Falando de Inclusão e o Digital: uma perspetiva sobre academia inclusiva

Por Tânia Rocha, Responsável de Área no Centro de Computação Centrada no Humano e Ciência da Informação (HumanISE)

Inclusão, vocábulo muito usado (e abusado!) em diferentes contextos de discurso. Mas o que é realmente inclusão e uma sociedade inclusiva? Como a tecnologia pode garantir a inclusão de alunos/as?

Inclusão, vocábulo muito usado nos últimos tempos em vários domínios como na arquitetura, engenharia, informática, educação, psicologia, e principalmente na política. Facilmente explicável, através distinção de três outros conceitos: a Exclusão, a Segregação e a Integração. Permitam-me então a exposição dos conceitos.

Desmistificando os conceitos de Inclusão, Exclusão, Segregação e Integração

Claramente, quando nos referimos a uma situação de exclusão, referimo-nos a dificuldades e problemas sociais que levam ao isolamento de determinado grupo de pessoas. A pessoa excluída deixa de ter os seus valores e direitos reconhecidos.

O conceito de segregação indica um reconhecimento das pessoas ou grupos sociais com problemas, no entanto, estas são separadas das demais, não interagindo, sendo mesmo postas de parte.

No âmbito da integração, as pessoas com dificuldades e problemas sociais são reconhecidas e criam-se condições para que estas possam participar nas mesmas atividades que as demais. No entanto, continuam a ser caracterizadas como grupos isolados.

A inclusão determina uma sociedade não discriminatória, aberta à convivência entre pessoas. Uma sociedade inclusiva deve potenciar para a efetivação dos direitos, necessidades e potencialidades das pessoas. O objetivo passa por garantir o acesso a pessoas com deficiência com autonomia a espaços, produtos ou serviços. Em suma, uma sociedade inclusiva não distancia as pessoas, agrega todos os cidadãos independentemente das suas capacidades, habilidades e condições.

Não obstante, tal vocábulo aparece nos mais diversos contextos. Ora adaptando o ditado popular da “Mulher de César” – é preciso SER e não apenas PARECER uma sociedade inclusiva; e com isto garantir a aplicabilidade das leis fundamentais dos direitos humanos.

Inclusão e o digital… a escola não seria mais fácil?

Num contexto mais específico, o académico e com o arranque do novo ano letivo, é cada vez mais importante reconhecer como as tecnologias podem efetivamente garantir a inclusão dos/as alunos/as.

A inclusão passa assim para a esfera digital. No entanto, ainda existem muitos obstáculos à sua introdução na comunidade escolar. Vários são os testemunhos sobre a resistência de profissionais sobre o uso de tecnologias. Iniciando pela utilização de ferramentas como o computador, tablets ou telemóveis na sala de aulas com objetivos pedagógicos; ou mesmo a sua inadequação de formação sobre interação e inserção destas ferramentas no apoio à aprendizagem.

Particularmente, quando falamos de estudantes com necessidades educativas especiais, os obstáculos acrescem: o não conhecimento das diversas capacidades; adaptação dos curricula; a falta de empatia; a falta de formação, de motivação ao uso, e o acesso às ferramentas/tecnologias; são argumentos recorrentes.

Através da análise da literatura e das diretrizes sobre escola inclusiva disponibilizadas, professores/as e outros profissionais da esfera da inclusão digital têm ao seu dispor estratégias e metodologias para o uso de tecnologias de apoio à aprendizagem, em contexto de sala de aula. Mas, na realidade, não parecem estar a ser eficazmente aplicadas. O que será preciso para avançarmos para uma academia mais inclusiva? Qual o impulso que falta para que a teoria se reveja na prática? Mais formação? Ferramentas preparadas para adaptação e criação de conteúdos mais acessíveis? Profissionais mais motivados?

Tudo isto e ainda mais…. O conceito de escola inclusiva é uma realidade, mas ainda falta caminho a percorrer para a sua eficaz operacionalização. Estamos otimistas, mas é necessário avançar!

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