Ana Filipa Sequeira (CTM)

A Coordenação do CTM propõe para “Extraordinária” a investigadora Ana Filipa Sequeira. Esta nomeação é sustentada pelo excelente contributo da Ana Filipa na liderança da equipa responsável pela organização do Workshop Internacional IWBF 2020 (International Workshop on Biometrics and Forensics), que decorreu virtualmente (devido à COVID-19) entre os dias 29 e 30 de abril de 2020. Foi a oitava edição deste evento internacional, que conta com a participação de investigadores e empresas de renome mundial nas áreas da Biometria e Forense.

A Ana Filipa, desde que regressou ao INESC TEC em abril de 2019, tem fomentado a área da Biometria dentro do CTM de uma forma extremamente profissional e competente. A organização deste workshop é o exemplo claro do excelente trabalho que a Ana Filipa tem desenvolvido no INESC TEC, onde se pode destacar em particular a rápida e eficiente adaptação do evento para que continuasse a ser possível a sua realização de forma virtual, tendo em conta as restrições impostas pela COVID-19. No final, o evento decorreu de forma extraordinária e com grandes elogios de todos os participantes no evento. Para o CTM, estes eventos ajudam a dar visibilidade às competências que possuímos na área, reforçar a imagem de excelência e os laços com a indústria e parceiros científicos. De realçar que tudo isto se deve a um conjunto de pessoas que trabalharam como equipa de uma forma brilhante, sob a coordenação da Ana Filipa.

– Coordenação do CTM

Descreva sucintamente o seu trabalho na organização da IWBF 2020.

O meu trabalho para o IWBF2020 começou em abril de 2019 com o estabelecimento de contactos com o colegas do Norwegian Biometrics Laboratory da NTNU, no sentido de co-organizarmos um evento na área de Biometria, aqui, no Porto. Sendo o IWBF a melhor possibilidade na altura, seguiu-se a submissão de uma proposta ao IEEE Biometrics Council. Após um processo moroso, apenas em outubro de 2019, tivemos luz verde e começámos a organização do IWBF2020 numa luta contra o tempo. Como organizadores e anfitriões, na verdade, a grande parte das responsabilidades ficou do nosso lado. Felizmente, formámos uma equipa reduzida, mas forte: a Ana Rebelo e a Sara Oliveira contribuíram com a sua experiência de muitos anos na organização da VISUM e o João Pinto tomou a seu cargo o website e as soluções técnicas. E claro, o nosso coordenador Jaime Cardoso esteve sempre próximo de todas as decisões. Da minha parte, fui gerindo todos os passos do processo, acompanhando as tarefas de cada elemento, orientando a parte logística – em que o apoio da Renata Rodrigues também foi fundamental – e a parte científica da conferência para garantir o sucesso em termos de submissões e do processo de revisão. Foi fundamental um esforço inicial de planeamento das várias etapas de forma a que nunca estivéssemos sem executar tarefas e evitássemos o acumular das mesmas mais tarde.

O meu maior esforço foi colocado: nos contactos para a formação dos comités; na condução do processo burocrático das candidaturas aos apoios da IAPR e do IEEE; na procura e convites de oradores, tanto para as keynotes, como sessões especiais; no contacto constante com os Chairs, tanto para planeamento como para divulgação do evento; no acompanhamento do processo de submissão, revisão, aceitação dos artigos; na elaboração do programa;…e um sem-número mais de tarefas de que nem me recordo. Aquilo que fica é o sentimento de que, de facto, a organização de um evento é uma tarefa que requer uma combinação enorme de esforços e de competências diversificadas!

Quais os principais desafios que teve que enfrentar? Como os superou?

Sem dúvida de que a transição de um evento físico “normal” para um evento totalmente remoto devido às circunstâncias do COVID-19, levantou dificuldades que foram um desafio enorme. Para além dos esforços de gerir toda a desmarcação dos compromissos já assumidos com o menor prejuízo possível foi necessário planear como levar a cabo a edição digital e remota. Tenho a convicção de que apenas foi possível superar estes desafios hoje, em 2020, graças a ferramentas tecnológicas de que dispomos e que há muito pouco tempo não existiam.

IWBF 2020 – International Workshop on Biometrics and Forensics
IWBF 2020 – International Workshop on Biometrics and Forensics

Também não hesito em afirmar que o facto de contar na equipa com dois elementos muito jovens, o João e a Sara, ajudou em muito a rapidamente encontrarmos soluções técnicas para as situações que íamos enfrentando.

Um outro grande desafio que enfrentei ao iniciar esta organização, foi o facto de a área da Biometria ser uma área muito fechada em si mesma, os investigadores de referência são poucos e colaboram entre si e não é fácil ter espaço de manobra num meio assim. Neste caso, penso que ajudou o esforço de networking que fiz para tirar partido das relações pessoais que tive oportunidade de ir estabelencendo durante o meu percurso e principalmente no período em que estive no UK e colaborei em projetos europeus. As pessoas envolvidas connosco como co-organizadores também foram determinantes para superar esta dificuldade.

Por fim, saliento como o desafio mais persistente, a dificuldade em obter apoios, tanto por parte de instituições privadas, como públicas. Salvo raras excepções, como o Turismo do Porto e as duas empresas portuguesas que marcaram presença (Yoonik e CardioID), foi desolador perceber que há muito pouco esforço da comunidade portuguesa em geral para apoiar iniciativas locais. E não me refiro apenas a apoio financeiro, mas também a simplesmente marcar presença como convidados. Infelizmente, não me parece que haja a perceção da importância em contribuir para que a imagem de Portugal tenha melhor projeção para o exterior e que, mesmo havendo pouco retorno financeiro, há outros tipos de benefícios. Depois desta experiência fiquei com a sensação de que persiste um espírito muito individualista sem a noção de que devíamos unir-nos em vez de competir, pois juntos poderíamos ser mais fortes.

No INESC TEC, que projetos contam com a sua colaboração?

Eu estou no INESC TEC como investigadora contratada a colaborar no projeto AUTOMOTIVE – AUTOmatic multiMOdal drowsiness detecTIon for smart Vehicles (Detecção automática multimodal de sonolência para veículos inteligentes) cuja PI é a Ana Rebelo. É um projeto muito interessante que tem como parceiros a empresa CardioID e o ISEL. Este projecto tem como objetivo a deteção da fadiga no condutor, usando uma combinação de informação obtida de várias maneiras diferentes. Esta informação pode ser o sinal de ECG captado pelo volante ou pode ser a imagem da face do condutor, por exemplo.

Para além deste projeto em particular, vou seguindo linhas de investigação relacionadas com o problema de anti-spoofing, a análise de face em diversas aplicações, interpretabilidade de AI para biometria. Em paralelo, desenvolvo atividades de orientação de alunos (internship, estágios de verão, mestrado e, recentemente, doutoramento), participo em iniciativas como a organização dos estágios de verão da CTM, entre outras que vão surgindo.

Entretanto, durante este ano de colaboração, já participei na submissão de mais alguns projetos, em tópicos variados tendo a biometria ou análise de comportamento como denominador comum.

Como comenta esta nomeação?

O meu comentário é de gratidão pelo reconhecimento do esforço que fizemos e de afirmação da certeza de que uma boa equipa supera todos os obstáculos. Posso ter tido a iniciativa e ter coordenado as ações, mas só alcançámos o resultado final graças ao apoio que tive da Ana, da Sara, do João e do Jaime – que foi durante todo o processo o lider estratégico e científico; e tambem do Hélder – que embora não envolvido diretamente também apoiou sempre que necessário; e por fim, dos vários elementos do grupo que se disponibilizaram para ajudar em pequenas coisas, mas que fizeram uma grande diferença. É muito gratificante desenvolvermos uma atividade que nos preenche num ambiente que motiva a entreajuda e onde nos sentimos apoiados institucionalmente e pessoalmente. A experiência foi muito compensadora pelo retorno que recebemos dos participantes e deixou-nos muito satisfeitos saber que deixámos uma impressão de profissionalismo e eficiência. Mas, acima de tudo, irei ficar extremamente realizada se este evento contribuir de alguma forma para que se abram portas ao nosso grupo em particular, e ao INESC TEC em geral, para futuras colaborações proveitosas.

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