Filipe Cunha (LIAAD), Pedro Neto (CTM) e Filipe Ferreira (CESE)

Filipe Cunha (LIAAD)

“O Filipe Cunha está a terminar o seu primeiro ano de doutoramento na FCUP, com o LIAAD. Ganhou, no início de setembro, com o seu trabalho em extração de eventos usando técnicas de NLP,  o ‘Student Best Paper Award’ no EPIA, a conferência internacional organizada anualmente pela comunidade portuguesa de IA. Este foi o culminar de um ano de muito trabalho, dedicação, aprendizagem e camaradagem do Filipe, que se integrou nos projetos Text2Story e StorySense em NLP e extração de narrativas. Integrou, também, a equipa de estudantes do LIAAD, mais um investigador doutorado, que ficou, no final de julho, em terceiro lugar no desafio da empresa Sword Health para exploração de LLMs no domínio da saúde – a que correspondeu um interessante prémio em dinheiro”.

– Coordenação do LIAAD               

O Luís Filipe encontra-se a concluir o primeiro ano de doutoramento, na FCUP e no LIAAD. Qual é o tema/a área principal a que se dedica, e como surgiu esta escolha?

Nos últimos anos, temos observado um aumento significativo no volume de dados gerados nas redes sociais, notícias, arquivos, Internet, entre outros. Esses dados são frequentemente guardados em formato de texto, fazendo com que as máquinas apresentem dificuldades no seu processamento e compreensão. A tarefa de extração de eventos visa extrair eventos presentes em narrativas, desvendando informações sobre “o que acontece” nas mesmas, transformando textos em informação estruturada. Embora já existam vários sistemas de extração de eventos para o inglês, estes revelam uma portabilidade limitada para outras línguas devido à sua dependência de recursos textuais anotados em inglês. Uma das vertentes deste doutoramento consiste em abordar a tarefa de extração de eventos no contexto da língua portuguesa. A escolha deste tema surgiu do interesse em explorar técnicas de extração de informação de textos não estruturados usando modelos neuronais, uma área relevante no âmbito da Inteligência Artificial, que se encontra em constante evolução. 

O seu trabalho já foi reconhecido por duas ocasiões, demonstrando a relevância do mesmo; que planos tem daqui para a frente, em termos de evolução e/ou impacto dos resultados obtidos?

Em primeiro lugar, pretendo continuar a aprofundar a minha pesquisa atual, investigando novos métodos para aplicar esta tarefa em diferentes géneros de texto e em diversas línguas, tornando-a assim mais abrangente e aplicável a uma maior variedade de contextos. Para além disso, pretendo continuar a explorar novas arquiteturas neuronais com o intuito de aprimorar os modelos de extração de eventos. Em particular, destaco as Graph Neural Networks, as quais têm demonstrado resultados promissores na modelação de texto. 

Do que mais gosta no seu trabalho?

Existem vários aspetos que aprecio no meu trabalho, dos quais destaco dois: (1) a oportunidade de partilhar ideias e conhecimentos com pessoas inspiradoras com quem tenho o privilégio de trabalhar; (2) a liberdade de explorar novos temas que me fascinam, o que me permite continuar a aprender novos métodos para abordar os desafios complexos na área de Processamento de Linguagem Natural (NLP). Estes fatores proporcionam uma experiência de trabalho gratificante e enriquecedora. O processo contínuo de aprendizagem e a capacidade de aprofundar áreas de interesse pessoal contribuem significativamente para a minha motivação e satisfação profissional. 

Como comenta esta nomeação?

Em primeiro quero expressar o meu agradecimento à coordenação do LIAAD por esta nomeação.  Agradeço também aos professores Alípio Jorge e Ricardo Campos, meus orientadores, que foram incansáveis durante o primeiro ano do meu doutoramento. Esta conquista pertence também à extraordinária equipa da qual faço parte, sendo um resultado das nossas famosas Quintas do NLP. Esta nomeação traduz-se ainda no reconhecimento e validação do trabalho que temos vindo a desenvolver no âmbito desenvolvimento de modelos de Processamento de Linguagem Natural focados na língua portuguesa, contribuindo não só para uma diminuição da nossa dependência no que diz respeito à língua inglesa, mas também para um aumento de recursos que poderão estar na base do desenvolvimento de outras aplicações no domínio da Inteligência Artificial e do processamento da linguagem natural.

Pedro Neto (CTM)

“O Pedro tem sido um excecional investigador e estudante de doutoramento. Para além de um percurso académico notável, o Pedro provou ter o foco, a perseverança, a autonomia, a criatividade, a dedicação e a maturidade necessários para perseguir e atingir com sucesso os seus objetivos individuais, assim como as metas coletivas de cada projeto em que se envolve. Além da investigação que faz, o Pedro está sempre disponível para acompanhar de perto estudantes mais novos, proporcionando uma excelente e rigorosa orientação científica, quer a estudantes de mestrado quer de licenciatura que coorienta. Nestes três anos, o Pedro gerou contribuições inovadoras e significativas através de resultados de investigação em projetos na área de imagem médica e é o Investigador Principal de um projeto Seed, comprovando assim capacidade de criação de propostas científicas sólidas e ganhadoras. O Pedro destaca-se também pelas publicações científicas no âmbito do seu doutoramento, marcando presença nas conferências mais reputadas da área. A evidência do seu impacto e do reconhecimento da comunidade ficou patente, no passado mês de setembro, quando o trabalho apresentado na 23rd International Conference of the Biometrics Special Interest Group foi premiado com o ‘Best Paper Award’. Deixamos por isso os parabéns ao Pedro por esta distinção e o encorajamento para que continue o trabalho de excelência”.

– Coordenação do CTM

O Pedro é o PI de um projeto Seed; pode dizer qual é o projeto em causa, e qual o principal objetivo do mesmo?

O projeto XAIBIO é um projeto ambicioso que procura desenvolver um mecanismo de explicabilidade para os algoritmos de reconhecimento facial. Neste momento, a nossa compreensão dos elementos envolvidos no reconhecimento facial, quer feito por humanos, quer feito por algoritmos de Inteligência Artificial, é insuficiente. Por tal, é uma tarefa muito permeável a vieses de origem racial ou de género, que são complicados de detetar e solucionar. O objetivo final do projeto é traduzir as previsões destes algoritmos em explicações semânticas que nos ajudarão a melhorar a compreensão dos mesmos e a mitigar estes problemas demográficos.  

O seu trabalho já foi reconhecido pela comunidade científica, e.g., a atribuição do ‘Best Paper Award’ na BIOSIG; que tipo de incentivo proporciona este reconhecimento e de que forma influencia os seus objetivos profissionais? 

Ao longo deste percurso, tenho tido a sorte de trabalhar com pessoas excecionais, quer no VCMI, um grupo composto por verdadeiros extraordinários, quer em colaborações internacionais. Esta exposição – aliada a alguns objetivos pessoais e profissionais ambiciosos – permitiu-me crescer como investigador e ir captando o reconhecimento da comunidade. É muito gratificante ver este reconhecimento, e é bastante motivador pensar que o mesmo está dependente do meu trabalho e das minhas ambições. Desta forma, a maior influência deste prémio é a motivação para conquistar um igual no próximo ano.

Do que mais gosta no seu trabalho?

O meu trabalho, como investigador, requer uma constante aprendizagem, adaptação e resiliência. Essa exigência é, na minha opinião, viciante. Para além disso, a oportunidade de estar dentro da comunidade e conhecer pessoas que me podem transmitir uma panóplia de informação à qual não teria o mesmo acesso se estivesse num outro contexto. Também gosto muito do processo de orientação de alunos, permite-me explorar outras ideias e aprender através das soluções incríveis que estes trazem.  

Como comenta esta nomeação?

Gostaria de agradecer à coordenação, não só pela nomeação, mas pela descrição que fizeram do meu trabalho e percurso. É muito importante sentirmos a valorização/reconhecimento, não só da comunidade, mas também de quem está diariamente a acompanhar o nosso trabalho. Para além disso, a minha presença na comunidade é facilitada pelo investimento feito pelos mesmo, para que as deslocações e presenças nos eventos não sejam um obstáculo. Por fim, muito do trabalho desenvolvido só foi possível com a ajuda, apoio e ideias brilhantes dos meus colegas no VCMI.

Filipe Ferreira (CESE)

“Esta nomeação é sustentada no profissionalismo, motivação, qualidade e capacidade de coordenação do Filipe Ferreira nas diversas atividades que tem vindo a desenvolver no CESE. O culminar deste trabalho resulta na angariação do projeto INNOAQUA e na conclusão, com elevado sucesso e impacto direto nas empresas, do projeto SAP4.0 – Sistemas Avançados de Produção. Nestes últimos anos, o Filipe tem desenvolvido a linha de investigação em metodologias para a transformação digital que tem apoiado as empresas portuguesas nesta atividade basilar à competitividade do nosso tecido empresarial. Paralelamente, coordena a equipa CESE de Technology Adoption & Management que desenvolve projetos de investigação e prestação de serviços relacionados com a Gestão de Tecnologia na Indústria. Todo este trabalho de elevada qualidade tem sido decisivo para reforçar o CESE. A coordenação do CESE agradece ao Filipe por todos os seus contributos, que assumem uma enorme relevância para a projeção nacional e internacional do CESE”.

– Coordenação do CESE

O Filipe contribuiu para a angariação do projeto INNOAQUA; qual é o principal objetivo deste projeto e que resultados esperam alcançar? 

O projeto europeu “Innovative approaches for an integrated use of algae in sustainable aquaculture practices and high-value food applications” (INNOAQUA) tem como principal objetivo preparar o caminho para a futura indústria de aquicultura terrestre sustentável e diversificada da UE, apoiando-se na demonstração e integração de alimentos e soluções inovadoras à base de algas e em conceitos de ecologia, circularidade e digitalização. Trata-se de um projeto multidisciplinar, contando com um consórcio de centros de investigação de renome, associações e empresas com elevada presença industrial. No caso do INESC TEC, estão envolvidos dois centros em conjunto com o TEC4SEA: o CAP, com o desenvolvimento de sensores inovadores em meios aquáticos e o CESE, com o desenvolvimento de soluções digitais para captura, armazenamento e tratamento de dados para gerar insights com os objetivos de melhorar a eficiência, sustentabilidade e resiliência dos processos. 

Quais são os principais desafios que enfrenta no decorrer do seu trabalho, como coordenador do grupo Technology Adoption & Management? 

A equipa de Technology Adoption & Management é também ela multidisciplinar, cobrindo várias atividades e níveis de TRL no âmbito da atividade do CESE, nomeadamente:

  • Contribuir para a investigação de excelência na área de adoção e gestão de tecnologia na indústria;
  • Comunicar os resultados da investigação à comunidade e à sociedade;
  • Alavancar os resultados de ID para criar e entregar valor acrescentado às empresas e à sociedade através do desenvolvimento de programas de formação e serviços avançados de consultoria para apoiar empresas em estratégias de adoção de tecnologia.

Coordenar todas estas atividades é um desafio enorme que só se consegue com muito trabalho de equipa e articulando sinergias entre projetos de investigação e de inovação.

Considera que as empresas nacionais estão no bom caminho relativamente à adoção da transformação digital? 

Trata-se de um tema bastante discutido em projetos recentes, nomeadamente no projeto SAP4.0 – Sistemas Avançados de Produção. O nível de maturidade das empresas depende de vários fatores. Desde logo, o grupo económico em que se insere e a dimensão da empresa. Percebemos que os setores mais tecnológicos (e.g., setor automóvel, fabricação de máquinas e ferramentas para a indústria) possuem um nível de maturidade mais avançado do que as empresas dos setores mais tradicionais. Denota-se também que as empresas de menor dimensão têm mais dificuldade em “abraçar” a digitalização. No entanto, nos últimos anos, temos assistido a uma vontade e um esforço por parte dos empresários para digitalizar os seus processos e tornar os mesmos mais eficientes, melhorando a experiência do cliente.  Também aqui, o INESC TEC tem dado o seu contributo no sentido de ajudar as empresas na transição digital. Temos neste momento projetos de serviços de consultoria avançada a decorrer, no âmbito da digitalização das empresas.

Do que mais gosta no seu trabalho? 

Definitivamente, dos desafios que nos surgem todos os dias: quer ao nível da investigação científica, quer aqueles que nos são apresentados pelas empresas e pela sociedade. Ajudar e melhorar o dia a dia das empresas e das pessoas através de desenvolvimento de metodologias e ferramentas inovadoras é, de facto, gratificante.

Como comenta esta nomeação? 

Agradeço, naturalmente, à coordenação por esta nomeação, e aproveito para deixar claro que todo o trabalho desenvolvido é fruto não só de uma pessoa, mas sim de toda uma equipa multidisciplinar – a qual, motivada pelo propósito da instituição, trabalha todos os dias para que o sucesso seja alcançado.

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