A rota começou a traçar-se em Ulm, na Alemanha, com a participação numa conferência internacional dedicada à espectroscopia analítica. Seguiu para Brno, na Chéquia, para uma visita ao Instituto Central Europeu de Tecnologia e para uma participação num simpósio internacional sobre medição, análise e controlo avançado para energia e meio ambiente. Pelo meio, houve ainda tempo para uma paragem em Delft, nos Países Baixos, para o Encontro Anual da Sociedade Europeia de Ótica. Vamos descobrir até onde foram os investigadores do INESC TEC, à boleia da luz.
Chama-se CSI, mas não aconteceu nem em Las Vegas, nem em Nova Iorque. Este ano, a 44ª edição do Colloquium Spectroscopicum Internationale (CSI) aterrou em Ulm, para uma semana dedicada à espectroscopia. A cidade alemã acolheu esta que é uma das mais conceituadas conferências internacionais na área da espectroscopia analítica, que contou com a participação do INESC TEC e que tem, desde a edição deste ano, Diana Guimarães, investigadora do instituto, como delegada de Portugal, juntamente com Sofia Pessanha, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa (FCT-UNL).
“Fui apontada como delegada de Portugal para esta conferência, juntamente com a investigadora Sofia Pessanha. É uma conferência com bastante destaque na área. Dedicado tanto à investigação fundamental como aos desenvolvimentos aplicados, o CSI proporciona um fórum global para cientistas de todas as áreas da espectroscopia. Tentaremos dinamizá-lo ao máximo, para que continue a evoluir, e acompanhar as novas tendências neste domínio”, refere a investigadora do INESC TEC, que, no Colóquio, teve ainda a oportunidade de participar, como oradora convidada, num painel sobre técnicas de imagem.
“A minha apresentação – Spectral Imaging Applications for Industrial Settings: On-Site, At-Line, and In-Sight – centrou-se na utilização de métodos avançados de imagem espectral, como LIBS, Raman e imagem hiperespectral, para apoiar a tomada de decisões em tempo real em ambientes industriais”, explica Diana Guimarães.
Na Chéquia: três apresentações e um poster vencedor
De Ulm, a investigadora, em conjunto com os investigadores Diana Capela, Pedro Jorge e Rafael Cavaco, rumou a Brno, na Chéquia. O grupo participou na quinta edição do AMACEE – International Symposium on Advanced Measurement, Analysis, and Control for Energy and Environment -, um simpósio muito focado, também, na área da espectroscopia.
Neste evento, o INESC TEC esteve representado no programa científico, com três intervenções – uma delas, convidada – e a apresentação de um poster científico, que foi distinguido como Best Poster Award.
Em concreto, os investigadores apresentaram um trabalho sobre o uso de Realidade Aumentada (RA) para análise de imagem espectral em amostras geológicas, nomeadamente uma estrutura de RA, que integra dados de imagens espectrais LIBS (Laser-Induced Breakdown Spectroscopy) e Raman, com visualização 3D interativa.
Foi ainda apresentado um sistema LIBS para deteção, em tempo real, de contaminantes em madeira reciclada, e um conjunto de ferramentas industriais para caracterização e triagem, em tempo real, na reciclagem de vidro e madeira, assim como novas abordagens para controlo de qualidade da cortiça, e deteção avançada para mineração, em conjunto com soluções para diagnóstico biomédico e monitorização ambiental.
Já o poster, que foi premiado, apresentou uma nova abordagem para reduzir o impacto do uso de LIBS na análise de azulejos históricos. Esta abordagem integra agrupamentos de dados espectrais e RGB para identificar áreas idênticas em termos visuais e químicos. Ao comparar estas áreas, o método permite reduzir o número de medições necessárias, preservando assim a integridade do património cultural e, ao mesmo tempo, fornecer informação sobre as peças.
Uma viagem às “terras raras” e uma paragem nos Países Baixos
Uma vez em Brno, a equipa de investigadores teve a oportunidade de visitar o CEITEC – o Instituto Central Europeu de Tecnologia. A visita enquadrou-se na atividade da Rede EXCITE², uma infraestrutura europeia para análise avançada de materiais. “O EXCITE² proporciona um acesso sustentável a instalações de última geração e apoia a investigação em áreas que vão desde as alterações climáticas e as energias renováveis, à nanotecnologia, à saúde dos oceanos, às regiões polares e ao estudo dos impactos ambientais na saúde humana”, contam os investigadores.
No CEITEC, o grupo pode analisar amostras mineralógicas com Lítio e outros elementos considerados terras raras, no âmbito de dois projetos – o RoMi, dedicado à criação de conjuntos de dados multimodais para minerais que contêm lítio, e o LIBS4REM, que examina a reprodutibilidade de LIBS na análise de terras raras.
A viagem pela Europa teve ainda paragem Delft, nos Países Baixos, com a participação no 13º Encontro Anual da Sociedade Europeia de Óptica (EOSAM 2025), no qual apresentou trabalhos nas áreas de sensorização e património arqueológico.
O investigador Luís Coelho marcou presença, como orador convidado, com a apresentação Enhancing Optical Sensing with Nanocoatings for Advanced Chemical and Biological Detection, na qual destacou avanços na utilização de nanorrevestimentos para sensorização química e biológica de elevada sensibilidade.
A participação do INESC TEC incluiu ainda três posters apresentados pelo investigador Orlando Frazão, focados nas áreas de sensorização distribuída e sensores em fibra ótica, bem como um poster de Diana Guimarães, que apresentou o trabalho desenvolvido na área do património arqueológico, com recurso a fluorescência de raio-X.
Recorde-se que a EOSAM é uma das maiores conferências científicas internacionais de ótica e fotónica, que reúne investigadores e especialistas de todo o mundo e, em 2022, realizou-se em Portugal, pelas mãos do INESC TEC.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).







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