É inovador, promete ter um verdadeiro impacto no diagnóstico veterinário e está, neste momento, na sua quarta versão. O Pocket Vet, que tem somado reconhecimento e prémios pela sua excelência científica, foi agora distinguido pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com uma menção honrosa, no âmbito das Bolsas Jorge de Mello para a Indústria e Inovação, promovidas pela Fundação Amélia de Mello.
O investigador do INESC TEC, Rui Martins, é um dos rostos por detrás da inovação e destaca a honra de receber o prémio em nome de uma equipa multidisciplinar. “Esta distinção é o reconhecimento da excelência científica e tecnológica do trabalho desenvolvido pela equipa de ‘point-of-care’ veterinário do INESC TEC liderada por mim, pela equipa do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), coordenada pelo docente Ricardo Marcos. Contamos com a colaboração das equipas de Felisbina Queiroga, docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD); de Teresa Barroso, docente no CESPU; do docente Luís Pinho da SVAExpLeite Lda; e de Adelaide Pereira, médica veterinária, no Segalab – assim como dos inúmeros voluntários e estudantes de Doutoramento associados a este tema de trabalho”.
As distinções têm, de resto, sido uma constante e comprovam a pertinência e a excelência do trabalho desenvolvido. Mas afinal em que é que consiste esta inovação que parece estar a revolucionar o setor? Trata-se de um mini laboratório portátil que utiliza inteligência artificial e espectroscopia para analisar o sangue e o leite no local de produção, permitindo aferir atempadamente condições inflamatórias e o estado de saúde do animal.
Para além de impactos imediatos na rapidez de diagnóstico de vários animais e de diminuir os custos inerentes à produção leiteira, já que permite detetar precocemente doenças que representam um dos maiores encargos do setor, o PocketVet assenta em três pontos chave que lhe garantem uma vantagem competitiva. Por um lado, as dimensões reduzidas do hardware foram desenvolvidas com capacidade para analisar uma única gota de fluido. Depois, a inteligência artificial autoaprendente, garante precisão mesmo em amostras complexas. Por fim, possui um sistema de aprendizagem distribuída, que permite a troca de conhecimento entre aparelhos. Juntas, as condições garantem que unidades de saúde de menor porte passem a ter acesso a diagnósticos sofisticados, tradicionalmente restritos a laboratórios especializados.
Desde 2014, o Pocket Vet vem sendo validado em hospitais humanos e veterinários, demonstrando elevada precisão em comparação com métodos laboratoriais certificados. Rui Martins explica que “o sistema possui patentes internacionais e visa um mercado global de milhares de milhões, incluindo animais de companhia e de produção”. O caminho passa, agora, pela sua comercialização e industrialização. “A tecnologia Pocket Vet atingiu um estado de maturidade em que necessita de fazer a sua transição do ambiente de investigação para o desenvolvimento de produto à escala industrial”, garante o investigador. Passagem essa que irá permitir “um verdadeiro impacto na qualidade de vida humana e animal”. “Uma vez mitigado o risco tecnológico através de projetos de investigação, esperamos agora entrar na fase de mitigação do risco empresarial e de investimento industrial”, conclui.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.