Quase a completar o seu primeiro ano de duração, o projeto CONVERGE, coordenado pelo INESC TEC, já deu cartas numa das principais conferências da IEEE Communications Society, a GLOBECOM, na Malásia, com a organização de um painel. “Convergence of wireless communications and computer vision: a new paradigm created by the CONVERGE project” procurou debater as novas oportunidades e desafios potenciais que podem ser antecipados pela utilização de ferramentas que combinam rádio com visão computacional.
O futuro das telecomunicações é convergente: comunicamos para ver, vemos para comunicar. Com a chegada do 6G é cada vez mais importante criar ferramentas que permitam explorar o cruzamento entre tecnologias como as comunicações sem fios e a visão computacional, e que possam servir de apoio à comunidade científica. Que impacto terão essas ferramentas? Como poderão potenciar o desenvolvimento de novas tecnologias e formas de comunicação? Como garantir a proteção de dados?
Estas foram algumas das questões discutidas pelo painel que destacou a importância de capacitar as comunicações sem fios da próxima geração com tecnologias como a visão e o sensing multimodal, tornando possível o rastreio de utilizadores mesmo sem dispositivo móvel, a gestão eficiente de feixes de comunicações e o controlo de superfícies inteligentes reconfiguráveis. Além disso, salientaram a importância de preparar o terreno para a incorporação de novas arquiteturas de sensing e comunicações integradas (ISAC), que permitirão ligações sem fios avançadas e maior capacidade de sensorização, possibilitando o desenvolvimento de novas aplicações, como comunicações semânticas, comunicações holográficas ou digital twin.
A realização de progressos científicos neste domínio exige infraestruturas de investigação acessíveis à distância, conforme explica Luís Pessoa, investigador do INESC TEC e líder do projeto CONVERGE: “Este projeto vai permitir a experimentação com equipamento físico real, a simulação de modelos computacionais (digital twin), a exploração de algoritmos de Inteligência Artificial e a recolha de datasets sincronizados de visão-rádio que possam estar disponíveis como dados abertos para a comunidade. Acima de tudo, acredita-se que a reprodutibilidade é a chave para o progresso científico e para a própria indústria das telecomunicações”.
Nesta edição, a GLOBECOM contou com mais de 2000 participantes de 70 países, representando um dos maiores eventos mundiais na área das telecomunicações. “É um importante marco para o CONVERGE ter sido aceite para dinamizar um Industry Panel, no seu primeiro ano de execução. Esta é uma excelente plataforma para divulgar o projeto a um público vasto e especializado e permitiu envolver a comunidade numa enriquecedora discussão em torno destes temas”, refere o investigador.
O INESC TEC esteve representado no painel por Manuel Ricardo, Diretor Associado do INESC TEC, no papel de moderador, e por Luís Pessoa. A estes juntaram-se Youssef Nasser (Greenerwave), Ivan Seskar (Rutgers University), Hamed Tavakoli (Nokia) e Serge Fdida (University of Sorbonne).
Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.