribuindo para o avanço da ciência e da tecnologia.

Do que mais gosta no seu trabalho?

Uma das coisas que mais aprecio no meu trabalho é a diversidade de projetos e tarefas, que me desafiam constantemente. Esta variedade impede que o trabalho se torne monótono e permite-me estar em constante aprendizagem, o que me mantém atualizado em relação às tecnologias e ferramentas de trabalho.

Como comenta esta nomeação?

Embora tenha ficado surpreendido, sinto-me orgulhoso em saber que meu trabalho e dedicação são reconhecidos.

Paula Rodrigues (HASLab)

“O trabalho da Paula Rodrigues na divulgação e promoção das atividades do HASLab é sempre digno de registo pela motivação e profissionalismo que emprega nestas tarefas. Nos últimos tempos, além destas tarefas, teve uma contribuição significativa e um trabalho a todos os níveis assinalável na coordenação e participação do INESC TEC em duas propostas de projetos europeus: MARIBEL e HANAMI – além de contribuir com os planos de comunicação dos projetos. O projeto MARIBEL é uma CSA entre a Europa e os países da América Latina e Caraíbas que tem como objetivo alavancar os objetivos da rede BELLA, bem como consolidar as redes de cooperação em I&D estabelecidas, promovendo os valores da EU em transformação digital centrada nas pessoas, e contribuir para os objetivos de desenvolvimento sustentável. O projeto HANAMI é uma colaboração entre os centros de supercomputação europeus e japoneses de referência e tem como objetivo preparar estes centros de supercomputação para os desafios da nova geração de supercomputadores – os exascale”.

– Coordenação do HASLab

Esteve envolvida na coordenação e participação do INESC TEC em duas propostas de projetos europeus, contribuindo com os planos de comunicação dos mesmos. Quais são os principais desafios relacionados com a comunicação de projetos europeus?

Cada vez mais, as atividades de comunicação e disseminação de resultados dos projetos são cruciais para o decorrer do mesmo, pelo que é bom perceber que esta frente já é uma necessidade sentida no momento de planear a proposta. Nesta fase, os desafios passam por perceber os objetivos do projeto, analisar os públicos-alvo e lançar a nossa mente à criatividade no planeamento das várias ações de comunicação ao longo dos anos de execução. Para mim, a parte mais gira é pensar nas várias ações de comunicação a levar a cabo, recorrendo sempre às ferramentas de marketing digital, publicidade, relações-públicas e até marketing direto. Cada projeto é um projeto e este pensar “à medida” torna-se um verdadeiro desafio!

O que é que mais a motiva – ou estimula – na divulgação do trabalho desenvolvido no âmbito destes projetos?

Com base na minha experiência nesta frente, que é essencialmente focada em projetos na área da Informática, sinto muitas vezes uma enorme admiração e reconhecimento por parte dos parceiros internacionais no desenrolar das várias ações de comunicação, provavelmente, por serem parceiros técnicos e com expertise na área da Informática. Por outro lado, destaco também o contacto regular com diferentes comunidades e as discussões de ideias que este contacto gera.

Do que mais gosta no seu trabalho?

Juntei-me ao INESC TEC em 2014 e atrevo-me a dizer que todos os dias foram e continuam a ser diferentes. Todas as semanas há algo novo para fazer e isso é bastante motivador e desafiador.

Como comenta esta nomeação?

As propostas exigiram um investimento significativo, mas será certamente recompensado quando chegar a respetiva aprovação. Esta nomeação acaba por ser já um reconhecimento deste esforço e empenho e, por isso, é sempre bom perceber que tenho feito um trabalho positivo em prol do Instituto.

Pedro Amorim (CEGI)

“A publicação de dois trabalhos de investigação em revistas FT50 é uma realização notável, que justifica esta nomeação. O primeiro trabalho, publicado na Manufacturing Services & Operations Management (MSOM), apresenta uma análise rigorosa do impacto da consolidação da entrega no comportamento do consumidor no contexto do retalho online. Este artigo dá um contributo significativo para a literatura em gestão da cadeia de abastecimento e destaca a importância da logística e das estratégias de entrega para melhorar a satisfação do cliente e reduzir os retornos. Ser publicado numa revista de alto nível como a MSOM é uma prova da qualidade da investigação e da relevância dos resultados – tanto para académicos, como para profissionais. O segundo artigo, publicado na MIT Sloan Management Review, é uma tradução do primeiro artigo para gestores, tornando-o acessível a um público mais vasto. A MIT Sloan Management Review é uma publicação focada em colmatar a lacuna entre a teoria e a prática no campo da gestão. O trabalho nesta revista demonstra a capacidade dos autores para comunicar eficazmente a investigação tanto ao público académico como empresarial, o que é uma competência valiosa no âmbito de atuação do INESC TEC. Globalmente, a publicação destes dois artigos em revistas FT50 reforça o posicionamento do CEGI”.

– Coordenação do CEGI

O Pedro publicou recentemente dois trabalhos de investigação em revistas FT50. O primeiro contribui para a literatura em gestão da cadeia de abastecimento e destaca a importância da logística e das estratégias de entrega para melhorar a satisfação do cliente e reduzir os retornos. Será que nos pode contar sobre os resultados da análise que realizou e as principais conclusões da investigação?

Verificamos que a entrega de todos os produtos numa encomenda em conjunto, mesmo que mais tarde, reduz a probabilidade de uma devolução, o que melhora o desempenho financeiro das empresas e dos seus fornecedores e reduz a logística inversa. Os nossos resultados sugerem que, no nosso contexto, a rapidez de entrega é menos importante do que a conveniência de receber todas as mercadorias encomendadas numa única entrega, e fornecemos instruções para adaptar as estratégias logísticas em conformidade.

O segundo artigo é uma tradução do primeiro artigo para gestores, tornando-o acessível a um público mais vasto. Quais foram os principais desafios que encontrou na elaboração deste artigo?

Eu diria que tivemos dois principais desafios: encurtar todo o raciocínio para um formato executivo de 2500 palavras e convencer o editor que os nossos resultados são interessantes para uma audiência mais vasta.

Do que mais gosta no seu trabalho? 

A surpresa e a multidisciplinariedade dos nossos resultados. As nossas conclusões são contraintuitivas para a maioria dos gestores de retalho, que tipicamente dão prioridade à entrega rápida com base no pressuposto de que o que os clientes mais desejam é uma gratificação rápida. Mas há um fenómeno psicológico que pode explicar porque é que as entregas parceladas podem provocar mais devoluções: a sensação de incompletude que uma encomenda desagregada pode causar. Mostramos que este efeito é desencadeado pelo efeito Zeigarnik, com o nome do psicólogo Bluma Zeigarnik, que observou que os nossos cérebros nos recordam constantemente tarefas inacabadas, enquanto as tarefas concluídas são rapidamente esquecidas.

Como comenta esta nomeação?

Fiquei muito agradecido pelo reconhecimento deste trabalho. As publicações em revistas de grande impacto e disseminação é um objetivo do nosso centro (e do INESC TEC) e é bom poder dar uma pequena contribuição nesse sentido.

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
EnglishPortugal