INESC TEC produz tecnologia para valorizar a aplicação de chorume, um fertilizante orgânico e sustentável

Produzir mais, mas com menos terra fértil disponível: é este um dos desafios para o devir. Até porque seremos mais de nove mil milhões em 2050 e estima-se que para alimentar a população tenhamos de aumentar a produção em 70%.  Como se isso não bastasse, tem-se registado um aumento nos custos de fertilizantes minerais – urge, por isso, uma solução económica e rentável para os agricultores. É aqui que entra o chorume, a tecnologia SMART FERTILIZERS e o INESC TEC. 

O INESC TEC desenvolveu, no âmbito do projeto SMART FERTILIZERS, que terminou em março, uma tecnologia de sensorização e de automação numa cisterna para fertilizar solos com chorume – um fertilizante líquido resultante da mistura de dejetos de animais, restos de alimentos e águas de lavagem – e aplicá-lo de acordo com as necessidades do local. 

Motores da intensificação agronómica, os fertilizantes ganham relevância no contexto da agricultura de precisão e o chorume assume-se como uma alternativa sustentável e orgânica. Este produto veicula macronutrientes como azoto, fósforo e potássio que não podem ser negligenciadas no processo agronómico das explorações agrícolas.  

O SMART FERTILIZERS juntou a experiência da Herculano, empresa de reboques e máquinas para a agricultura, como cisternas e alfaias, e a tecnologia do INESC TEC. Como? Ora, a empresa sediada em Oliveira de Azeméis pretendia desenvolver uma cisterna para aplicação precisa de chorume: quantidade certa, na localização certa e no momento certo. O que estava em causa era um sensor – o sensor Near Infra Red (NIR) – para “ler” e perceber a quantidade de cada macronutriente relevante. 

Estes sensores têm um valor comercial elevado e um dos desafios era desenvolver essa tecnologia a um valor competitivo. “O desafio lançado ao INESC TEC foi o de desenvolver uma tecnologia modular de custo adequado para os pequenos e médios produtores, e que pudesse ser utilizado nas novas cisternas do Herculano, mas também nas cisternas já existentes”, diz Filipe Neves dos Santos, investigador do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS) do INESC TEC e líder do projeto. 

A produção de chorume em Portugal está concentrada maioritariamente em duas regiões: Entre Douro e Minho e Beira Litoral, mas existem por toda a Europa “hotspots” de produção animal com potencial para aplicar esta tecnologia. Os problemas ambientais associados a estes hotspots podem ser mitigados com a valorização agronómica inteligente dos efluentes animais promovendo a acumulação de carbono e fertilidade dos solos. 

“Com esta tecnologia do projeto SMART FERTILIZERS existe um potencial enorme de valorização do chorume por parte dos produtores. A solução fornece em tempo real a composição do chorume em termos de macronutrientes, e é capaz de ajustar a aplicação de acordo com a necessidade do terreno e cultura”, acrescenta o investigador.  

Ricardo Teixeira, da Herculano, frisa ainda o fator preço:Devido aos altos custos, principalmente causados pelo aumento dos custos de energia, os fabricantes de fertilizantes estão a limitar a sua produção. Isso ameaça a disponibilidade de fertilizantes químicos para a próxima temporada.” 

O SMART FERTILIZERS, que contou com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, tem, diz o responsável, “um enorme potencial de sucesso para os agricultores de todo o mundo”. 

 

O investigador do INESC TEC mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC. 

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