Os projetos SpecTOM e Smart Trap foram distinguidos no âmbito da 8ª edição Prémio de Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola, uma iniciativa que premeia projetos inovadores, com viabilidade económica e com benefícios para a sociedade. O SpecTOM venceu a categoria Agro-Indústria 4.0 e o Smart Trap (nova designação é AgIoTrap) conquistou o prémio Born From Knowledge (BfK), atribuído pelo Agência Nacional de Inovação (ANI). A participação destes projetos no Prémio foi apoiada pelo Serviço de Apoio ao Licenciamento (SAL) do INESC TEC.
A tecnologia do projeto SpecTOM, desenvolvido em parceria com a Universidade do Porto, permite a monitorização metabólica e o diagnóstico atempado de doenças e infeções em plantas, como é o caso do tomateiro ou da vinha.
“Ao contrário das soluções atuais, esta tecnologia realiza o diagnóstico tomográfico metabólico em multi-escala na planta viva, em tempo real, permitindo identificar e quantificar parâmetros críticos para a fisiologia da planta. Quando integrada em sistemas robóticos, esta tecnologia permite, de uma forma não invasiva, de alto-débito e a um custo por amostra mínimo, fazer o diagnóstico molecular a vastas áreas de cultivo, o que não é possível com a tecnologia atual da biologia molecular, explica Rui Martins investigador do INESC TEC e coordenador do projeto.
A tecnologia desenvolvida no âmbito do projeto Smart Trap, vencedor da categoria BfK, trata-se de uma armadilha inteligente para deteção de pragas e doenças, em particular do inseto vetor Flavescência Dourada, cinco a dez vezes mais pequeno que outros insetos detetados por armadilhas, com um custo adequado à realidade da maioria dos pequenos e médios agricultores.
“Ao contrário das soluções existentes, esta tecnologia permite uma monitorização continuada, geralmente duas vezes por dia, da deteção e contagem de insetos, sem a necessidade de o agricultor efetuar visitas regulares às armadilhas”, esclarece Filipe Neves dos Santos, investigador do INESC TEC e coordenador do Smart Trap. “Com esta solução, será possível efetuar deteção de níveis de risco de forma atempada e realizar tratamentos numa fase preliminar das doenças e, assim, reduzir o custo com fitofármacos”, conclui.
O desenvolvimento da solução Smart Trap, reuniu conhecimentos de seis áreas distintas: mecatrónica, eletrónica, programação, processamento de dados e imagem, inteligência artificial e agronomia.
Os projetos SpecTOM e Smart Trap foram testados em ambiente real, fruto das parcerias estabelecidas entre o INESC TEC e entidades dos diferentes quadrantes da agricultura portuguesa e europeia, desde centros de investigação e tecnológicos, entidades públicas e associações, assim como empresas privadas. O SpecTOM mobilizou equipas do Centro de Fotónica Aplicada (CAP) e do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS) e o Smart Trap do CRIIS e Computação Centrada no Humano e Ciência da Informação (HumanISE).
Os próximos passos incluem a validação em larga escala de protótipos, bem como o processo de transferência da tecnologia para empresa já estabelecidas na área ou para novas spin-off. De modo a potenciar o futuro, foram também submetidos pedidos de patente para proteção das tecnologias concebidas.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.