Fórum INESC TEC do Outono debate o potencial da Inteligência Artificial na Saúde

A 6ª edição do Fórum do Outono, um evento anual organizado pelo INESC TEC, decorreu no dia 23 de novembro, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com o tema “Inteligência Artificial e Saúde: Desafios e Oportunidades”. O Fórum deste ano foi uma organização conjunta entre o INESC TEC e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). No final do evento, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, concedeu ao presidente do INESC TEC, José Manuel Mendonça, a Medalha de Mérito da Ciência.

O evento, que contou com cerca de 200 participantes, reuniu peritos e especialistas das áreas da tecnologia e da saúde, que discutiram e promoveram ideias sobre como é que as Instituições se podem preparar para a era da digitalização, e como a inteligência artificial transforma o setor da saúde. O programa do Fórum contou com intervenções de oradores convidados e um painel cujo objetivo passou por discutir as preocupações de algumas das entidades do ecossistema da saúde com a integração da inteligência artificial.

Os grandes temas do Fórum deste ano foram lançados em duas intervenções convidadas, a primeira de Dimitrios Fotiadis, diretor da Unidade de Tecnologia Médica e Sistemas de Informação Inteligentes da Universidade de Ionnina, na Grécia, que explicou qual o contributo da inteligência artificial na luta contra a pandemia de Covid-19, através do processamento e análise federada de dados biométricos heterogéneos. A segunda intervenção ficou sob a responsabilidade de Arlindo Oliveira, presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC), que partilhou informação sobre deep learning e as três grandes áreas da inteligência artificial: analítica, automação e inteligência artificial geral.

O painel de discussão, moderado por Miguel Coimbra, investigador do INESC TEC, coordenador da iniciativa TEC4Health na instituição e docente na Faculdade de Ciência da Universidade do Porto (FCUP), contou com quatro oradores de renome:  o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ) e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Fernando Araújo; o presidente do ISPUP e docente na FMUP, Henrique Barros; o Diretor do Serviço de Gastroenterologia do IPO Porto e investigador da FMUP, Mário Dinis Ribeiro; e Filipa Fixe, membro do conselho de administração executivo da Glintt. Durante o debate, Mário Dinis Ribeiro defendeu que a inteligência artificial é já uma realidade e que os serviços devem ser adaptados a essa mesma realidade. Já Fernando Araújo apontou quatro pontos de preocupação com esta nova realidade: a gestão de talentos e a capacidade de os reter, a infraestrutura tecnológica, o financiamento que está, atualmente, pouco direcionado para o valor acrescentado oferecido aos doentes e as lideranças das Instituições que, muitas vezes, não têm uma visão a médio e longo prazo. Filipa Fixe defende que “a transformação digital faz-nos equacionar tudo o que achamos ser estável. A lógica dos produtos que temos atualmente tem que ser repensada, assim como dos serviços”.

As principais conclusões retiradas do encontro foram sintetizadas por Andrea Cunha Freitas, jornalista do jornal Público, numa intervenção em que destacou alguns dos aspetos mais marcantes das várias intervenções.

Antes do encerramento da sessão, teve lugar a assinatura de um protocolo de colaboração entre o INESC TEC e o Centro Hospitalar Universitário de São João cujo objetivo é apoiar a criação e coordenação de novas oportunidades nas áreas emergentes das tecnologias para a saúde.

No encerramento, intervieram Henrique Barros e José Manuel Mendonça, presidentes do ISPUP e do INESC TEC, respetivamente, bem como, Diogo Serras Lopes, Secretário de Estado da Saúde, que participou através de videochamada em representação da Ministra da Saúde, e Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Diogo Serras Lopes salientou que a inteligência artificial e a evolução digital trazem novas oportunidades no desenvolvimento de respostas que fomentem a prevenção, a integração, a continuidade de cuidados e a obtenção de melhores resultados em saúde e bem-estar para as pessoas. Manuel Heitor congratulou a atualidade do Fórum e sintetizou cinco questões particularmente críticas que o País terá de enfrentar, desde a formação avançada de recursos humanos entre as áreas técnicas e as ciências da vida, a complexidade do desenvolvimento de sistemas avançados para as pessoas, a dependência e a dificuldade na produção e acesso a dados fiáveis, a importância do diálogo entre pessoas e instituições e, por fim, a relevância do desenvolvimento institucional para criar instituições e organizações disruptivas.

Por fim, Manuel Heitor, agraciou José Manuel Mendonça com a Medalha de Mérito Científico, tendo destacado a sua enorme contribuição e particular impacto para o desenvolvimento da Ciência em Portugal, nomeadamente como Presidente do Conselho de Laboratórios Associados, no lançamento e direção de vários Laboratórios Colaborativos e, presentemente, na presidência do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O Fórum de Outono regressa em 2022 com o debate em torno de temas de grande interesse e relevância para a sociedade, quer do ponto de vista da economia, quer das políticas públicas, em particular aquelas que são fortemente influenciados pela ciência e tecnologia.

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