E se os operadores de fábrica pudessem usar uns óculos que lhes permitissem ver, além do ambiente real, um conjunto de informação adicional, como por exemplo instruções sobre operações de produção ou de controlo de qualidade? Este é o objetivo do DEO – Digital Enhanced Operator, um projeto que junta o INESC TEC, a Skill Augment, e a Volkswagen Autoeuropa, e que vai levar a realidade aumentada à indústria automóvel, melhorando as capacidades dos operadores e contribuindo para o aumento dos níveis de produtividade e qualidade da produção.
A partir da área de controlo de qualidade da linha de produção da fábrica Volkswagen Autoeuropa, será desenvolvida uma solução piloto, que visará a implementação de soluções de realidade aumentada, com o intuito de melhorar as capacidades dos operadores no chão de fábrica. Em concreto, o projeto DEO pretende apoiar operações de produção e de controlo de qualidade, disponibilizando de forma visual um conjunto de informação, como por exemplo instruções sobre procedimentos específicos a ter em conta em determinadas etapas produtivas, através de HMD’s (em inglês, Head Mounted Displays), especificamente óculos de realidade aumentada.
“Desta forma, pretendemos contribuir para um aumento de produtividade e, simultaneamente, para o aumento de qualidade e redução do erro humano na linha de produção, adaptando assim o operário à digitalização do chão de fábrica e proporcionando-lhe um reforço cognitivo e personalizado”, explica Filipa Ramalho, acrescentando que o projeto trabalhará no desenvolvimento das componentes do produto KIT-AR da empresa tecnológica parceira do projeto Skill Augment.
Segundo a investigadora do INESC TEC, “em termos gerais, o sistema de realidade aumentada industrial vai identificar o tipo de intervenções necessárias, sintetizar e disponibilizar essa informação ao operador, de forma adaptada às suas necessidades, quando e onde necessário. O conteúdo é reproduzido com base num sistema de execução de processos, apoiado por modelos baseados em contexto”, refere.
Além disso, o sistema permitirá uma verificação em tempo real das ações e, em caso de deteção de anomalias, as mesmas serão visualmente assinaladas ao operador. “O feedback dado ao trabalhador sobre a correta conclusão de cada tarefa, no final da mesma e não a posteriori, além de ser um fator distintivo, permite implementar medidas de controlo de qualidade, usando técnicas avançadas de machine learning e de machine vision, ao contrário das soluções atualmente existentes, que recorrem a checklists estáticas”, reforça Filipa Ramalho.
Um último aspeto diferenciador neste projeto prende-se com o facto de “a solução fazer a utilização combinada de process mining e da análise de dados, recolhidos durante a execução do trabalho, permitindo às equipas de engenharia e de gestão ter rastreabilidade sobre processos manuais, avaliar a existência de possíveis estrangulamentos de desempenho e variabilidade do processo, com o objetivo de verificação da conformidade dos processos produtivos”.
O projeto DEO é financiado pelo programa Portugal 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional da União Europeia, tendo um orçamento global superior a 830 mil euros.
A imagem em destaque é uma fotografia ilustrativa da solução KIT-AR, cedida pela Skill Augment.
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