Chama-se INESCTEC.OCEAN e é o primeiro centro português de excelência em investigação e engenharia para o Mar

Ao longo dos próximos seis anos, o INESCTEC.OCEAN – liderado pelo INESC TEC – vai promover o desenvolvimento de setores emergentes do Mar, como são as energias renováveis offshore, a monitorização do mar profundo, a avaliação de impacto ambiental das atividades humanas no mar ou a aquacultura offshore. Este Centro de Excelência – que conta com um investimento europeu e nacional superior a 30 M€ – vai promover a investigação e desenvolvimento nestas áreas, a criação de uma rede de infraestruturas tecnológicas onshore e offshore para desenvolver e testar tecnologia, a formação avançada de recursos humanos, e a aproximação da ciência ao mundo empresarial, estimulando a inovação de base científica. Em marcha, no seguimento da aprovação de uma candidatura ao concurso Teaming for Excellence do programa Widening do Horizonte Europa, o INESCTEC.OCEAN é o quinto Centro de Excelência português – o primeiro na área do Mar.

Portugal tem uma linha de costa de cerca de dois mil e quinhentos quilómetros e uma das maiores zonas económicas exclusivas do mundo – a quinta a nível europeu – que se estende por 1,7 milhões de quilómetros quadrados e que representa 95% do território nacional. O triângulo marítimo que se situa entre Portugal continental e os arquipélagos da Madeira e dos Açores constitui 48% de todas as águas marinhas adjacentes ao continente europeu. “O nosso território dispõe de condições privilegiadas para o desenvolvimento da Economia Azul e, agora, vai poder contar com um Centro de Excelência, que ambiciona, através da investigação e da engenharia oceânica, alavancar todo este potencial”, explica José Manuel Mendonça, responsável pela coordenação de alto nível da candidatura INESCTEC.OCEAN e anterior presidente do Conselho de Administração do INESC TEC.

Liderado pelo INESC TEC, o projeto, a decorrer entre 2025 e 2031, conta, em Portugal, com o envolvimento da Fórum Oceano, Cluster do Mar Português, e da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, e, internacionalmente, com a participação do Centro de I&D Norueguês SINTEF.OCEAN – o principal centro de investigação e desenvolvimento norueguês na área do Mar, com mais de 70 anos de experiência, e que assumirá um papel de mentoria no processo de constituição do INESCTEC.OCEAN.

Até 2031, a atividade do Centro de Excelência focar-se-á em: promover avanços científicos; criar condições para uma maior cooperação entre academia, associações empresariais, incubadoras e aceleradores, entidades financiadoras e investidores; aproximar a indústria e a investigação, estimulando a inovação e a transferência de conhecimento; alavancar um conjunto de novas infraestruturas tecnológicas e readaptar outras existentes. Este Centro vai dar resposta às necessidades científicas e tecnológicas de áreas emergentes, como as energias renováveis offshore, a monitorização e avaliação de impacto ambiental ou aquacultura, mas terá igualmente impacto em setores considerados tradicionais, como são as pescas ou a atividade portuária e logística.

Investigação, formação, inovação e colaboração: o papel do INESCTEC.OCEAN

De que forma? “O objetivo é que o INESCTEC.OCEAN venha a ser uma referência internacional na área da engenharia oceânica, tirando partido da nossa localização face ao Oceano Atlântico, que é uma posição central. Para isso, prevemos não só a criação de quatro programas científicos, em colaboração com a indústria, dedicados a domínios de conhecimento, como são as Estruturas Marinhas, a Robótica Marinha, a Energia Oceânica e os Dados Oceânicos, mas também a participação ativa em mais de 50 projetos de cooperação com a indústria, de forma a respondermos às necessidades do mercado”, avança José Manuel Mendonça.

O Centro de Excelência vai também apostar na educação e na formação avançada de recursos humanos, ao financiar, por exemplo, bolsas de doutoramento em áreas relacionadas com engenharia oceânica.

A ligação à indústria não se fará apenas a partir de projetos colaborativos e e da formação, mas também através da criação de um ecossistema que propicie a transferência de tecnologia, o surgimento de novos negócios e a atração de investimento. Assim, está prevista, entre outras, a criação de programas de afiliação à indústria, a realização de projetos piloto ou demonstrações com o envolvimento do SINTEF.OCEAN, o desenvolvimento e o licenciamento de soluções para PME e o apoio à criação de start-ups na área da engenharia oceânica.

Por fim, o INESCTEC.OCEAN vai criar uma rede de infraestruturas, em terra e offshore, para o desenvolvimento e teste de tecnologias, reajustando e equipando infraestruturas existentes e criando novos espaços de experimentação. “O nosso objetivo é conseguir meios para colocar num outro nível as infraestruturas existentes, como é o caso do Hub Azul de Leixões I, do TEC4Sea, ou a plataforma de testes na Aguçadoura, Póvoa de Varzim”.

O caminho até 2031

Através destas ações, o Centro de Excelência para o Mar contribuirá para a atração de talento e a criação de emprego altamente qualificado, apoiará e responderá às necessidades da indústria, promovendo igualmente o surgimento de start-ups de base tecnológica, e disponibilizará informação de apoio à tomada de decisão acerca do uso sustentável do Mar e dos seus recursos. Em 2031, o previsto é que a atividade do INESCTEC.OCEAN seja superior a 20M€.

Até lá, o Centro de Excelência ficará incubado no INESC TEC, durante pelo menos quatro anos. O projeto, que resulta de uma candidatura ao concurso Teaming for Excellence do programa Widening do Horizonte Europa, conta com um financiamento superior a 30M€: 15M€ assegurados pelo Programa Horizonte Europa da União Europeia, e o restante montante pelo Governo Português, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia e de fundos de diferentes origens.

“Foi um concurso muito competitivo e trata-se de uma candidatura muito distintiva, a nível europeu. Aliás, em Portugal só existem quatro Centros de Excelência atualmente, sendo que o INESCTEC.OCEAN foi o quinto a merecer aprovação – e é o primeiro nas engenharias e na área do Mar”, relembra José Manuel Mendonça.

Recorde-se que o INESC TEC tem vindo a desenvolver, ao longo dos últimos anos, múltiplos projetos na área do Mar, que atualmente representam cerca de 10% da atividade de investigação do Instituto. Nos últimos seis anos, esta sua angariação de financiamento de projetos de I&D com aplicação marinha e marítima passou de 4M€/ano (2017) para mais de 13,3M€/ano (2022), contando com uma equipa superior a 70 investigadores. Além disso, o INESC TEC tem a seu cargo a liderança de infraestruturas tecnológicas como são o Hub Azul de Leixões I, a CEO – Companhia da Energia Oceânica e a TEC4Sea, da qual faz parte o navio de investigação Mar Profundo.

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