Consegue imaginar uma ferramenta de Realidade Virtual (RV) capaz de auxiliar qualquer estudante ou recém-licenciado na procura ativa de emprego? O INESC TEC trabalhou, durante dois anos, no projeto Life Skills VR que desenvolveu uma aplicação única que identifica as forças e capacidades de jovens prestes a entrar no mercado de trabalho, direcionando-os para determinada profissão.
Durante a pandemia Covid-19, milhares de jovens viram-se obrigados a competir no mercado de trabalho não só com os outros colegas recém-formados, mas também com os trabalhadores experientes que ficaram desempregados. Neste contexto, foi desenvolvida uma app, usando técnicas de gamificação, que foi testada por aproximadamente 300 participantes dos cinco países envolvidos no projeto – Portugal, Itália, Reino Unido, Malta e Grécia.
“Em conjunto com os restantes parceiros do consórcio, colaborámos na definição de necessidades e especificação da aplicação. Fomos ainda responsáveis por conduzir uma série de testes à aplicação, em Portugal. Aliás, a reunião de avaliação final para verificar a implementação do projeto e apresentar os seus resultados, assim como o relatório aos avaliadores aconteceu em território português”, adianta o investigador do INESC TEC, Demetrius Lacet, referindo-se ao evento final do projeto Life Skills VR, que aconteceu na Escola de Turismo de Portugal em Coimbra, no mês de abril.
Na prática, a aplicação combina a interatividade da RV com os critérios de personalidade propostos no modelo de Holland, conhecido como RIASEC, que postula que as personalidades e os ambientes podem ser de seis tipos: Realista, Investigador, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional. Desta forma, a solução proposta apresenta-se como uma ferramenta inovadora, ao permitir um maior envolvimento dos utilizadores na definição e experimentação de diversos cenários quanto às suas opções profissionais.
“Testes vocacionais são utilizados há bastante tempo, mas para além do envolvimento deficitário nos testes e questionários, os resultados não vão além da apresentação de áreas de afinidade. Nunca se criou uma ferramenta capaz de oferecer um envolvimento suficientemente atrativo para jovens da geração atual. O que existe, hoje, é apenas em formato web. Ao criar uma atmosfera virtual e fazer com que o público-alvo teste o código RIASEC neste ambiente, pode-se dar a oportunidade de usar a experiência e conhecimento adquirido no mundo real para criar uma variedade de situações no mundo virtual”, esclarece Demetrius Lacet.
A app está agora em fase de testes e a versão final estará em breve disponível. Através deste inovador sistema, espera-se aumentar as competências digitais através do uso de aplicações de RV, aprender a lidar com falhas e planear resultados positivos e desenvolver competências de trabalho em equipa.
No projeto estiveram envolvidos, além do INESC TEC, o Centre for Factories of the Future Limited do Reino Unido, a Fondazione Polo Universitario Grossetano e o ARTES 4.0 – Advanced Robotics and Enabling Digital Technologies & Systems de Itália, o Mediterranean Maritime Research and Training Centre de Malta e a empresa IDEC da Grécia. O evento final e o projeto contaram ainda com a colaboração da Delegação de Coimbra da Universidade Aberta (UAb), através do Núcleo do INESC TEC na UAb.
O investigador do INESC TEC mencionado na notícia tem vínculo à UAb, à UTAD e ao INESC TEC.