Foram várias as infraestruturas de investigação do INESC TEC que abriram portas, no início de setembro, a investigadores e investigadoras do SINTEF – um dos maiores centros de investigação e desenvolvimento na Noruega e no mundo, com mais de 70 anos de experiência e ainda um vasto repertório de atividades para o mar. O objetivo principal? A definição de um projeto piloto relacionado com sistemas de monitorização e manutenção de estruturas de energia offshore flutuante.
A visita, que decorreu entre os dias 2 e 4 de setembro, incluiu não só visitas a infraestruturas laboratoriais do INESC TEC, mas também deslocações à plataforma de testes da Aguçadoura e às obras no Hub Azul de Leixões. As infraestruturas do INESC TEC visitadas foram os laboratórios de Robótica e Sistemas Autónomos, de Nanofotónica, de Imagiologia Espectral, de Ótica Integrada e Microfabricação, de Química e Biossensores, de Sensores de Fibra Ótica, de Comunicações (CommsLab) e ainda o HumanISE Lab e o X-Energy Lab. Estes são os espaços laboratoriais que se encontram associados ao projeto INESCTEC.OCEAN, de onde nasceu esta relação entre as duas instituições de investigação europeias – e onde o SINTEF assume um papel de mentoria.
Esta iniciativa permitiu à equipa do SINTEF ter a oportunidade de conhecer melhor as capacidades e equipamentos que o INESC TEC tem disponíveis para as atividades de I&D+I para o mar. “Ficámos impressionados com o trabalho científico, a variedade de infraestruturas de investigação e as ambições das pessoas que aqui trabalham”, sublinha Beate Kvamstad-Lervold, do departamento de Transportes e Energia do SINTEF.
“Ao estabelecer um foco na investigação para o oceano entre estes grupos de investigação, acredito verdadeiramente que o INESCTEC.OCEAN possa estar na liderança da investigação em tecnologias oceânicas e ser um importante parceiro do SINTEF Ocean [centro do SINTEF dedicado à I&D para o mar] no futuro”, reforça.
Na praia da Aguçadoura, os investigadores do SINTEF visitaram a subestação elétrica liderada pela Companhia de Energia Oceânica (CEO), explorando as possibilidades desta plataforma de testes de tecnologia marinha em ambiente real. Já na Plataforma Logística II do Porto de Leixões, a equipa de investigadores da Noruega pôde observar os avanços mais recentes na construção da bacia oceânica do Hub Azul de Leixões – Polo I, coordenado pelo INESC TEC.
Esta nova infraestrutura, com 10 metros de profundidade e ainda um poço de mergulho científico de 30 metros de extensão vertical, será um claro reforço às capacidades de teste e validação de tecnologias em ambiente oceânico pré-comercial. A definição desta estrutura conta com a participação ativa da equipa do INESCTEC.OCEAN.
“Através desta visita, o SINTEF pôde ficar com uma perceção real da nossa capacidade instalada e dos recursos e equipamentos ao dispor do INESCTEC.OCEAN”, salienta Diana Viegas, investigadora do INESC TEC e responsável do projeto INESCTEC.OCEAN.
“Depois da nossa visita à Noruega, em maio, era a vez de os nossos parceiros e mentores do SINTEF terem a oportunidade de conhecer as nossas equipas e principais espaços de investigação. Sem dúvida que estes três dias foram cruciais para ambas as equipas alinharem expectativas e reforçarem a confiança mútua no trabalho a desenvolver em cooperação, no presente e no futuro”, acrescenta.
Diana Viegas também não deixa de apontar a importância da “experiência e ‘know-how’ do SINTEF”: “são argumentos essências para esta parceria, em prol do crescimento sustentável e do papel de liderança do INESCTEC.OCEAN na Economia Azul portuguesa”.
“Uma base de lançamento para projetos futuros”
No entanto, e como referido anteriormente, a deslocação do SINTEF não se limitou às visitas das infraestruturas de investigação. Ao longo deste encontro, as equipas de ambas as instituições trabalharam em conjunto na definição de um projeto piloto de I&D em sistemas de monitorização e manutenção de estruturas de energia offshore, que combinará os recursos e capacidades de INESC TEC e SINTEF.
Mais concretamente, o objetivo passa por “gerar um sistema de monitorização estrutural para turbinas eólicas flutuantes, sobretudo relativamente a componentes que estão abaixo da linha de água”, explica Diogo Neves, investigador do INESC TEC e um dos coordenadores deste projeto piloto.
“Tem também como objetivo principal a transferência de conhecimento e a capacitação do INESC TEC em relação à experiência que o SINTEF tem na avaliação deste tipo de estruturas, tanto a nível numérico, como a nível experimental, e a criação de sinergias entre as duas instituições”, corrobora.
Através deste trabalho simbiótico com o SINTEF, Diogo Neves acredita que será possível “avaliar também o potencial das novas estruturas do INESC TEC para testes oceânicos e para contactos com a indústria offshore”.
Do lado do SINTEF também se fala português: Nuno Fonseca, cientista chefe no SINTEF Ocean, também irá coordenar este projeto piloto. O investigador crê ser uma oportunidade que, “certamente, irá fortalecer as relações entre SINTEF Ocean e INESCTEC.OCEAN, no sentido de promover colaborações não só no presente, mas também no futuro” na área do mar.
“A nossa expectativa é que isto também seja uma base de lançamento para projetos futuros. Deste ponto de vista, é importante o estabelecimento de relações e o conhecimento dos dois parceiros. Pretendemos também, durante o âmbito do projeto, desenvolver iniciativas paralelas relacionadas com interesses comuns de investigação e necessidades identificadas da indústria”, remata Nuno Fonseca.
Este é um exemplo das atividades de sinergia promovidas pelo INESCTEC.OCEAN, projeto liderado pelo INESC TEC para a criação de um Centro de Excelência em Investigação e Engenharias do Oceano – o primeiro dedicado inteiramente ao mar em Portugal. O consórcio conta com o SINTEF como mentor e os parceiros Fórum Oceano e APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana.