No ano em que celebra 40 anos, o INESC TEC lançou um desafio a quatro start-ups portuguesas: passarem uma hora à conversa com os investigadores e investigadoras do Instituto para partilharem a sua história e falarem sobre o caminho que percorreram até ganharem o mercado. Afinal, de que é feita a jornada de quem empreende? Foi esta a pergunta à qual o ciclo Entrepreneurship Talks procurou dar resposta.
Ser uma força inspiradora e capacitadora, mobilizando a ciência e a tecnologia dos sistemas de base digital para dar resposta aos desafios da sociedade – esta é a visão do INESC TEC que, ao longo das últimas quatro décadas, viu muito do conhecimento gerado dentro de portas dar origem a empresas. Atualmente, tem mesmo mais de uma mão cheia de spin-offs – são seis ativas – e o objetivo é contribuir para criar uma comunidade de empreendedorismo e, através dela, aumentar o impacto na sociedade.
Por isso, em 2025, convidou quatro start-ups nacionais, duas delas nascidas no INESC TEC, para o ciclo de palestras Entrepreneurship Talks. Seedsight, Amparo, LTP Labs e AddVolt estiveram à conversa com a comunidade do Instituto para partilhar as suas histórias e responder a dúvidas sobre o caminho que vai da descoberta científica à criação de um negócio.
O ciclo arrancou com uma sessão com Joana Paiva e Gonçalo Ramos, dois dos fundadores da Seedsight, uma spin-off do INESC TEC, que desenvolveu uma plataforma tecnológica que recorre a tecnologias de blockchain, inteligência artificial e sensores óticos, para fornecer à cadeia agroalimentar dados sobre a qualidade, a origem e a produtividade dos cereais, ajudando a reduzir o desperdício, a combater a fraude e a melhorar a eficiência na aquisição de matérias-primas. Recentemente, a empresa, incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U. Porto, captou 1,78 milhões de euros para o desenvolvimento comercial e operacional da sua tecnologia.
Depois da Seedsight, foi a vez de perceber, através da história da Adapttech, como é que a partir de uma dissertação de mestrado e pelas mãos de um grupo de estudantes se levou uma solução para o mundo. Esta é uma start-up na área médica, que aplica a inteligência artificial a próteses dos membros inferiores, e que foi recentemente adquirida pela Amparo. Frederico Carpinteiro, fundador da Adapttech e atual CEO da Amparo, contou como foi construir uma start-up de alto impacto, desde o seu início no ambiente académico e como é que os desafios na prototipagem, certificação e propriedade intelectual se revelam críticos para o sucesso do caminho do empreendedorismo de base tecnológica.
Seguiu-se uma sessão com Bernardo Almada Lobo, cofundador da LTP Labs e anterior membro do conselho de administração do INESC TEC. A LTP Labs, igualmente spin-off do INESC TEC, é hoje um caso de sucesso em ciência de dados e análise de decisões e tornou-se uma referência nacional e internacional na utilização de modelos analíticos avançados para apoiar a tomada de decisão em áreas como cadeia de abastecimento, planeamento da produção, pricing e revenue management. Com 10 anos de história, tem mais de uma centena de clientes, emprega mais de 100 pessoas, e cresce 30 a 40% ao ano.
A Addvolt, uma start-up portuguesa que também partiu de um projeto académico e que é atualmente parte da Carrier, líder mundial em soluções climáticas e energéticas, foi a última a participar no ciclo de palestras, numa sessão que saiu da sede do INESC TEC e que teve lugar no seu Laboratório de Robótica e Sistemas Autónomos, localizado no Instituto Superior de Engenharia do Porto. A tecnologia da Addvolt torna os camiões frigoríficos mais limpos e silenciosos, poupando combustível e reduzindo as emissões de CO2. Bruno Azevedo, fundador e CEO da empresa, contou sobre os diferentes passos da jornada da empresa, com grande enfoque na importância de ouvir e passar tempo com clientes, junto dos problemas, ou seja, abordou o processo de customer discovery.
“Foram quatro sessões verdadeiramente inspiradoras neste período inaugural do novo gabinete de empreendedorismo e spinoffs do INESC TEC. Temos a felicidade de ter casos excelentes no ecossistema do Porto. Ligar pessoas em torno de histórias e aprendizagens é, a nosso ver, uma excelente forma de fazer crescer esta comunidade empreendedora. A proximidade destas start-ups com os grandes desafios atuais inspira o INESC TEC a fazer ciência mais disruptiva e também investigadores a darem passos no sentido do empreendedorismo. Existe talento, boa ciência, de um lado, e desafios sociais e oportunidades, do outro. Resta-nos fazer a ponte, sendo pilar da mesma, refere Daniel Vasconcelos.
Segundo o responsável pelo gabinete de transferência de tecnologia do INESC TEC, o objetivo das Entrepreneurship Talks foi não só inspirar a Comunidade do INESC TEC, incentivando a que mais ideias saiam dos laboratórios para o mercado, mas também estimular a criação de uma comunidade ativa de empreendedorismo e, através dela, aumentar o impacto da ciência na sociedade.
“Além deste ciclo de palestras, temos já previstas outras sessões sobre temas mais desafiantes para as start-ups, como por exemplo a regulação, a certificação, a propriedade intelectual ou os standards. Tudo isto numa ótica de formação, partilha de boas práticas e junção de massa crítica para superar desafios setoriais mais complexos”, acrescenta o responsável.











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