Alexandra Mendes, investigadora do INESC TEC, é uma das vencedoras do Atlantic Security Award, promovido pela FLAD, com uma proposta que visa a utilização de um grande modelo de linguagem (LLM – Large Language Model), treinado com dados da dark web, na tomada de decisão e na elaboração de políticas e estratégias de defesa, assim como na aplicação da lei na segurança da região do Atlântico.
Corriam os últimos meses de 2023 quando Alexandra Mendes, na altura Visiting Researcher na Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, numa reunião semanal do grupo de investigação no qual esteve integrada (liderado pelo Prof. Nicolas Christin), se cruzou com um projeto de investigação no qual as flutuações dos preços nos mercados de droga eram analisadas com recurso a dados da dark web. É neste espaço obscuro da Internet, composto por redes encriptadas intencionalmente escondidas, que muitas ações criminosas são orquestradas.
Não foi até meses mais tarde quando, ao ouvir do Atlantic Security Award — promovido pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), o Centro do Altântico e o Instituto da Defesa Nacional (IDN) —, decidiu juntar um LLM, ou seja, um sistema de inteligência artificial (IA) capaz de perceber e gerar linguagem humana para processar grandes quantidades de informação, à equação.
Uma “excelente oportunidade”, sublinha a investigadora do INESC TEC, “para explorar a forma como os LLM poderiam melhorar a análise dos vastos dados disponíveis na dark web”, juntamente com técnicas de prompt engineering, as quais assentam na estruturação de instruções que podem ser interpretadas e percebidas por modelos generativos de IA. Ganhava, assim, forma, uma proposta — que acabaria por se tornar vencedora.
Desta investigação deverá resultar um protótipo que recorre a um LLM, treinado e afinado, para tratar um conjunto abrangente de dados da dark web e, consequentemente, contribuir para a segurança no Atlântico. Ao mesmo tempo, estes dados também deverão ter impacto na formulação de estratégias e políticas de defesa e no planeamento de operações contra o cibercrime, comércio ilegal e outras práticas ilícitas que ocorrem no Atlântico, e que acabam por surgir neste espaço da internet sem controlo.
“Para combater eficazmente as atividades criminosas online, e contribuir para as políticas de segurança e defesa, é essencial avaliar as ameaças em curso na dark web”, explica Alexandra Mendes. “Este não é um esforço simples devido às dificuldades em recolher e extrair significado das várias transações que ocorrem.”
Nas palavras de Alexandra Mendes, este prémio é um “marco importante” na sua carreira, com um reconhecimento do seu percurso profissional e do valor da proposta de investigação. O Atlantic Security Award foi criado em 2021, atribuindo a cada investigador selecionado 15 mil euros para, ao longo de oito meses, desenvolver o seu projeto de investigação.
A investigadora do INESC TEC mencionada na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.