Rita Costa (SCOM), Estela Cunha (CPES) e Eduardo Castro (CTM)

Rita Costa (SCOM)

“A Rita, durante o mês de outubro, para além de todos os trabalhos que tinha em curso – desde vídeos, a desenho de novas identidades visuais (e.g., Encontro Estratégico, Fórum do Outono, etc.), entre outros – desenhou 31 ilustrações em 31 dias para o INESC TEC poder, pela primeira vez, celebrar o ‘Science Art October’, que todos os anos dá a conhecer diversos temas ligados à ciência através de ilustrações. Isto tudo ao mesmo tempo que defendia também a sua tese de doutoramento. A Rita tem sido um elemento muito importante no SCOM e tem-nos permitido, graças à sua criatividade, proatividade e qualidade, atingir outros patamares, que até agora não tínhamos explorado, na área da Comunicação de Ciência”.

– Coordenação do SCOM

Rita, desenhaste 31 ilustrações em 31 dias para o INESC TEC poder, pela primeira vez, celebrar o “Science Art October”. Podes explicar-nos em que consiste esta iniciativa?

Existe uma iniciativa chamada “Inktober” que lança uma lista de palavras e que, normalmente, ilustradores, artistas e tatuadores se associam e usam como mote para fazer um desenho por dia durante o mês de outubro. Eventualmente, artistas mais ligados a outras áreas acabaram por lançar iniciativas com a mesma premissa, mas ligadas a uma área em específico, como é o caso do “Sci-Art October”. A ideia inicial surge mais como ilustração científica baseada na biologia, mas acabou por ganhar novas dimensões e usa o termo “cientifico” como mote principal. O INESC TEC é um exemplo ótimo de uma casa que abraça projetos de várias áreas e que são perfeitos para serem ilustrados. Todos os anos, eu tento participar no “Inktober”, mas é bem mais difícil do que parece encontrar tempo no dia-a-dia para isso. Este ano comecei a desenhar e lembrei-me que seria uma ótima ideia fazer isto com os nossos projetos!

As ilustrações mostram projetos nos quais o INESC TEC se encontra envolvido e que nalguns casos lidera, dando a conhecer essencialmente resultados destes projetos (e.g., robôs). Qual é o maior desafio de comunicar ciência através da imagem? Como descreves o processo criativo?

O maior desafio é desemaranhar. Quando pegamos nestes projetos, eles têm uma linguagem característica, muitas vezes académica que nos explica todos os detalhes destes projetos – como se fosse um novelo. O desafio é pegar numa das pontas e desemaranhar o novelo para compreender qual é o ponto essencial e como o refletir em imagem. Há projetos onde a premissa é mais clara e mais simples de mostrar – como por exemplo um robô que vai fazer determinada operação; há outros em que a premissa pode ser clara mas não existe um objeto físico possível de ilustrar – por exemplo, projetos ligados a computação ou a cibersegurança. Aqui temos de pensar como uma criança, e neste sentido, ser uma fã de animação ajuda imenso: é preciso encontrar elementos facilmente identificáveis e que criem um auxiliar visual à compreensão dos projetos.

O que mais aprecias no teu trabalho?

Na realidade, o meu trabalho exige “ver”. Ver desenhos animados, ilustrações, imagens, vídeos. Esta parte é o que eu acho mais fascinante, criar um moodboard de imagens para conseguir chegar a uma imagem só que ilustre aquilo que os nossos investigadores e cientistas desenvolveram. Outra das coisas que acho que tem de existir neste trabalho, que faz toda a diferença, é ter a explicação do investigador – entenda-se aqui que não falo de um abstract de uma publicação, falo de interagir, de fazer perguntas e de tentar compreender coisas extremamente complexas de forma a comunicar de forma simples.

Como comentas esta nomeação?

Em primeiro a gratidão: aos meus responsáveis pelo reconhecimento do esforço neste trabalho, que me deu tanto gosto a construir, aos meus colegas por me ajudarem a conseguir cumprir todas as metas nesse mês e por me ajudarem a escolher os projetos certos (em tempo recorde!). Em segundo a motivação (com uma mensagem para os investigadores INESC TEC): continuem a produzir a ciência e tecnologia que eu estarei aqui para desenhar o que vocês alcançam e para ajudar a que os vossos resultados sejam reconhecidos em texto, em protótipo e em desenho.

Estela Cunha (CPES)

“A recente publicação do case study do European IP Helpdesk ‘Dual licensing in academic open-source software: Synergistic effects between open-source licensing and commercial software development & exploitation’, da qual a Estela é autora principal, foi o culminar de todo um ciclo de trabalho e aprendizagem sobre ecossistemas de inovação, nomeadamente na interação Academia – Indústria. A Estela tem desempenhado a sua função de gestão de operações do SAL com um brio e energia excecionais, sendo responsável por muitas das evoluções positivas que o Serviço tem sofrido. A sua vinda para o INESC TEC nasce da estreita colaboração entre o SAL e o CPES, em particular no projeto H2020 Interconnect no qual, o responsável pelo projeto David Rua, destaca que a Estela tem tido um papel importante no apoio que tem feito às open calls do projeto na articulação comigo e com os parceiros do projeto. Tem também estado envolvida na definição do exploitation plan dos parceiros do projeto em articulação com a Joana e a TNO”.

– Coordenação do CPES e do SAL

Para esta nomeação, destaca-se o trabalho e aprendizagem sobre ecossistemas de inovação, nomeadamente na interação Academia – Indústria. Em que consiste este trabalho e de que forma verteu para o case study publicado recentemente?

Vejo que ainda há um abismo entre aqueles que criam as invenções e geralmente estão próximos da academia, e aqueles que as utilizam no tecido empresarial. Claramente, essa distância não é por falta de interesse, já que os agentes envolvidos no ecossistema de inovação têm feito grandes esforços para conectar estes mundos; porém, acredito que ainda existe desconhecimento mútuo de formas/ferramentas para que haja transferência de conhecimento através de modelos que beneficiem todos, bem como de meios para formalmente percebermos as expectativas e realidades entre os diferentes parceiros. Assim, com o estudo de caso de licenciamento da tecnologia desenvolvida pelo INESC TEC, IBT, procuramos apresentar um exemplo concreto de como é possível, através do dual licensing, transferir uma tecnologia para uso corporativo e ao mesmo tempo disseminar conhecimento para colegas académicos, através de licenças open-source. Além de consolidar o caso e os seus resultados como uma ferramenta de educação para nós e para a comunidade, o seu processo de escrita também nos foi muito frutífero, pois ao entrevistarmos os envolvidos, conseguimos perceber ainda mais sobre as dificuldades de quem está ‘do lado das empresas’ e de como o facto do INESC TEC ter estrutura para dar apoios legal e estratégico de PI nessa troca de conhecimento pode alavancar pequenos negócios. O case study não é muito extenso e recomento a leitura aqui.

A Estela está também envolvida no projeto H2020 Interconnect, nomeadamente no apoio às open calls e plano de exploração. Quais têm sido os principais desafios de trabalhar num projeto como o Interconnect? Quais são os principais resultados que se esperam das open calls? Como é que se espera que a exploração de resultados possa beneficiar academia, indústria e sociedade no geral?

O InterConnect é um projeto massivo que já contava com 50 parceiros e que agora, com a primeira Open Call, irá envolver mais 10 PME. Apenas pelo seu tamanho, é possível compreender que o potencial do projeto é gigantesco, mas também que é necessário sermos cautelosos e estratégicos, já que mesmo as menores decisões têm impacto – tanto no dia-a-dia de dezenas de parceiros, como em centenas de consumidores reais que participam nos pilotos. Ver tantas pessoas dedicadas ao desenvolvimento e teste de novas soluções que podem mudar radicalmente a forma como a Europa consome energia é academicamente entusiasmante; por isso, encarei o meu papel (junto da equipa responsável pela ‘Exploitation’) de incentivar bons planos de exploração, para que as soluções criadas sejam adotadas para além do projeto e tenham, assim, um impacto ainda mais duradouro na indústria e na sociedade.

Do que mais gosta no seu trabalho?

Gosto de tentar encontrar formas de traduzir a importância de temas que nem sempre estão no topo das prioridades de um investigador (e.g., propriedade intelectual, planos de exploração, etc.) para que estes percebam o que têm a ganhar ao dedicar tempo e energia a esses mesmos tópicos. Assim, valorizo a abertura que tenho no INESC TEC para propor novos meios de estreitar relações e deixar os processos cada vez mais transparentes e menos burocráticos.

Como comenta esta nomeação?

Fiquei muito surpreendida e feliz! Além disso, como gestora de formação, gosto de pensar que a nomeação também representa um reconhecimento de que as competências de gestão podem ser grandes aliadas das competências técnicas e de engenharia. Aproveito também para agradecer aos muitos que me ajudaram a integrar neste novo mundo mais próximo da tecnologia e da academia.

Eduardo Castro (CTM)

“A Coordenação do CTM propõe para ‘Extraordinário’ o investigador Eduardo Meca Castro. O Eduardo é um investigador de um profissionalismo e motivação exemplares e que, no âmbito do seu doutoramento, tem desenvolvido um trabalho de grande impacto científico. Este trabalho científico tem sido feito juntamente com a colaboração em diversas atividades do centro. Entre essas atividades destacam-se a participação na organização de eventos científicos, a orientação de estagiários e de estudantes de mestrado, e o apoio na execução de projetos relacionados com o seu tema de doutoramento. Esta nomeação é sustentada pelo profissionalismo, disponibilidade e qualidade do trabalho realizado pelo Eduardo nas múltiplas atividades em que esteve envolvido, atingindo contributos extraordinários. Esta postura foi particularmente evidenciada no mês de outubro em que alcançou contribuições científicas muito relevantes, que permitiram dar respostas inovadoras a múltiplos desafios que se colocaram em vários projetos em curso, tendo as suas contribuições sido amplamente elogiadas por vários parceiros dos projetos”.

A Coordenação do CTM destaca o facto de o Eduardo ter alcançado “contribuições científicas muito relevantes, que permitiram dar respostas inovadoras a múltiplos desafios”. Quais são as principais contribuições que gostaria de destacar?

A contribuição científica de maior relevância é sem dúvida a publicação “Symmetry-based Regularization in Deep Breast Cancer Screening”, na revista Medical Image Analysis da Elsevier, com grande fator de impacto. Neste artigo, em conjunto com a minha equipa de orientação, mostramos que existem formas diversas de melhorar o desempenho de modelos deep learning para o diagnóstico do cancro da mama. Os métodos propostos partem da identificação de simetrias que queremos incorporar nos modelos. Por exemplo, o pressuposto de que a malignidade de uma lesão é independente da sua localização e orientação na mama leva-nos a desenhar modelos que tenham essa propriedade de raiz. As conclusões são obtidas no domínio do cancro da mama, mas o impacto destas técnicas vai para além disso. De forma direta, os mesmos argumentos podem ser usados para desenhar modelos noutras áreas de aplicação, particularmente quando os dados disponíveis para o treino destes modelos são limitados.

O Eduardo tem também apoiado na execução de projetos relacionados com o seu tema de doutoramento. Pode explicar-nos, brevemente, em que consiste o seu doutoramento? Que trabalho de investigação tem vindo a desenvolver e que resultados espera alcançar?

O meu doutoramento consiste no estudo das novas tecnologias de deep learning aplicadas ao diagnóstico do cancro da mama. É aplicação direta da tecnologia a uma área específica com impacto na sociedade. As últimas décadas têm trazido muitos avanços ao nível de hardware, disponibilidade de dados, sistemas de imagem médica e conhecimento. Neste contexto, a pergunta que se coloca é de que forma é que estes avanços podem ser alavancados para melhorar o diagnóstico no cancro da mama. Este estudo obriga-nos a perceber o potencial das novas tecnologias, mas também a reconhecer as suas limitações. O objetivo último é sempre permitir o desenvolvimento de novas soluções que melhorem a precisão no diagnóstico desta doença. Outra área de aplicação em que tenho trabalhado é a utilização de impressões digitais para autenticação. Apesar de serem temas diferentes os mesmos princípios aplicam-se. Recentemente conseguimos provar que a utilização de simetrias neste contexto também melhora a precisão dos nossos modelos.

Do que mais gosta no seu trabalho?

A nível pessoal, aquilo de que mais desfruto no meu trabalho é a aprendizagem constante, a sensação de que, através da experiência, as coisas que eram difíceis e pouco intuitivas no ano anterior, se tornam óbvias no ano seguinte. De um ponto de vista coletivo, a possibilidade de poder contribuir para um entendimento cada vez mais profundo da realidade.

Como comenta esta nomeação?

Fico feliz pelo reconhecimento. Sei que é o reflexo do meu trabalho, mas também do dos meus colegas e da estrutura que o suporta. É importante a nível individual haver motivação e esforço, mas também ao nível da estrutura que todos os dias sejam criadas condições para melhorar os nossos resultados. Sei que o CTM pode continuar a tornar-se uma referência importante a nível internacional nas suas áreas. Nesse sentido, ao nível da investigação, creio que devemos pensá-la cada vez de uma forma coletiva: quais são os nossos objetivos de grupo e qual o papel mais adequado para cada um para atingir estes objetivos.

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
EnglishPortugal