Tecnologia INESC TEC viaja para o Brasil para monitorização de espécie invasora

Há tecnologia desenvolvida pelo INESC TEC a ajudar a monitorizar uma espécie invasora, no Brasil. O coral-sol – uma espécie invasora que surgiu no continente asiático e que já colonizou todo o Golfo do México – apareceu no Brasil na década de 80. Há suspeitas que esta espécie tenha vindo de plataformas que foram trazidas da Ásia para outros continentes para exploração de petróleo.

Os investigadores do INESC TEC adaptaram os sistemas que utilizam nos robôs subaquáticos para fazer tracking aos mergulhadores e, assim, conseguirem perceber onde estão os corais da espécie invasora. A tecnologia consiste num dispositivo que localiza objetos subaquáticos e que é que é composta por conjunto de boias que estão ligadas ao GPS e um cilindro com eletrónica, que é colocado nas costas do mergulhador, e que emite sinais sonoros para as boias.

Tendo por base esta tecnologia, o INESC TEC, em conjunto com um Laboratório de investigação da Universidade Federal de Santa Catarina, – o LASUB -, no Brasil, realizaram uma missão para comparar o desempenho da abordagem tradicional à monitorização desta espécie, com recurso a mergulhadores, com uma abordagem que inclui tecnologia que apoia os mergulhadores. Os resultados são promissores principalmente pela diminuição da margem de erro na localização dos corais.

“O coral-sol existe em outros locais do mundo, onde é nativo e está em equilíbrio, mas no continente americano é uma espécie invasora. Os colegas do LASUB são especialistas em mecânica e estão a desenvolver ferramentas para a remoção desses corais no Brasil. Nesse sentido, e seguindo os requisitos que eles nos deram, desenvolvemos um sistema no INESC TEC, que incluiu darmos aos mergulhadores um cilindro com eletrónica, para levarem nas costas, e três boias na zona de operação que recebiam os sons dos cilindros e enviavam essa informação, via rádio, para o barco de apoio”, explica Nuno Cruz, investigador do INESC TEC.

Nesta missão conjunta feita pelo INESC TEC e pelo LASUB experimentaram colocar boias recetoras nas proximidades do mergulho. O mergulhador levava o emissor e a equipa de operações conseguia perceber exatamente onde é que o mergulhador estava em cada instante e quais os locais onde os corais se localizavam. Tudo isto foi possível através de triangulação, uma vez que as boias determinaram a posição relativa do objeto subaquático e, em conjunto com o GPS, conseguiram fornecer uma localização precisa. Os investigadores dos dois centros de investigação estavam no barco de apoio a receber a informação que as boias enviavam.

Até ao momento a monitorização estava a ser feita apenas por mergulhadores, que encontravam uma zona com corais, marcavam-na, voltavam à superfície, tiravam fotografias à área circundantes e passavam-nas à tripulação de um barco com GPS que estava nas proximidades e registava a localização aproximadas. O erro, por vezes, chegava a ser de vários metros.

“Com a utilização desta tecnologia percebemos que é possível sabermos com bastante exatidão – menos de 1 metro de erro – a posição onde os corais foram encontrados e/ou removidos, o que torna possível monitorizarmos com grande fiabilidade. Conseguimos também perceber ao certo a evolução, ou a ausência, de uma certa colónia e a sua evolução mediante condições ambientais, como a luz solar, correntes, temperatura da água, acidificação, entre outros”, explica Nuno Cruz.

Para além da falta de precisão na marcação visual, a abordagem tradicional incluía outros constrangimentos. Era um processo demorado, uma vez que os mergulhadores tinham de vir à superfície e marcar a posição sempre que encontravam um coral, era pouco eficiente, na medida em que grande parte do ar das garrafas de mergulho era usado neste processo de marcação, e era um risco para os próprios mergulhadores, nos ciclos de subida e descida. Outro constrangimento estava relacionado com a utilização do GPS, ou sinais de rádio, em geral, na medida em que não funcionam debaixo de água, daí a utilização de sinais acústicos. Com o dispositivo desenvolvido pela equipa do INESC TEC, como o GPS opera, em triangulação com as boias, esse problema foi ultrapassado.

“Os níveis de eficiência deste processo aumentaram significativamente, uma vez que os mergulhadores podem agora dedicar todo o tempo de mergulho na procura e identificação dos corais. Isto é, em cada campanha conseguem explorar muito mais área de costa, com segurança e exatidão. Agora, os mergulhadores marcam os locais onde encontram corais através de um “botão” digital e a equipa de apoio regista essas posições”, explica o investigador.

A tecnologia está de regresso a Portugal para mais testes por parte da equipa do INESC TEC. No entanto, e apesar de a espécie coral-sol ser a que mais preocupa, neste momento os investigadores brasileiros já estão a pensar em novas ideias para utilizarem os mesmos sistemas para marcar com precisão outros habitats.

 

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.

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