Projeto europeu de coordenação e apoio a HPC com a América Latina chega ao fim

O projeto RISC2, que durante três anos tentou construir pontes na investigação e formação de High-Performance Computing (HPC), considerada a base para avanços científicos, industriais e sociais com impacto na qualidade de vida da população mundial, chegou oficialmente ao fim. Entre os principais resultados alcançados por este consórcio composto por 16 parceiros — 12 da América Latina e quatro da Europa — destacam-se o HPC Observatory e o White Paper on HPC R&I Collaboration Opportunities. 

No primeiro caso, trata-se de uma plataforma alimentada pelos múltiplos parceiros do RISC2 dedicada à análise das implicações sociais e da investigação, afirmando-se como uma fonte relevante de informação para instituições e cientistas europeus e latino-americanos na área do HPC e da Inteligência Artificial. O seu conteúdo inclui um Repositório — um conjunto de documentos e materiais de treino produzidos no âmbito do projeto —, uma lista de instituições de investigação e industriais na área da HPC, na América Latina e notícias relativas a eventos, e oportunidades de colaboração. 

Para Rui Oliveira, diretor do Minho Advanced Computing Center e administrador do INESC TEC, esta trata-se de uma “ferramenta para o futuro que nasceu da visão e da ativa cooperação do consórcio do projeto RISC2”. No HPC Observatory são apresentadas as “instituições da América Latina que realizam investigação em supercomputação, os recursos que detêm, e informações atualizadas sobre as atividades que desenvolvem. A partir de aqui, investigadores e utilizadores de HPC nesta região poderão traçar um plano de atividades e encetar esforços para aumentar a sensibilização das instâncias políticas para mais e melhor desenvolvimento.”  

No que respeita ao White Paper on HPC R&I Collaboration Opportunities, o documento passa em revista os principais fatores e tendências socioeconómicos e ambientais que influenciam as necessidades ao nível de HPC e respetivas necessidades políticas. Nele são também identificados e analisados os pontos comuns nas políticas de R&I de HPC entre a América Latina e a Europa, tendo por base a revisão de documentos políticos das duas regiões.  

“As múltiplas aplicações da computação avançada são sinónimo de progresso para os vários quadrantes da sociedade”, estabelece Rui Oliveira. Por exemplo, os modelos produzidos com recurso a supercomputadores poderão ser essenciais para a manutenção de espécies em risco, numa altura de grandes mudanças climáticas, nos ecossistemas da América Latina. “Esta é, por isso, uma área para a qual tanto os responsáveis políticos da Europa e da América Latina estão sensibilizados e cientes da sua importância.” 

Estes documentos são considerados essenciais para um futuro que se pretende de continuidade para o trabalho realizado durante o RISC2, mas também em projetos que o antecederam. Dos planos dos investigadores fazem parte, por exemplo, apresentações e presença em conferências enquanto representantes do projeto, de forma a promoveram-no e a divulgar os resultados conseguidos. 

Desde 2021, através do trabalho dos stakeholders na área, investigadores das duas regiões aprofundaram os seus conhecimentos com a partilha de best practices. Ao longo do projeto, os parceiros promoveram webinars, envolveram-se na organização de Summer Schools, desenvolveram investigação científica e reuniram-se com policy makers, chamando a atenção para a necessidade de investir numa área científica que se apresenta como incontornável para a sociedade e em franco desenvolvimento. 

“O projeto RISC2 provou ser um esforço de equipa. Conseguimos criar uma comunidade viva e ativa do outro lado do Atlântico para estimular o diálogo e impulsionar a cooperação, algo que não morrerá com o fim formal do projeto. Para além do RISC2, devemos manter uma dinâmica e tirar partido da importância da América Latina”, explicou Fabrizio Gagliardi, coordenador do projeto e investigador do Barcelona Supercomputing Center. 

O INESC TEC, juntamente com a Universidade de Coimbra, é um dos representantes portugueses, reafirmando a sua aposta na Computação de Alto Desempenho e o reconhecimento da América Latina como uma geografia com importância estratégica nesta área.  

O RISC2 recebeu financiamento do programa de investigação e inovação Horizonte 2020, ao abrigo do acordo número 101016478. 

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