Tecnologia INESC TEC conquista primeiro lugar nos Prémios de Empreendedorismo e Inovação

O que têm em comum uma solução robótica que transmite informações para qualquer agricultor, uma tecnologia que usa inteligência artificial para detetar precocemente a mastite bovina e um scan para avaliação alimentar que verifica a qualidade dos cereais, prevê produção e deteta casos de fraude? É que são as três tecnologias desenvolvidas pelo INESC TEC e foram nomeadas para a 11ª edição dos Prémios de Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola.

Nomeado na Categoria de segurança alimentar e nutricional, Pocket-Vet – a tecnologia de IA- acaba de conquistar o primeiro lugar enquanto a Seedsight, que concorria na mesma categoria, arrecadou a menção honrosa Born from Knowlegde, atribuída pela ANI. O Orioos- a solução robótica – figurou na lista de nomeados da categoria de Transição e neutralidade Carbónica.

Os galardões são entregues anualmente e garantem “premiar quem faz o mundo avançar”, como forma de identificar os projetos nacionais mais inovadores nas áreas da transição energética e neutralidade carbónica, resposta a stresses bióticos e abióticos, valorização de recursos endógenos e segurança alimentar e nutricional.

Mas afinal, no que é que consiste o Pocket-Vet, que conquistou o primeiro lugar? Rui Martins, investigador do INESC TEC, explica: “é um sistema laboratorial baseado em espectroscopia inteligente. Como não usa reagentes, nem necessita de condições laboratoriais, permite analisar o sangue e o leite no local de produção, permitindo aferir atempadamente condições inflamatórias e o estado de saúde do animal, com implicações diretas na qualidade do leite, sendo uma das primeiras aplicações de Point-of-Care em pecuária de precisão”.

Os sistemas presentes no PocketVet foram desenvolvidos nos laboratórios do Centro de Robótica Industrial de Sistemas Inteligentes e TRIBE Lab do INESC TEC, em parceria com o Laboratório de Histologia e Embriologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS-UP), e cooperação com médicos veterinários especialistas da SVAExpLeite,Lda e da Segalab – Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar; assim como membros da Associação Portuguesa de Buiatria e produtores de leite associados ao estudo.

A mastite é uma das doenças que representa o maior custo na produção leiteira, e detetar o seu aparecimento numa fase precoce é critico para evitar a sua evolução e potencial alastramento ao efetivo leiteiro. A tecnologia de espectroscopia permite determinar instantaneamente com uma gota de sangue ou leite, o hemograma e a composição do leite, e diagnosticar uma manada de 120 animais de forma expedita e com custos muito reduzidos.

Para Rui Martins: “O mais importante reconhecimento deste prémio, é o facto de ser desejado pelas suas bases de aplicação – onde médicos veterinários e produtores gentilmente se voluntariaram e cederam as suas explorações para os desenvolvimentos efetuados. A participação voluntária e direta dos utilizadores finais no processo de desenvolvimento tecnológico é um caso raro na investigação portuguesa, mas é crítico para que possa existir um produto. A coparticipação na ciência por parte da sociedade é essencial para que o «deep tech» tenha impacto no nosso dia-a-dia.”

O Pocket-Vet usa a inteligência artificial BB-spectral, uma tecnologia patenteada e desenvolvida pelo INESC TEC que tem sido consecutivamente reconhecida nos seus diferentes use cases, nomeadamente o terceiro lugar alcançado no EARTO Innovation Award – Impact Expected pelo projeto NPK*.

O INESC TEC tem, de resto, um gabinete que tem como principal missão a proteção e o licenciamento de tecnologias. Marta Vranas, do Serviço de apoio ao Licenciamento, acredita que “a conquista destes prémios relevantes reflete o esforço contínuo do Serviço de Apoio ao Licenciamento em promover a valorização das tecnologias do INESC TEC e reforçar a importância estratégica destas iniciativas nas atividades de valorização do Instituto”.

Nomeada na mesma categoria, e detentora de uma menção honrosa está a seedsight, que garante a segurança e qualidade dos alimentos, combatendo fraudes e promovendo o comércio justo através de uma assinatura única e rastreável de cada matéria-prima.

“O desafio a que nos propomos responder tem como base três princípios”, adianta Joana Paiva, investigadora do INESC TEC e fundadora da spin off Seedsight. O primeiro é a produtividade. “Toda a gente sabe que até 2050 não vamos ter os recursos naturais suficientes para alimentar toda a gente, por isso, queremos maximizá-los”, explica. “Em segundo lugar, queremos entregar às pessoas uma alimentação mais saudável, sem contaminantes, sem pesticidas. E em terceiro, contribuir para a sustentabilidade, ou seja, diminuir o consumo de água, o consumo energético e diminuir as emissões de CO2 nesta indústria”.

O reconhecimento conquistado, adianta a investigadora, “reforça a nossa missão de transformar a cadeia alimentar com soluções tecnológicas que promovam a transparência, a sustentabilidade e a segurança, impactando positivamente o futuro da nossa sociedade”.

A concurso esteve também o Orioos, “um robô autónomo para monitorização de culturas permanentes, nomeadamente vinhas e pomares, efetuando a contagem de frutos e a deteção de doenças, partilhando esta informação com os agricultores de forma a promover a tomada de decisões mais informadas”, explica André Aguiar, investigador do INESC TEC.

Na prática, impulsiona a agricultura de precisão dando aos agricultores uma visão clara do estado das suas culturas e ajudando a controlar fitofármacos, otimizar a irrigação e planear processos essenciais, como colheita e deteção de doenças. O investigador garante que o grande impacto do projeto se prende com a “possibilidade de perceber onde há mais produtividade e onde há mais doenças, aplicando a quantidade de químicos estritamente necessária naquelas regiões efetuando uma pulverização mais controlada e mais informada”.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que projetos com o envolvimento do INESC TEC são distinguidos nos Prémios de Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola. A tecnologia do projeto SpecTOM e a tecnologia desenvolvida no âmbito do projeto Smart Trap, ficaram no pódio da oitava edição e, em 2019, o Water Percept, ficou entre os três finalistas.

Os investigadores referidos na notícia têm vínculo ao INESC TEC.

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