Chama-se SMHYLES o projeto europeu que vai desenvolver e demonstrar novos sistemas híbridos de armazenamento de energia, à escala industrial, baseados em água e sal. O INESC TEC é um dos 16 parceiros deste projeto de cerca de 6M€ e vai apoiar a conceção, implementação e demonstração de um sistema de armazenamento híbrido composto por uma bateria à base de sal e de um supercondensador à base de água, na ilha Graciosa (Açores).
Um dos maiores desafios do século 21 é a transição para fontes de energia sustentáveis e neutras em carbono. É, neste contexto, que um armazenamento de energia que seja confiável desempenha um papel fundamental, uma vez que os picos de produção e de carga na rede elétrica exigem sistemas de armazenamento flexíveis que possam ser utilizados para uma vasta gama de aplicações. Assim, o novo projeto europeu SMHYLES tem como objetivo desenvolver sistemas híbridos de armazenamento de energia inovadores, sustentáveis e seguros, baseados em sal e água, que combinem duas tecnologias de armazenamento e as respetivas vantagens: capacidade de longa duração e elevada densidade de potência. Os novos sistemas, com baixo teor em matérias-primas críticas, irão também contribuir para a independência energética da Europa. No SMHYLES, um supercondensador à base de água irá ser combinado com uma bateria de fluxo redox ou uma bateria de sal, para criar sistemas híbridos de armazenamento inovadores.
Cada tecnologia de armazenamento tem características técnicas e económicas que são ideais para uma aplicação específica. Estas características incluem, por exemplo, a densidade de energia, a densidade de potência, o tempo de reação, a sustentabilidade ambiental e a segurança de operação. As baterias de fluxo redox e as baterias de sal têm uma grande capacidade de armazenamento, mas só podem ser carregadas e descarregadas lentamente. Um supercondensador, por outro lado, tem tempos de carregamento rápidos, mas não pode armazenar grandes quantidades de energia durante um longo período. Apenas a combinação eficiente destas duas funcionalidades proporciona um sistema de armazenamento com o desempenho e a flexibilidade de utilização necessários.
É precisamente na combinação de uma bateria de sal com um supercondensador à base de água que o trabalho do INESC TEC vai incidir, para dar suporte à operação da rede elétrica da ilha Graciosa, nos Açores. Dos três demonstradores do projeto, dois serão em Portugal (ilha Graciosa e Maia) e outro na Alemanha (Pfinztal, Baden-Württemberg). O INESC TEC irá fazer parte da equipa responsável por dimensionar, efetuar o comissionamento e demonstrar a operação do sistema híbrido previsto para a ilha Graciosa.
“Para avaliar os impactos, no sistema elétrico da ilha, do sistema de armazenamento híbrido a ser instalado e para demonstrar os requisitos de conformidade com a rede, vai ser desenvolvido um digital twin da ilha Graciosa. A equipa do INESC TEC vai também coordenar a preparação de todas as atividades de demonstração previstas neste projeto, bem como coordenar a atividade de comissionamento de todos os sistemas híbridos a instalar”, explica Helena Vasconcelos, investigadora do INESC TEC responsável pelo projeto.
De acordo com o coordenador do projeto, Edoardo G. Macchi, diretor da Unidade de Tecnologias de Baterias e Eletrificação da Fondazione Bruno Kessler em Trento (Itália), “os sistemas modernos de armazenamento de energia têm que garantir segurança de abastecimento, desempenho e segurança de operação, ter um software de gestão flexível e serem fabricados e utilizados da forma mais sustentável e ecológica possível”.
O projeto SMHYLES, coordenado pela Fondazione Bruno Kessler (Itália), é financiado pela Comissão Europeia, no âmbito do programa de financiamento Horizonte Europa, em cerca de 6 milhões de euros, por um período de quatro anos. O consórcio inclui 16 parceiros de sete países – Portugal, Itália, Alemanha, Suíça, Espanha, Chéquia e Tunísia.
Disclaimer: Financiado pela União Europeia. No entanto, os pontos de vista e opiniões expressos são da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es) e não refletem necessariamente os da União Europeia ou do CINEA. Nem a União Europeia nem a entidade que concedeu o financiamento podem ser responsabilizadas pelas mesmas.
A investigadora mencionada na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.