Projeto Ecovale e o legado de eficiência energética na comunidade

Durante dois anos, o projeto Ecovale promoveu a participação ativa da comunidade de Vila Nova de Famalicão e Barcelos em diferentes ações de sensibilização para a vulnerabilidade energética e para a eficiência energética. Ações de formação para adultos e crianças, uma plataforma de inovação, clubes de energia nas escolas e muitas horas de troca conhecimento depois, a mensagem é clara: estamos no caminho certo para poupar mais energia e ser ainda mais sustentáveis, e o INESC TEC faz parte desta missão.

 

Vamos falar de números: no âmbito do projeto Ecovale foram contactadas mais de 2000 crianças e jovens, dinamizadas ações de formação em 14 escolas, criados clubes de eficiência energética que envolveram professores e alunos em projetos práticos, instalados 19 sistemas de monitorização de consumo nas escolas e organizados 14 workshops para adultos. Mas, para Zenaida Mourão, investigadora do INESC TEC, os resultados reais ultrapassam em muito estes números: “durante o projeto, sentimos que a comunidade dos concelhos abrangidos mudou efetivamente as suas práticas de consumo de energia e do uso de equipamentos. Nas escolas, por exemplo houve uma melhoria muito significativa dos conhecimentos sobre conceitos chave – como o que é a energia, fontes de energia renováveis e fósseis, eficiência energética, transformação de energia, conservação de energia – após as sessões de formação. Percebemos, também, que as crianças sentem mais frio e calor em casa do que na escola, e muito mais desconforto no verão do que no inverno, o que as ajudou a melhor compreender o conceito de pobreza energética​”.

Em geral, as crianças reportaram elevada adesão a comportamentos eficientes ​e, para Alexandre Rodrigues, da CEVE – Cooperativa Elétrica do Vale d’Este -, promotora da iniciativa, essa é a chave para o sucesso da iniciativa. “Nas sessões com os adultos abordámos temáticas como a utilização eficiente de eletrodomésticos, iluminação e serviços digitais de energia, a comparação de tarifas e horários de consumo, o acesso a investimentos financiados e a monitorização de consumos domésticos. No entanto, sabemos, por experiência, que são os pequenos gestos que os mais pequenos levam para casa que fazem a diferença no comportamento final”. E esta é, afinal, a grande conquista deste projeto: um legado de cidadania energética e literacia para a eficiência.

 

Construir um futuro mais sustentável

No âmbito do projeto foi ainda crida uma plataforma de inovação aberta, onde estão a ser submetidas as ideias da comunidade para promover práticas energéticas mais sustentáveis e que promovam a mitigação da pobreza energética, e clubes de eficiência energética nas escolas. “Este é um trabalho que terá continuidade para lá do término do projeto, deixando ao dispor da comunidade um conjunto de recursos educativos acessíveis a todos através do seu website, incluindo vídeos, folhetos e guias práticos. As escolas continuarão a participar em desafios e competições que promovam práticas eficientes de consumo energético e a desenvolver projetos práticos”, conclui Zenaida Mourão.

O evento final foi também uma oportunidade para refletir sobre os desafios de construir uma sociedade que valoriza cada vez mais a eficiência energética.  Sandra Ferreira, da ERSE, apresentou o Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia (PPEC), uma iniciativa que apoia projetos que promovem o uso mais eficiente da energia elétrica junto de consumidores domésticos e empresariais, e ao abrigo da qual o Ecovale foi financiado. João Fernandes, da DECO, refletiu sobre a relação entre transição energética e pobreza energética, destacando o papel do consumidor neste processo e os desafios para garantir uma transição justa e inclusiva. Já Marta Gabriel, do INEGI, abordou as implicações da pobreza energética na saúde, sublinhando como as más condições térmicas nas habitações podem afetar o bem-estar físico e mental das populações mais vulneráveis.

O projeto Ecovale foi promovido pela CEVE – Cooperativa Elétrica do Vale d’Este, com apoio técnico do INESC TEC e financiamento da ERSE, através do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia (PPEC).

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