O primeiro Centro de Competências Português em Semicondutores chegou para estabelecer pontes — entre a academia, a indústria e o resto da Europa

Impulsionado pela necessidade e em linha com a estratégia europeia de reforçar a capacidade da indústria portuguesa de semicondutores, foi criado o Centro de Competências Português em Semicondutores (POEMS). Lançada oficialmente em abril, a iniciativa conta com a participação do INESC TEC e de mais 15 parceiros.

São dispositivos minúsculos, acompanham-nos diariamente nas nossas rotinas sem que disso nos apercebamos, mas a sua dimensão é inversamente proporcional à importância que detêm no mundo em que vivemos. Omnipresentes em todos os aparelhos eletrónicos, e usados para armazenar ou processar dados, os chips são a peça central de telemóveis, computadores e até carros, pelo que se acredita que qualquer passo dado rumo ao aperfeiçoamento e produção destes dispositivos representa uma vantagem — seja económica, política ou tecnológica — para quem o conseguir.

Na génese dos chips estão os semicondutores, materiais que já configuram, por si só, uma indústria, na qual Portugal detém ainda expressão residual, apesar do crescimento tecnológico registado ao longo dos últimos anos. Aumentar a capacidade de investigação, desenvolvimento e produção na área são, por isso, objetivos que estabeleceram a necessidade estratégica na origem do POEMS, o Centro de Competências Português em Semicondutores, lançado oficialmente a 8 de abril, que com participação do INESC TEC e de mais 15 parceiros.

Entre os principais objetivos do POEMS está a monitorização do trabalho feito na indústria e na investigação, enquadrá-lo nas necessidades do país e potenciar a transferência de conhecimento entre a academia e as empresas. Para tal, serão criados grupos de trabalho conjuntos, de forma a promover a colaboração de professores, investigadores e profissionais, incentivar o desenvolvimento conjunto de projetos de I&D e a transferência de conhecimento e tecnologia.

Aferir as carências das empresas será uma prioridade, sendo-lhes atribuído um “papel ativo na definição das formações, de forma a assegurar que respondem às necessidades atuais e futuras”, aponta Luís Miguel Pinho, investigador do INESC TEC. A estratégia de formação e requalificação dos profissionais – que será especializada e adaptada a níveis técnicos de superiores – constitui, de resto, um dos contributos mais significativos da instituição, assumindo mesmo um papel de coordenação neste âmbito. A “avaliação periódica das necessidades de formação” será o ponto de partida deste processo, que pretende “mapear o panorama nacional da oferta de formação e educação”.

Para além da vertente formativa, a ponte que o POEMS pretende estabelecer entre a indústria e a academia será reforçada por via da consultoria, mentoria e apoio ao empreendedorismo. Também nesta aposta o INESC TEC estará ativo, contribuindo com competências dos domínios das telecomunicações e multimédia, fotónica, computação centrada no humano e ciência da informação, e inovação, tecnologia e empreendedorismo.

Abre-se assim caminho para a utilização mais fácil, por parte de empresas e profissionais, de ferramentas e tecnologias desenvolvidas por outras iniciativas, como são os casos das linhas piloto ou do Design Platform, nas quais Portugal também participa. “Será permitido o acesso de PMEs e start-ups a ferramentas com menores custos e, por outro lado, a aposta em fomentar as ferramentas de open-source”, esclarece Luís Miguel Pinho. “O centro de competências tem aqui um papel importante, em facilitar o acesso das empresas a estas iniciativas.”

As pontes que o POEMS pretende construir estendem-se também para o exterior, com o centro a articular-se em permanência com iniciativas europeias semelhantes – uma rede está atualmente a ser estabelecida –, de forma a “criar sinergias e reduzir duplicações de esforços”. “É um dos nossos objetivos que os diferentes centros sejam o máximo possível complementares em termos de tópicos, devendo colaborar entre si, para facilitar o acesso de uma empresa de um determinado país a uma competência mais forte noutro país”, aponta. A união deverá também surtir frutos, através da colaboração contínua com entidades públicas, na “definição de estratégias e programas de financiamento”.

Para além do INESC TEC, o Centro de Competências Português em Semicondutores é ainda composto por mais 15 parceiros: Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), Universidade de Aveiro, Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI), Ciência Viva, UNINOVA, INESC Microssistemas e Nanotecnologias, Universidade do Porto, PQI-Portuguese Quantum Institute, Universidade do Minho, INESC-ID, Instituto Superior Técnico, VORTEX-CoLab, Instituto de Telecomunicações, Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Coimbra.

O investigador mencionado na notícia tem ligação ao INESC TEC e ao IPP-ISEP.

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