O INESC TEC deslocou-se à ilha de São Jorge, nos Açores, para se juntar à comunidade científica na monitorização da atual situação sismo-vulcânica. Durante a visita, os investigadores procuraram obter informação que pudesse aumentar a confiança relativamente a possíveis cenários, e fornecer dados para as autoridades encarregues da gestão do risco e proteção civil nos Açores. Os principais parâmetros monitorizados são o gás radão e a radiação gama na ilha.
“O radão é um gás nobre radioativo presente naturalmente no ambiente terrestre. O facto de ser um gás faz com que seja libertado da superfície terrestre para o ar, movendo-se em conjunto com outros gases, como o dióxido de carbono. Por ser um gás nobre, o radão não interage com outros elementos, o que o torna um traçador ideal de outros gases. Por outro lado, por ser radioativo, o radão é medido de forma eficaz por técnicas nucleares, mesmo em quantidades pequenas, o que permite a monitorização da componente gasosa a partir do decaimento radioativo. A associação do radão a fenómenos sísmicos é controversa e ainda muito mal compreendida, mas em ambientes vulcânicos as capacidades do radão como traçador de fluidos têm vindo a ser utilizadas com sucesso”, explica Susana Barbosa, investigadora do INESC TEC.
No terreno, os investigadores Susana Barbosa, Guilherme Amaral, Nuno Dias e Carlos Almeida instalaram um sensor para medição contínua da concentração de gás radão no solo, e um sensor de radiação gama. Estes instrumentos, que estão totalmente operacionais desde o dia 31 de março, transmitem a informação remotamente e vão permanecer no local enquanto se justificar. Por enquanto, os dados recolhidos são confidenciais, mas vão ser depositados e disponibilizados no repositório de dados de investigação do INESC TEC, à semelhança do que acontece com os dados de radiação gama que estão a ser recolhidos na Graciosa desde 2015 (https://rdm.inesctec.pt/dataset/cs-2017-001).
A atividade sísmica inesperada na ilha de São Jorge começou a 19 de março. Até ao momento foram registados mais de 25.000 sismos, dos quais cerca de 200 foram sentidos pela população. As implicações deste aumento de sismicidade em São Jorge são ainda desconhecidas, estando em aberto diversos cenários, desde o esvaecimento da sismicidade sem consequências de maior, a um sismo de maior magnitude e consequentemente maior perigosidade, ou até mesmo uma intrusão magmática e potencial erupção vulcânica.
Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.