“Educar uma criança é responsabilidade de todos” – e se aplicarmos o mesmo para a IA? Uma tertúlia no INESC TEC quis dar respostas

“O mundo está a mudar”. A Inteligência Artificial move-se a passadas largas e entrou nas nossas casas – até lhe pedimos conselhos e opiniões. Por isso, o INESC TEC decidiu parar e pensar o “ritmo vertiginoso” com que tem evoluído e juntou alguns dos “melhores cérebros” do país para uma troca de ideias sobre como e de que forma o Instituto pode ajudar a moldar o que se segue.  

Tudo aconteceu na primeira edição do ciclo de conversas “Tertúlias de AI”, que quer ser um fórum para especialistas e entusiastas discutirem os próximos capítulos desta história – que está para durar. Ana Costa e Silva, investigadora do INESC TEC e dinamizadora do evento, frisou isso mesmo logo no pontapé de saída de uma tarde a navegar pelo – não raras vezes – mundo quase místico da Inteligência Artificial (IA).  

A viagem teve início nos primórdios da IA, seguiu os desenvolvimentos na área de machine Learning e deep learning, para chegarmos aos já bem conhecidos sistemas LLM (Large Language Model) – os tais que já fazem parte da nossa rotina, como o ChatGPT ou Deepseek – e à Agentic AI (mais autónoma e adaptável, será a “tendência” de 2025).  

“Costuma-se dizer que criar uma criança é responsabilidade de todos. Também acho que se pode dizer que são precisos todos para acompanhar o ritmo monumental com que a AI tem evoluído”, frisa a investigadora do INESC TEC. 

Contextualização feita, estava na hora da discussão. A palavra passava agora para um painel de especialistas do INESC TEC composto por Jaime Cardoso, João Gama e Andry Maykol Pinto, com moderação de Alípio Jorge. A pergunta a dar resposta não era fácil: o que devemos fazer para liderar, e não apenas para seguir? 

O elenco apontava logo para uma pista: a multidisciplinariedade. Isto porque, no INESC TEC, a investigação em IA está em permanente contacto com um ror de áreas distintas: robótica, biometria e saúde, sistemas de energia ou telecomunicações.  

Alípio Jorge conduziu uma conversa entre João Gama, Jaime Cardoso e Andry Maykol Pinto.

“O INESC TEC está numa excelente posição. Temos ótimas oportunidades para inovar, porque somos uma instituição de interface – mas não só. Temos especialistas a trabalhar com IA em muitos domínios de investigação. E isso abre portas, muitas portas”, resumia João Gama, investigador do INESC TEC e um dos cientistas mais citados do mundo. 

Numa conversa que se estendeu para lá da hora, com interação da plateia, ficou bem patente a ideia de que, num mundo inundado de dados, a indústria parte à frente da academia e da investigação, conseguindo verter soluções para problemas complexos mais rapidamente. No entanto é importante tornar a IA mais responsável, dotando-a de métricas de qualidade e formas de monitorização que permitam às empresas perceber se os modelos são e se mantêm justos. Alertou-se ainda para uma outra “tendência” a nível europeu: a ciência fundamental está a perder terreno para a ciência aplicada.  

Mas a conversa não fica por aqui. O “Tertúlias de AI” será um evento trimestral e a ideia é que seja aberto a todos os que quiserem participar na troca de ideias. Nesta primeira edição, Ana Costa e Silva promoveu uma espécie de sondagem e pediu à comunidade INESC TEC que respondesse a uma pergunta: “Se tivesse um milhão de euros para investir em IA, como o investiria? 

Contados os votos, a resposta: “As pessoas entendem que devemos fazer mais em termos de IA responsável, não apenas machine learning, mas IA no seu todo e também de Agentic AI. Os números também mostram que a comunidade INESC TEC quer fazer mais em termos de modelos multimodais capazes de combinar dados de diferentes tipos, desde sons a imagens de satélite e palavras, para tomar decisões em tempo real”. 

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