Casa cheia para a Última Aula de José Manuel Mendonça

Propôs-nos uma viagem pelas suas memórias e por alguns dos momentos mais marcantes da sua vida, desde os tempos da “pré-primária”, com a avó paterna em Esmoriz, passando pelo percurso – e paixão – pelas artes marciais, as experiências além-fronteiras, em países como Suíça, Dinamarca ou Reino Unido, e o início da carreira académica até ao trabalho em prol do Sistema Científico e Tecnológico do país e o contributo para as políticas públicas. No final, ainda nos deixou algumas reflexões sobre o papel da Universidade e da Ciência na resposta a desafios que o país e a sociedade enfrentam. Assim foi a Última Aula de José Manuel Mendonça, Professor Catedrático na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e Presidente do Conselho de Administração do INESC TEC. 

O auditório da FEUP encheu para assistir à sessão que assinalou a jubilação de José Manuel Mendonça, esta quarta-feira, dia 4 de janeiro, sob o mote “A Universidade para além de si própria e outras lições aprendidas”. “É um enorme privilégio poder partilhar este momento com a família próxima e tantos amigos e companheiros de caminho”, começou por dizer o Professor, para de seguida nos convidar a conhecê-lo “um pouco melhor”. “Eu, que sou muito genética e família, mas também o resultado das pessoas, dos projetos, dos sítios, das decisões e das aprendizagens que fizeram o meu caminho”, confessou.

Foi desta forma que nos levou por uma expedição ao longo da sua vida, recordando momentos que o marcaram, como por exemplo, quando depois de terminar o Doutoramento no Imperial College, em Londres, regressou a Portugal, e se deixou fascinar pelo trabalho que se fazia no recente criado INESC, onde iniciou funções – tempos que recorda como audazes e ousados, sobretudo no contacto com a Indústria. José Manuel Mendonça lembrou ainda a passagem pela Agência de Inovação, a Fundação Ilídio Pinho – e como escreveu, juntamente com Ilídio Pinho, “a quatro mãos”, a biografa deste -, a criação do Departamento de Engenharia e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia (DEGI), a participação na fundação de algumas start-ups, o lançamento das parcerias internacionais da FCT, o envolvimento na criação de Laboratórios Colaborativos, como o Forestwise, o contributo para as políticas públicas e a presidência do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, entre tantos outros marcos da sua carreira.

Terminou mostrando o desenvolvimento do Sistema Científico e Tecnológico em Portugal, ao longo dos últimos anos, reforçando a capacidade que o país tem demonstrado em situações de crise e desafiando a que haja mais ambição, por exemplo, na criação de produtos e serviços mais complexos e de maior valor acrescentado, na atração de jovens para as áreas STEM e na melhoria das carreiras ligadas à investigação, na desburocratização, e na priorização da ciência e da inovação. “Torga dizia que «a vida não se pode adiar» e eu acrescento nem as pessoas, nem as instituições, nem o país”, concluiu.

A Última Aula, que teve como mestre de cerimónias João Claro, Presidente da Comissão Executiva do INESC TEC e docente da FEUP, contou ainda com intervenções de Rui Calçada, Diretor da FEUP, José Fernando Oliveira, Diretor do DEGI, e de Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da Universidade do Porto. O Elogio ficou a cargo de Pedro Guedes de Oliveira, antigo presidente do INESC Porto e atual consultor da Administração do INESC TEC. A sessão contou ainda com testemunhos de Sérgio Castedo, Geneticista e amigo de longa data de José Manuel Mendonça, Luís Valente de Oliveira, Professor Catedrático na FEUP, Ilídio Pinho, Presidente da Fundação Ilídio Pinho, Manuel Heitor, antigo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Arlindo Oliveira, Presidente do INESC, e Sofia Canada, que recentemente concluiu o Mestrado em Gestão pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, com uma dissertação orientada por José Manuel Mendonça que lhe valeu o Prémio José da Silva Lopes 2022.

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