INESC TEC faz reconstituição em 3D de duas vilas medievais de fronteira

O INESC TEC é um dos parceiros do projeto “FronTowns  –  Pensa em grande sobre as pequenas vilas de fronteira: Alto Alentejo e Alta Extremadura leonesa (séculos XIII – XVI)”, que visa identificar o papel desempenhado por pequenas vilas na articulação de um território de fronteira entre Portugal e Castela, e na relação com espaços mais distantes. O projeto explora todos os vínculos e fluxos estabelecidos entre esses povoados, viabilizados ou obstruídos pelas condições geográficas, materiais, políticas ou mentais. Centra-se no Alto Alentejo português e na Alta Extremadura leonesa, dos séculos XIII ao XVI.

A análise fixa-se no estudo e reconstituição da evolução do espaço urbano de duas destas vilas, situadas em cada um dos lados da fronteira: Castelo de Vide e Cáceres. Articula-se com a modelação e animação em 3D, com o objetivo de observar como os fluxos e os vínculos se refletem no espaço urbano destas duas vilas: reconstituindo as áreas de mercado, de trocas, de convivialidade, de decisão, de representação, bem como as vias e os terreiros e a sua relação com o tecido residencial.

Recorrendo a técnicas de geração procedimental, o papel do Centro de Sistemas de Informação e Computação (CSIG) do INESC TEC será criar e disponibilizar reproduções 3D das vilas medievais, povoadas com animações, com fidelidade histórica, em articulação com historiadores. “As reconstituições e animações 3D permitem aos investigadores levantar novos questionamentos; informam os responsáveis pelas intervenções urbanísticas nos centros históricos; e constituem elementos decisivos para alavancar as indústrias criativas e o turismo”, explica Leonel Morgado, responsável pelo projeto no INESC TEC.

A geração procedimental com rigor histórico tem sido trabalhada no INESC TEC pelas equipas do investigador António Coelho, professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que também integra este projeto, ao nível do tecido de grandes urbes ou da época romana. O período medieval e das pequenas localidades é pouco trabalhado. “A nível do povoamento dos espaços virtuais, a geração procedimental de coreografias é um terreno praticamente inexplorado”, acrescenta o também professor na Universidade Aberta (UAb).

Dinâmica da vila de Castelo de Vide entre os séculos XIII ao XVI será retratada neste protótipo. Foto: Castelo de Vide, por Vítor Oliveira

Projeto tem impacto na ciência e na sociedade

Os protótipos e modelos serão desenvolvidos a partir de bases de dados históricos georreferenciados. Estruturas urbanas serão geradas procedimentalmente e visitáveis em 3D, com elementos únicos modelados especialmente. As animações serão efetuadas a partir de captura de movimentos e ajustes específicos, para geração de coreografias virtuais a partir das regras do terreno e das reconstruções históricas. Os resultados são apresentados em cursos de formação, em Castelo de Vide e Cáceres, originando dois cursos MOOC para disponibilização ao grande público.

O projeto terá impacto a nível científico e societal. No primeiro caso, a proposta é inovadora pela problemática a que pretende dar resposta, pela identificação de um território compósito entre dois reinos, pela equipa ibérica multidisciplinar que congrega e pelos outputs previstos.  Depois porque a matriz do projeto vincula-se à sociedade, a uma região pouco povoada e envelhecida, mas onde os municípios apostam na revitalização e na visibilidade cultural e cientificamente sustentada. “Este é o nosso contributo”, conclui Leonel Morgado.

Além do INESC TEC, o projeto tem como parceiros a Universidade Nova de Lisboa (líder), a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a École des hautes études hispaniques et ibériques / Casa de Velázquez e a Universidad de Extremadura. É financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, em cerca de 172 mil euros, e tem duração de três anos (termina em março de 2024).

Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo à UAb e à UP-FEUP.

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