“Vamo-nos afeiçoando”: o INESC TEC teve (quase) sempre Ana Isabel a olhar por ele

Há poucos anos de INESC TEC sem a assinatura de Ana Isabel Oliveira. Coordenadora do secretariado da administração, conta com mais de três décadas de casa. Esta é uma história de dedicação e compromisso – sempre a cuidar de uma instituição e das pessoas que ela tem dentro. Depois de muitos “começos do zero” e incontáveis dossiês fechados, no fim, ficou sempre.

Há coisas que não mudam: Ana Isabel fecha os planos para o próximo dia de trabalho para o ver – invariavelmente – trocar-lhe as voltas: “cai tudo por terra”. É assim há 35 anos, altura em que abre as portas de um “mundo novo”: o INESC. Não podia ter corrido melhor: descobriu que gosta de não ter rotina e que o trabalho ganha sentido na proximidade, no contacto direto com pessoas. Não sabia, mas preparava-se para um percurso em linha reta: o serviço de secretariado é “casa” desde que entrou porta adentro pela primeira vez. Um “desvio” chegou a ser opção? “Para quê? Sou feliz aqui”.

Mas há coisas que mudam: Ana Isabel Oliveira viu, entre o dia em que entrou no edifício do Largo de Mompilher e os dias do INESC TEC na Asprela, uma instituição a transformar-se e a crescer à imagem das pessoas que tem dentro. Aprendeu desde cedo que o trabalho pode ser um castelo de cartas pronto para ser refeito: o conhecimento acumulado ensinou que é preciso “estar sempre atualizada e a desenvolver uma grande capacidade de adaptação”.

“O trabalho do nosso serviço é feito de cumplicidade e temos de aprender a conhecer a pessoa, a criar uma relação. Mas depois chega a altura em que passamos a ajudar outra pessoa, o que nos obriga a ter a capacidade de adaptação a diferentes perfis e formas de ser”, sustenta.

E, quando é assim, começa-se de novo. Ana aprendeu que, no ofício, o significado de “conhecer” é saber como o outro “gosta de lidar com os problemas”. A coordenadora do secretariado da administração recalca, a poucos metros da sala envidraçada onde trabalha – quase uma central de informação – um trajeto começado lá longe, no dia em que é recebida por Regina Freitas e Cidália Lima para o primeiro dia do primeiro emprego. Dá início a “dias sem rotina”, a sentir o pulsar da instituição a fazer tropeçar qualquer planeamento. Passaram os anos em que “era a única mulher na sala”, a secretariar a unidade de telecomunicações e o centro de automação; há mais de 20 anos que está perto de quem toma decisões.

Deixar o INESC TEC no INESC TEC

É antes de trabalhar paredes meias com membros da administração que se cruza com José António Salcedo e a “rapariga introvertida” ganha confiança. “Era alguém que me expunha um problema e não queria saber como eu o resolvia. Só queria vê-lo resolvido e dava-me uma autonomia que eu até então nunca tinha conhecido, ouvia-me e dava valor aos meus conselhos, às minhas opiniões”, recorda.

É um ponto de viragem. A “vergonha inicial” dissipa-se quando se abrem as portas da direção. Ana Isabel, metódica e de riso fácil, ganha “atitude e presença” quando é convidada a apoiar Mário Jorge Leitão (na altura, diretor): é quase o aquecimento para uma maratona de 13 anos com José Carlos Caldeira, “uma referência”. “Não sou a única a dizer isto, mas ele era uma máquina, dava trabalho a três ou quatro pessoas em simultâneo. E grande parte desse trabalho era eu que o fazia”.

Esteve na criação e incubação da Produtech – “um projeto muito desafiante” – e nos dias em que a expansão do edifício sede, quando ainda era uma ideia num papel, ainda por cimentar. Integra projetos europeus como o EXPLORE e o ForestWISE. O INESC TEC não ficava no INESC TEC: “sempre dediquei muito do meu tempo à Instituição. Muito mais do que é exigido no nosso horário de trabalho”. Agora, já não é assim: as coisas mudam. “Há uma evolução, há uns anos levava os problemas para casa, dava prioridade ao trabalho. Continuo a dar muito de mim ao INESC TEC, mas já não faço isso”. A imagem da filha, sozinha, à espera no infantário pôs freio a dias, dentro de um escritório, a ver o sol a pôr-se.

“Mas superei isso tudo”, remata. “Tudo isto porquê? Porque eu gosto de trabalhar nesta instituição e dos projetos que abraço – e, mais do que tudo, com quem trabalho. Acredito que a minha passagem pelo INESC TEC foi construída com esforço, dedicação e resiliência. Acho que contribuí para o crescimento e sustentabilidade do INESC TEC”, realça.

Antes de tudo, uma pergunta: “Está tudo bem?”

Agora, já deixa o INESC TEC no INESC TEC. É, no entanto, nos anos de casa que nasceu a ideia – depressa enterrada – de criar uma empresa de eventos: faltava tempo. E, pelo meio, há outros planos: a família e os filhos, o voluntariado, pensar em futuras caminhadas – já soma centenas de quilómetros nos trilhos a Norte – e um futuro de espreguiçadeiras para dias longos de sol e mar. “Eu encontro no sol, na praia e no mar o meu ponto de encontro. É onde consigo esquecer todos os meus problemas e carrego as minhas energias. Não há nada como uma bela tarde de Verão com praia com um bom livro”.

No futuro, numa dessas saídas em busca de sol, já com o dossier INESC TEC fechado, irá recordar anos de “aprendizagem constante”. Irá lembrar como testemunhou de perto tempos de expansão e evolução “formidáveis”, quando prestou apoio a José Manuel Mendonça: “Um homem generoso, amigo do seu amigo, leal, ponderado, hábil com as palavras e com o improviso, um lutador”. Da história mais recente, versa o atual apoio executivo ao presidente do conselho de administração, João Claro: “É a continuidade de uma história feita de inspiração e resiliência, em que se sustenta o futuro. É também a oportunidade de poder aprender com um homem sábio, ponderado, exigente e que escreverá mais um capítulo desta história”.

Entre administradores, investigadores e todos com quem se cruza todos os dias nos corredores do INESC TEC, transformou colegas em amigos. Para Ana, isso sempre foi fácil. “Vamo-nos afeiçoando”, sumariza. No dia-a-dia, dá pouco descanso ao telefone: é que “falar diretamente é outra coisa”. Explica que, no mar de e-mails, mensagens – e dos muitos faxes e telexs do passado –, uma chamada pode fazer a diferença: “ligo às pessoas sempre que posso para resolver problemas, mas também com o prazer de dizer um ‘olá, estás bem?’ Acho que isso é fundamental para perceber como está o nosso colega. Somos melhores quando nos levantamos uns aos outros”.

Hábitos de quem gosta de partilhar o que sabe. Fá-lo sempre que pode com a equipa de assistentes executivas da administração “muito unida” que lidera. Processos, pastas, dossiers, requisições, eventos: “Somos uma equipa com opiniões diferentes, mas muito unida, não só nos protegemos e nos apoiamos umas às outras, como preconizamos a transmissão de conhecimento e partilha, que faz com que a equipa seja mais forte. Não guardo nada para mim e sinto-me bem quando vejo que o conhecimento e as boas práticas que passo às minhas colegas é útil para o crescimento enquanto profissionais e boas pessoas”.

“Eu costumo dizer que o facto de nós termos um excelente ambiente de trabalho faz com que sejamos felizes no desempenho das nossas funções. Nós passamos mais tempo no nosso trabalho do que com a nossa própria família”, remata. No INESC TEC, as horas passaram rápido: é feliz.

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