Estudantes do ensino secundário transformam o futuro da saúde em estágio no INESC TEC

Cinco estudantes do ensino secundário rumaram ao INESC TEC decididos a usar a ciência e a engenharia para transformar e revolucionar a saúde. Foi esta a premissa da 29ª edição do programa Ciência Viva no Laboratório – Ocupação Científica de Jovens nas Férias 2025, que decorreu entre os dias 7 e 11 de julho, no INESC TEC. Este programa é uma oportunidade promovida pela Ciência Viva, que permite a estudantes de todo o país experimentar o dia-a-dia da investigação científica e da inovação em contexto real.

O grupo deste ano foi então desafiado a responder à questão “Como é que a ciência e a engenharia estão a revolucionar a saúde?”, principalmente através do trabalho que o INESC TEC desenvolve nas áreas de Inteligência Artificial, Telecomunicações e Multimédia e Engenharia Biomédica. Durante uma semana, e através de atividades hands-on, sessões expositivas e exploração de tecnologias e ferramentas, sempre lado a lado com investigadores, foi possível abrir as portas do mundo da ciência e da tecnologia e perceber melhor de que forma este trabalho tem impacto na sociedade.

 

A inteligência artificial na saúde

A jornada deste grupo de jovens cientistas começou com uma abordagem inovadora da saúde, com a utilização de inteligência artificial (IA) em processos médicos, como por exemplo em diagnósticos por imagem, medicina personalizada ou apoio em decisões clínicas. Foi possível neste dia explorar o funcionamento de ferramentas de recuperação de informação, que, com a utilização de algoritmos de IA e de modelos de linguagem, permitiram perceber diferentes formas de apoiar clínicos na pesquisa de casos semelhantes para suportar as suas decisões.

 

A imagem médica e as redes neuronais

Como é que os computadores conseguem interpretar imagens ou reconhecer objetos? Como conseguimos usar dados recolhidos por inteligência artificial de forma a serem capazes de extrair conhecimento útil? Estas foram algumas das questões abordadas no dia dedicado à visão computacional e ao potencial destas máquinas para auxiliar profissionais na área da saúde.

Daniela Santos, investigadora do INESC TEC na área das Telecomunicações, foi uma das mentoras neste tópico e afirma que “foi muito gratificante acompanhar o entusiasmo e a curiosidade dos alunos, mesmo sendo tão jovens. A dinâmica ao longo da semana foi excelente, e foi um prazer poder partilhar conhecimento e mostrar-lhes algumas das muitas possibilidades de futuro que a ciência e a tecnologia têm para oferecer”. Em suma, “a experiência superou todas as expectativas”.

CSI Biomédico

Há simples objetos do quotidiano que, equipados com sensores, nos permitem, atualmente, monitorizar o ser humano nas suas atividades, detetar problemas de saúde, simplificar um acompanhamento hospitalar ou mesmo antecipar alguns episódios críticos. Os jovens estagiários observaram e experimentaram neste dia aplicações inovadoras, mas que são já estudadas em laboratório.

“Os alunos tiveram a oportunidade, por um lado, de conhecer alguns dos wearables que desenvolvemos e conhecer os nossos laboratórios, e, por outro, numa atividade prática ao ar livre, exploraram diversos sensores e de que forma estes nos permitem retirar informações importantes sobre o nosso corpo”. Estas palavras de Rita Vieira e de Duarte Carvalho, investigadores do INESC TEC na área da engenharia biomédica, explicam o que foi feito no âmbito da biomedicina. Em relação ao envolvimento do grupo, os investigadores não têm dúvidas, “os estudantes conseguiram idealizar um projeto criativo na área dos sensores biomédicos, revelando já algum espírito crítico e interesse pela investigação”.

 

O desafio final

No final do estágio, e com base em todos os conhecimentos adquiridos, os estudantes tiveram a oportunidade de preparar e apresentar um projeto que consideram capaz de ajudar, no futuro, a melhorar procedimentos no setor da saúde. Chamaram-lhe “Oral Scan” e trata-se de uma tecnologia inovadora que pretende abordar os problemas de saúde oral existente em Portugal. Para isso, criaram uma escova de dentes equipada com sensores que permite a recolha de dados biológicos capazes de detetar doenças, como o cancro, ou mesmo antecipar questões de saúde mais comuns, como por exemplo a diabetes. Durante os trabalhos, foi ainda possível criar um website dedicado, definir parceiros estratégicos e também alinhar ideias para a promoção da tecnologia e desenvolvimento de estratégias de comercialização. Este projeto foi apresentado a um painel de avaliadores no último dia de estágio, colhendo feedback sobre a exequibilidade tecnológica da ideia, bem como o seu potencial de negócio.

Ana Filipa Sequeira, investigadora do INESC TEC na área das Telecomunicações, foi uma das juradas. “É sempre com muito gosto que me vejo envolvida nas atividades da Semana Ciência Viva no INESC TEC. Ao longo da semana tiveram múltiplas oportunidades de aprender coisas novas e fiquei agradavelmente surpreendida com o projeto apresentado, em que mobilizaram grande parte do novo conhecimento adquirido de uma forma audaz e ambiciosa.”

Por sua vez, Sara Brandão, responsável pelo Gabinete de Estudantes na Investigação, e também elemento do painel de avaliadores, destaca o trabalho desenvolvido ao longo da semana. “É impressionante ver o que estes estudantes conseguiram desenvolver em tão pouco tempo, com criatividade, espírito crítico e verdadeiro entusiasmo. Ver estes jovens a mobilizar novo conhecimento e a propor soluções para desafios reais mostra o enorme potencial que existe quando abrimos as portas da ciência.” Alinhada com o objetivo do Gabinete, que tem como missão “enriquecer o percurso de investigação dos estudantes do INESC TEC, em conexão com o ecossistema científico e empresarial”, esta iniciativa revela-se muito importante. “Precisamos de mais oportunidades como esta, que liguem a investigação à sociedade e semeiem o futuro da ciência desde cedo”.

 

O “Ciência Viva no Laboratório” é um programa de estágios de Verão para estudantes do 9.º ano do Ensino Básico ao 12.º ano do Ensino Secundário e Ensino Profissional, que oferece aos jovens a oportunidade de estagiar gratuitamente em instituições científicas nacionais. O programa tem como objetivo promover o ensino experimental da ciência e fomentar a atração dos jovens para carreiras científicas.

 

Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.

 

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