O INESC TEC participou no projeto THEIA – “Automated Perception Driving”, uma parceria entre a Bosch e a Universidade do Porto, que apresentou resultados em setembro. Foram desenvolvidos sensores para melhorar a segurança rodoviária e o Instituto desenvolveu arquiteturas de redes neurais para ajudar os veículos autónomos a “percecionar” melhor o ambiente envolvente.
E se, no futuro, entrarmos num carro e a principal preocupação não for o caminho que temos de fazer para chegar a casa em segurança? A ideia de um carro mais seguro, que transforma o condutor em passageiro, livre para conversar ou ler, enquanto o automóvel circula autonomamente tem décadas. Mas, para esse dia chegar, é preciso dotar estes veículos de uma melhor capacidade de decisão.
É aqui que entra o projeto THEIA, que durante três anos desenvolveu tecnologia para melhorar as capacidades sensoriais de carros autónomos através de algoritmos de perceção que tiram partido de dados recolhidos sensorialmente. O INESC TEC contribuiu na área da “perceção” – conceito chave na rota da mobilidade do futuro.
O papel principal do conjunto de sensores destes veículos é de ser um substituto da visão do condutor humano. Como? Percecionando o ambiente envolvente ao veículo e dando informações que permitam reagir de imediato ao contexto dinâmico que é a circulação rodoviária.
“Os contributos do INESC TEC para este projeto centraram-se sobretudo nas áreas de perceção através da tecnologia LiDAR (técnica de deteção remota que consiste na medição das propriedades da luz refletida em objetos distantes) e câmaras de vídeo, desenvolvimento de arquiteturas de redes neuronais eficientes para inferência em hardware, perceção explicável e transparência de algoritmos de Deep Learning, e computação segura em ambientes Cloud e Edge, focado no contexto de condução autónoma de veículos automóveis”, explica Luís Pessoa, investigador do INESC TEC.
Um dos principais desafios da perceção é prever comportamentos e ações em cenas dinâmicas. Os sensores desenvolvidos no âmbito THEIA reconhecem e distinguem ciclistas, peões e veículos – e os resultados podem contribuir para a segurança rodoviária, tanto de quem está no interior do veículo, como fora dele.
“Foi também objetivo deste projeto a melhoria da capacidade de decisão dos veículos autónomos através de inteligência artificial, ao mesmo tempo que integra a cibersegurança para proteção da integridade do sistema e da privacidade do utilizador”, acrescenta o investigador do INESC TEC.
Os resultados do projeto THEIA foram apresentados numa sessão pública de desmonstração de resultados que decorreu a 25 de setembro no edifício da Alfândega do Porto. O projeto “atingiu com sucesso os objetivos previstos” e representou um investimento global de 28 milhões de euros, envolveu 250 profissionais e teve como meta a publicação de 33 artigos técnico científicos e a submissão de dez pedidos de patente.
O projeto THEIA foi cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) e do Portugal 2020.