A 15 de abril, a inauguração das obras para o Polo 1 do Hub Azul de Leixões (HAL) abriu um novo capítulo da História da Economia Azul nacional, com o lançamento da primeira pedra. A bacia oceânica, a construir na Plataforma Logística II do Porto de Leixões, será um equipamento de vanguarda científica e tecnológica e uma das maiores estruturas para testes de tecnologia marinha na Europa.
A cerimónia de inauguração da obra iniciou no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, com representantes das entidades que compõem esta iniciativa liderada pelo INESC TEC: a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), a Câmara Municipal de Matosinhos, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e o Fórum Oceano.
“É uma infraestrutura claramente única no contexto nacional. As capacidades com que vai ser desenvolvida são também invulgares no contexto europeu”, frisa João Claro. De acordo com o Presidente do Conselho de Administração do INESC TEC, “o que sair daqui será certamente competitivo e aplicável em qualquer sítio do mundo”.
Entre as principais potencialidades deste tanque multiusos destacam-se a capacidade de geração de ondas – com altura de até meio metro – e de correntes, permitindo a simulação de um ambiente similar ao das condições pré-oceânicas. Com 10 metros de profundidade, 60 de comprimento e 30 de largura, contempla um total de 18 mil metros cúbicos disponíveis para o teste de robótica, infraestruturas e demais tecnologias para o mar.
Segundo Lídia Bulcão, Secretária de Estado do Mar, esta “capacidade transformadora” do Hub Azul de Leixões representa um “investimento numa inovação tecnológica clara para o desenvolvimento sustentável da Economia Azul, constituindo mais um passo seguro na afirmação internacional de Portugal como país líder na governação zelosa e consciente dos recursos marítimos”.
Para a representante do Governo, é “fundamental aproveitar o potencial do mar português” e deixar de olhar para o oceano sob a ótica da “frase feita do ‘mar de oportunidades’”: é necessário “transformar [o oceano] numa base de sustentação sólida para a instalação de novas indústrias”.
A Presidente do Conselho de Gestão Estratégica da rede Hub Azul Portugal destaca um “projeto que representa muito mais do que uma concretização de uma estrutura física”, frisando a “materialização de uma visão estratégica, que conjuga o crescimento económico, a inovação tecnológica e a sustentabilidade ambiental”.
“O Polo de Leixões é uma peça-chave na rede Hub Azul e visa a promoção da ciência, da inovação e da transferência do conhecimento dos setores do mar”, salienta Marisa Lameiras da Silva, que não deixa de reforçar o “forte compromisso em criar um verdadeiro ecossistema nacional ao serviço de uma Economia Azul descarbonizada, sustentável e tecnológica”.
A bacia oceânica a edificar inclui ainda um centro de mergulho científico, com 10 metros de diâmetro e uma profundidade de 30 metros, possibilitando testes de equipamento, estudos de biodiversidades e de impacto ambiental e ainda formação inicial e treino avançado de mergulho.
Contudo, o HAL engloba ainda outra infraestrutura: o Biobanco Azul. Esta valência, concretamente liderada pelo CIIMAR e instalada no Terminal de Cruzeiros, passa pela gestão de um arquivo dedicado inteiramente ao mapeamento, indexação e gestão do acesso a diversos recursos marinhos, tais como microrganismos fotossintéticos, não-fotossintéticos (bactérias e fungos) e outras espécies de mar profundo.
O Hub Azul de Leixões também perspetiva uma componente de Literacia Oceânica, com atividades e eventos pensados para a comunidade envolvente. Exemplo disso é o Projeto Arte & Ciência, que lançou a exposição “Arium – Um imaginário do submerso” no dia da cerimónia. No Terminal de Cruzeiros, as obras expostas pretendem ilustrar “acidentes na interface da arte e ciência”, contando com artes plásticas e uma instalação sonora inspiradas na investigação oceânica.
No final das intervenções, a comitiva seguiu para o local da obra, na Plataforma Logística II do Porto de Leixões. Em conjunto com a Secretária de Estado do Mar e a Presidente do Conselho de Gestão Estratégica da Rede Hub Azul, os representantes das organizações integrantes do HAL depositaram a simbólica primeira pedra da futura bacia oceânica – construção apoiada por um investimento superior a 12 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência/Fundo Azul.
A infraestrutura é mais um exemplo do reforço da aposta do INESC TEC na Economia Azul, representando um equipamento imprescindível às atividades de Investigação, Desenvolvimento e Inovação do INESCTEC.OCEAN, o novo Centro de Excelência em Investigação e Engenharia Oceânica.