Investigadores do INESC TEC detetaram atividade sísmica a longa distância na Ilha da Madeira

A equipa liderada pelo investigador do INESC TEC, Orlando Frazão, detetou, pela primeira vez, atividade sísmica a longa distância, na Ilha da Madeira, através do uso da tecnologia de deteção acústica distribuída (DAS – Distributed Acoustic Sensing).

O grupo, composto ainda por Susana Silva, Catarina Monteiro e Cristina Cunha, procedeu à instalação de um sensor acústico distribuído (HDAS – HiFi – Distributed Acoustic Sensor) na Estação de Cabos Submarinos da EMACOM, no lugar do Amparo, Ilha da Madeira, com o objetivo de monitorizar atividade sísmica. O HDAS, fornecido pela Universidade de Alcalá, Espanha, foi instalado numa fibra do cabo EllaLink para medir e registar deformações ao longo dos 50 km de fibra ótica. A colaboração da FCCN assegurou a conectividade via internet da ilha para o continente. Internamente, a cooperação dos serviços de administração de sistemas do INESC TEC, nas pessoas de Jaime Dias e António Carlos Sá, foi fundamental para garantir o armazenamento dos dados.

A equipa do INESC TEC procedeu à recolha dos dados, os quais foram posteriormente processados e analisados em parceria com Hugo Martins do IO-CSIC de Madrid, Espanha. A análise decorreu entre 31 de janeiro e 10 de fevereiro de 2023, destacando-se, entre outros eventos, um telesismo com uma magnitude de 7.8 na escala de Richter ocorrido na Turquia em 6 de fevereiro de 2023, como é possível visualizar na Figura 1.

Figura 1 – Espetro temporal da distribuição da deformação medida ao longo dos 50 km de fibra ótica. É visível um evento de alta intensidade (10:32:46) correspondente ao sismo detetado na Turquia (6 de fevereiro de 2023).

A Figura 2 apresenta o espetro do número de onda em função da frequência de deteção acústica distribuída, revelando o efeito da propagação do sismo no oceano através das ondas oceânicas e sísmicas. Apesar de não ter sido sentido pela população nem causado danos, este sismo foi detetado por estações sísmicas na Madeira, Porto Santo e Canárias. A tecnologia HDAS usada nestes testes também permitiu detetar outros eventos, a longa distância e locais, de menor magnitude. Este avanço representa um marco significativo na capacidade de monitorização sísmica através da tecnologia DAS, utilizando os cabos submarinos existentes. Adicionalmente, a tecnologia demonstra um enorme potencial nas áreas da oceanografia e cetologia, tendo já sido comprovada a sua eficácia na monitorização estrutural de cabos subterrâneos de fibra ótica.

Figura 2 – Espetro do número de onda em função da frequência de deteção acústica distribuída, para 2 h de dados relativos à deformação medida nos 50 km de fibra ótica: separação de ondas oceânicas (vertical) e sísmicas (horizontal).

O INESC TEC e as instituições mencionadas fazem parte do projeto europeu SUBMERSE, cujo principal objetivo é instalar equipamentos DAS e SoP em Portugal, Grécia e Noruega para o armazenamento, processamento e análise dos dados recolhidos para fins geofísicos.

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