FRODDO – é o nome do projeto que vai contribuir, através do desenvolvimento e teste de soluções tecnológicas, para uma maior segurança e robustez de sistemas autónomos e conectados, como o dos carros sem condutor, apoiando a mobilidade centrada no utilizador. O INESC TEC é um dos parceiros deste projeto europeu, com um financiamento de quase seis milhões de euros, ao abrigo do programa de financiamento Horizonte Europa.
Os carros autónomos são concebidos para circular sem condutor, mas apenas mediante um conjunto de condições essenciais, que podem impor uma maior ou menor limitação à circulação, visando garantir a segurança. A isto chama-se domínios operacionais de projeto (ou na versão original anglo-saxónica Operational Design Domain – ODD).
A limitação da velocidade é um dos exemplos do tipo de restrições que se podem colocar à operação de veículos em modo automático, que estão a ODD – um conjunto de condições de operação de um sistema autónomo, estipulado pelos fabricantes, para garantir que um determinado veículo circula em segurança, num certo ambiente. Contudo, os ODD parecem limitar a utilização destes carros e foi, neste contexto, que surgiu o FRODDO, cujo objetivo é desenvolver tecnologia para aumentar a adaptabilidade e a sustentabilidade destas normas.
Este projeto, no qual o INESC TEC participa, prevê o desenvolvimento de soluções, nomeadamente, uma infraestrutura federada Digital Twin, apoiada por Inteligência Artificial (IA) confiável, para aumentar a adaptabilidade e a sustentabilidade dos ODD, e contribuir para a sua continuidade. “No âmbito deste projeto vamos desenvolver e testar um conjunto de métodos e ferramentas, baseados nos princípios de design de sistemas seguros, num ambiente federado Digital Twin, potenciando a utilização de sensorização avançada e IA explicável e supervisionada por humanos”, explica Hugo Paredes, investigador do INESC TEC.
Mas como é que se pode tornar os ODD adaptáveis e sustentáveis? O projeto FRODDO vai centrar-se sobretudo em três desafios principais: a disponibilidade de informações em tempo real; a precisão do posicionamento, navegação e cronometragem; a navegação segura e a gestão eficiente de áreas habilitadas para mobilidade cooperativa, conectada e autónoma (em inglês, CCAM – Cooperative, Connected and Automated Mobility), com geometrias e condições de trânsito não convencionais. Serão considerados ainda mecanismos de partilha de dados seguros e fiáveis.
Para isso, serão realizados quatro pilotos. “Vamos desenvolver uma interface multimodal para utilizadores de veículos autónomos; um protótipo de posicionamento, navegação e cronometragem para gestão de tráfego e uma plataforma de simulação para unificação de uma estrutura de Posicionamento-Velocidade-Tempo (PVT), para apoio a futuros ODD de veículos autónomos e para melhoria das condições de trânsito; um protótipo para deteção e resposta a objetos e eventos; e um protótipo PVT com posicionamento local, regras de gestão de tráfego e normas de segurança para frotas de veículos de reboques autónomos”.
De acordo com Hugo Paredes, a experiência do INESC TEC em computação centrada no ser humano e ciência da informação vai permitir ao consórcio desenvolver tecnologias inovadoras de Inteligência Artificial centradas nas pessoas. “O nosso objetivo é garantir que os utilizadores do sistema consigam interagir, sempre que necessário, com os fluxos de dados e a informação do Digital Twin, reduzindo o risco que decorre de decisões apresentadas pelos algoritmos que podem ser inviáveis, parciais e até induzir em erro”.
Espera-se que estas soluções possam beneficiar os atores com atividade na área CCAM, tanto a nível regional e nacional, como até global. “A tecnologia que nos propomos desenvolver no FRODDO poderá ser replicada em diferentes setores da indústria. Com o desenvolvimento de Digital Twins federados, assistidos por IA, queremos contribuir para fluxos de informação contínuos e adaptáveis, e soluções ODD confiáveis e seguras”. O investigador acrescenta ainda que a tecnologia vai ajudar a
quantificar o risco associado ao setor CCAM, assim como desenhar estratégias para gestão de tráfego, visando a segurança e contribuindo para uma navegação autónoma e conectada eficiente, mesmo em condições rodoviárias extremas.
O FRODDO junta 18 entidades, de 10 países europeus e é financiado pelo Programa Horizonte Europa da Comissão Europeia.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UTAD.