O reconhecimento europeu recai agora sobre duas tecnologias destinadas ao setor agroalimentar. A notícia surge poucos meses após um relatório indicar o INESC TEC como um dos principais motores nacionais de registos de patentes europeias.
A família de patentes europeias do INESC TEC cresceu. Isto porque duas tecnologias analíticas baseadas em espectroscopia foram patenteadas, alargando para 14 o lote de patentes concedidas detidas pelo INESC TEC no continente europeu.
Uma ferramenta portátil não invasiva que usa inteligência artificial (IA) para um diagnóstico em tempo real da estrutura interna das plantas (SPECTOM) e uma solução que faz uso de sistemas de IA para categorizar compostos químicos a partir da informação espetral de amostras complexas (BB-SPECTRAL) passam agora a integrar o leque de tecnologias protegidas do Instituto.
O INESC TEC lidera a atividade nacional em proteção de invenções por patente. Este ano, até ao momento, já foram oito. O European Patent Office (EPO) publicou recentemente um estudo desenvolvido pelo Observatório de Patentes e EPO, em cooperação com o Fraunhofer ISI, e coloca Portugal no top 20 europeu de patentes: o país está na 16ª posição entre 39 países. Desde 2017, o INESC TEC tem uma presença sólida no top 10 nacional revelado todos os anos neste relatório.
Com a concessão destas duas patentes europeias, o INESC TEC marca “um ponto crítico de patent fencing em tecnologias analíticas baseadas em espectroscopia”, explica Rui Martins, investigador do INESC TEC. No caso da SpecTOM, a proteção estende-se também a um pedido de patente atualmente em fase de exame nos Estados Unidos. Já a BBSpectral, que já contava com uma patente concedida no Japão, passa também a beneficiar desta concessão na Europa.
O reconhecimento nacional já tinha feito o seu caminho. O projeto SpecTOM, que nasceu de uma parceria entre o INESC TEC e a Universidade do Porto, foi um dos vencedores do BIP PROOF 20/21, obtendo na altura um financiamento para uma prova de conceito, no valor de 10 mil euros.
O projeto foi desenvolvido por Rui Martins, Mário Cunha e Bruno Santos, do Serviço de Apoio ao Licenciamento (SAL) e que prestou auxílio na transferência e valorização de tecnologia. E desenvolveu técnicas de espetroscopia para visualizar as estruturas internas das plantas e quantificar a composição dos diferentes tecidos em tempo real. Através da quantificação de metabolitos chave, torna-se possível efetuar diagnósticos bastante precisos sobre o estado e/ou evolução de doenças, lesões internas, e resposta aos tratamentos.
Já a tecnologia BB-SPECTRAL foi reconhecida em duas das suas áreas de aplicação: foi finalista do Prémio EARTO – Associação Europeia de Organizações de Investigação e Tecnologia, na categoria Innovation Award – Impact Expected, pelo projecto MyNPK, que categoriza, sem reagentes, os compostos químicos de amostras com uma exatidão semelhante aos resultados laboratoriais em parâmetros críticos. E venceu o Prémio de Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola na categoria de segurança Alimentar com o projeto Pocket Vet, que permite analisar o sangue e o leite no local de produção, e assim detetar precocemente a mastite bovina.
“Para explicar em que consiste os dados espetrais que são extraídos de amostras, pode dizer-se que o BB-SPECTRAL é único em definir a sua própria base de conhecimentos, indicando a priori a previsibilidade, exatidão e precisão das novas avaliações”, lê-se na descrição desta tecnologia
As patentes do INESC TEC têm sido citadas por empresas relevantes de todo o mundo. Das com maior impacto, salientam-se citações nos EUA e China e em área-chave e patentes de empresas como a Sony, X-Dev (Google), Huawei, por exemplo.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.



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