Na edição de 2023 do Fórum do Outono voltamos à relação universidade-empresa

Realizou-se, no passado dia 21 de novembro, o 8.º Fórum INESC TEC do Outono, desta vez com caraterísticas um pouco diferentes já que, em vez de ser temático (como foram, em geral, os anteriores), procurou analisar questões institucionais e de contexto: o tema foi “Ecossistemas de Inovação — o papel das entidades de interface

Como está expresso no título do artigo que o José Carlos Caldeira escreveu no Público, é inevitável voltarmos “Ainda (e sempre) à relação universidade-empresa”. Produzimos, nas universidades e unidades de investigação, ciência e tecnologia com potencial económico, mas temos dificuldade no diálogo útil com as empresas suscetíveis de as utilizar. E todos sabemos que esta dificuldade é bidirecional. Fala-se frequentemente, a este respeito, do “vale da morte”. Pois bem, o que as unidades de interface procuram fazer é lançar pontes sobre esse vale, que permitam que de modo fluido se possa fazer convergir o que um lado pode oferecer e o que o outro lado precisa ou procura.

Existem hoje, no país, imensas unidades com algumas destas caraterísticas, provenientes de diferentes áreas temáticas — como ficou patente no primeiro painel da tarde — e com tipologias diferentes: laboratórios associados, CTI, centros tecnológicos, CoLABs, etc. Eventualmente, demasiados tipos e demasiadas unidades, para um tecido limitado em recursos humanos que levam a que estes se dispersem por muitas tarefas e que seja difícil conseguir, em muitos casos, a massa crítica adequada. Corre-se o risco de ficar tudo pouco denso e muito superficial. Mas isto são outras guerras…

O nosso caso, o INESC TEC, é, como vocês reconhecerão, uma unidade que contém, no seu interior, as várias tarefas. Não é por acaso que somos, simultaneamente, unidade de I&D, um Laboratório Associado e um CTI. Mantivemos, desde a nascença (formal, em 1998) a herança que trouxemos do INESC original, esse de 1980.

Pois bem, esta multiplicidade de objetivos, tarefas e perspetivas cria, por vezes (e muitos de vocês já o terão sentido), dificuldades: temos de publicar, de faturar, de ter impacto no tecido económico e social; somos (pessoal e institucionalmente) chamados a responder em várias direções. Para além de sermos institucionalmente avaliados pela FCT, ouvimos e acolhemos a experiência e as diretrizes que nos apontam quer o Scientific Advisory Board, quer o Business Advisory Board.

É verdade; às vezes parece que queremos fazer a quadratura do círculo. Mas também é verdade que é este conundrum, que nos permite, no nosso próprio interior, a partilha de conhecimento, bem como que favorece a troca de informação, de ideias e de experiências entre quem está mais a montante ou a jusante na cadeia de valor ou, na nossa linguagem, entre quem se posiciona em TRL mais baixos ou mais altos. É isso que nos tem diferenciado e permitido o reconhecimento quer do lado da I&D nacional, quer pelo impacto que temos tido em muitos setores, que vão da indústria tradicional à energia, das comunicações à logística, da ciência dos dados às políticas públicas, etc.

Mas voltemos ao Fórum: Quem lá esteve (e a sala estava muito preenchida com muita gente para além dos “Inesquianos”), fará o seu próprio juízo e a sua síntese. Para quem não assistiu e quiser ver o vídeo institucional, deixo uma apreciação global (e pessoal): vale a pena ouvir como o José Manuel Mendonça colocou o problema e como o João Claro conseguiu a difícil missão de, mais do que resumir, fazer sobressair o que mais relevante tínhamos ouvido. De permeio, muitas intervenções foram relevantes e pertinentes, mas não resisto a realçar o que disseram o José Carlos Caldeira, o Philip Larrue, a Maria Mota e a Alexandra Vilela. A mim, foram as que mais me chamaram a atenção.

Resta-nos agora preparar o número da Science & Society que foi anunciado e começar a pensar o próximo Fórum. Para o ano, cá estaremos de novo.

Por Pedro Guedes de Oliveira, Consultor do Presidente

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