IEEE e o papel das associações técnico-científicas no desenvolvimento pessoal e profissional

Ao longo das diversas etapas de uma carreira de investigação, é comum interagirmos com associações técnico-científicas, entidades sem fins lucrativos que contam com o voluntariado dos seus membros para estimular a discussão técnica, promover a publicação científica e facilitar a interação entre profissionais. Em Portugal, destacam-se exemplos notáveis como a APRP (Associação Portuguesa de Reconhecimento de Padrões), a APPIA (Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial), a APDIO (Associação Portuguesa de Investigação Operacional), o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), entre outras. 

O IEEE, reconhecido como a maior associação profissional do mundo, possui uma estrutura organizacional complexa que engloba regiões, secções, ramos estudantis, capítulos e grupos de afinidade. Em Portugal, assume a forma de filial, representando a instituição a nível nacional. Como principal impulsionador de publicações técnicas em engenharia eletrotécnica, ciência da computação e eletrónica, o IEEE destaca-se pela publicação de quase 200 revistas, milhares de artigos provenientes de mais de 1300 conferências anuais, assim como standards e livros. 

A qualidade das revistas do IEEE, como as “IEEE Transactions”, e a notoriedade de muitas conferências de renome, conferem-lhe prestígio. Ser membro do IEEE proporciona vantagens tangíveis, como o acesso ao Overleaf Premium e custos de publicação reduzidos. Além disso, a filiação ao longo dos anos possibilita o reconhecimento através da ascensão às categorias de membros seniores ou fellows. A obtenção do estatuto de fellow, reservado aos melhores do mundo numa área técnica específica, é um feito raro e notável. 

A presença de membros seniores numa instituição é indicativa de qualidade e é, por vezes, um critério utilizado por avaliadores externos, como os designados pela FCT, na avaliação de laboratórios associados. Em Portugal, o número restrito de fellows, apenas 19, realça a exclusividade desta distinção, sendo notável que três destes pertencem ao INESC TEC (João Peças Lopes, Vladimiro Miranda e João Gama). 

A natureza multifacetada de um investigador, que requer habilidades técnicas, de comunicação, de gestão e uma sólida rede de contactos, encontra na participação ativa em associações técnico-científicas uma fonte valiosa de desenvolvimento. Ao assumir o cargo de tesoureiro do IEEE Portugal para o segundo mandato (2024-2025) e após oito anos em diversas funções de gestão, reconheço cada vez mais o papel destas associações no fortalecimento das competências pessoais e profissionais. É também notável observar o envolvimento ativo de outros membros do INESC TEC em cargos de gestão no IEEE Portugal e da Região 8, destacando-se nomes como Ana Madureira, João Paulo Cunha, Duarte Dias, Vítor Grade Tavares, Rui Araújo, Rolando Martins, Nuno Cruz, Alfredo Martins, Hugo Ferreira e Bruno Ferreira. 

O ano de 2024 reserva um evento significativo para o IEEE Portugal, a organização de uma conferência flagship da R8 denominada MELECON, em que a Ana Madureira é uma das General Chairs. Esta conferência, aberta a diversas temáticas da engenharia eletrotécnica e de computadores, ocorrerá de 25 a 27 de junho na Alfândega do Porto. 

Incentivo todos a se envolverem em cargos de gestão em associações técnico-científicas. Para os membros do IEEE, sugiro que considerem tornar-se membros seniores e, se possível, alcançar o título de fellow. Qualquer questão sobre este tópico, fiquem à vontade para entrar em contacto. 

Carlos Ferreira, Business Developer

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