FEEdBACk – o projeto europeu que teve como foco a eficiência energética em edifícios chegou ao fim

Cerca de três anos e meio depois, o projeto europeu FEEdBACk – Fostering Energy Efficiency and Behavioural Change through ICT – chegou ao fim, lançando a app ECOplay. Liderado pelo INESC TEC, este projeto europeu teve como objetivo principal desenvolver tecnologias que permitam que os consumidores utilizem energia de forma mais eficiente.

Para tal, foram desenvolvidas aplicações, baseadas em técnicas de gamificação, e testadas técnicas de mudança comportamental para envolver os utilizadores de edifícios (escritórios, casas e edifícios públicos), de modo a permitir que os consumidores entendam e mudem o seu comportamento relacionado com o consumo de energia.

Coube aos investigadores do INESC TEC, não só coordenarem todos os trabalhos desenvolvidos ao longo destes mais de três anos de projeto, mas também desenvolverem uma série de tecnologias. Uma delas – um multisensor desenvolvido durante o projeto e capaz de comunicar, através de wireless, as medições de temperatura, CO2, luminosidade e humidade.

Multisensor desenvolvido durante o projeto

Avanços tecnológicos desenvolvidos que contribuíram para o sucesso do projeto

Foram várias as tecnologias desenvolvidas e demonstradas durante o projeto em diversos ambientes reais, através de três demonstradores instalados no Porto (Portugal), Barcelona (Espanha) e Lippe (Alemanha). Em Portugal os testes decorreram no edifício sede do INESC TEC, em Barcelona foram alvo de intervenção 10 edifícios públicos no Município de El Prat, incluindo bibliotecas, escolas e centros desportivos e em Lippe as demonstrações focaram-se em 25 casas.

O INESC TEC, representado por dois dos seus 13 centros de investigação – Centro de Sistemas de Energia (CPES) e o Centro de Sistemas de Informação e de Computação Gráfica (CSIG) -, foi o coordenador técnico do projeto FEEdBACk.

O INESC TEC foi responsável pelo desenvolvimento de 4 tecnologias, são elas:

Plataforma de gamificação com aplicação móvel como front-end : Esta plataforma, desenvolvida pelo INESC TEC e pela Limetools, teve como principal objetivo estimular um comportamento mais eficiente em termos de utilização de energia, quer através da comunicação de métricas, quer de competições e ferramentas e-learning incorporadas na aplicação móvel ECOplay. Coube ao INESC TEC desenvolver toda a aplicação móvel, as respetivas técnicas de gamificação e as bases de dados associadas;

Unidade Multi-Sensor com capacidade para ler temperatura, humidade, luminosidade e concentração de CO2: Esta tecnologia tem como função a comunicação, via wireless, de indicadores de conforto e qualidade do ar interior em tempo real, o que permite o seu armazenamento em base de dados e posterior utilização nas ferramentas para desagregação de consumos, previsão de baselines, previsão de consumo/geração e previsão de ocupação e comportamento dos utilizadores;

Algoritmos de previsão para criação de baselines e para prever consumo/geração de energia em diferentes tipos de edifícios: Estes desenvolvimentos baseiam-se em aprendizagem automática (machine learning) e recorrem a medições passadas e a previsões meteorológicas para prever quanto será o consumo e produção de energia elétrica no dia seguinte;

Algoritmos para prever a ocupação de edifícios e o comportamento dos utilizadores referentes ao consumo de energia: Estes desenvolvimentos, da responsabilidade não só do INESC TEC, bem como da EPFL, recorrem também a técnicas de aprendizagem automática. Com base, por exemplo, na previsão de ocupação, é possível prever se uma sala ou edifício estará ocupado. Já no que diz respeito à previsão de comportamento dos utilizadores, tornam possível prever se uma determinada hora tem potencial para se induzir poupança de energia.

 

A inovação na área trazida pelo projeto e o impacto dos resultados alcançados na sociedade

No decorrer deste projeto foram criadas novas inovações fundamentais nesta área das tecnologias. Entre algumas dessas tecnologias inovadoras, já mencionadas em cima, uma inovação importante do projeto foi a integração de aplicações que recorrem a machine learning para produzir resultados que permitem a gestão de edifícios de modo mais eficiente sem comprometer o conforto. Pode-se dizer que neste campo, a inovação não se deu tanto a nível metodológico em cada uma das aplicações, mas sim na utilização de dados produzidos em sensores, contadores de energia elétrica, previsões de meteorologia, entre outros, para colocar as aplicações “a comunicar entre si”.

Exemplos dessas aplicações são o Net Load Forecast que permite a previsão de consumos e de produção, o Behaviour Predictor que prevê momentos em que seria possível alertar os consumidores e eventualmente baixar consumos desnecessários, o Automation Manager que gera perfis de funcionamento de sistemas centralizados de ar condicionado e ventilação, o Occupancy Forecast que prevê a ocupação de salas ou edifícios e Load Disaggregation que permite prever consumos desagregados onde existe apenas uma medição. O funcionamento desta plataforma foi demonstrado com sucesso.

“Os resultados alcançados no projeto FEEdBACk permitem concluir que, nesta era em que tudo é digital, um problema extremamente complicado é conseguir atrair a atenção dos utilizadores para qualquer aplicação móvel”, explica Filipe Joel Soares, coordenador deste projeto por parte do INESC TEC.

No entanto, os resultados mostraram também que, uma vez vencida a barreira inicial de captar a atenção dos utilizadores, foi possível tornar os utilizadores mais conscientes do seu consumo energético e influenciá-los para se tornarem mais eficientes, tanto no contexto doméstico como no profissional, contribuindo para uma utilização mais racional da energia.

Em termos de produção científica, os investigadores do projeto publicaram 10 artigos – 4 em revista e 6 em conferência.

Para que todo este trabalho fosse possível, o INESC TEC contou com o envolvimento de 18 investigadores ao longo de quase 3 anos e meio, são eles André Filipe Garcia, André Guimarães Madureira, António Coelho, António Coelho (CSIG), António Cunha Barbosa, Bárbara Pinho, Eunice Isabel Oliveira, Fernando Cassola (CSIG), Fernando José Ribeiro, Filipe Joel Soares, Joana Desport Coelho, João Paulo Viana, José Ricardo Andrade, Luís Miguel Miranda, Luís Miguel Miranda, Nilufar Neyestani, Patrícia Vale e Ricardo Jorge Bessa.

O FEEdBACk dispôs de um budget total de cerca de 2.3 milhões de euros O projeto contou também com a participação de oito instituições de sete países distintos: a Technische Universiteit Delft (Holanda), Ecole Polytechnique Federale de Lausanne (Suíça), DEXMA Sensors SL (Espanha), Limetools LTD (Reino Unido), IN-JET APS (Dinamarca), Kreis Lippe der Landrat (Alemanha) e Estudi Ramon Folch i Associats SL (Espanha).

 

Este projeto foi financiado ao abrigo do programa de investigação e inovação Horizon 2020 da União Europeia com o acordo de subvenção n.º 768935.

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Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm ligação à UP-FEUP.

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