Conheça o National Oceanography Centre

O National Oceanography Centre (NOC) é uma das maiores instituições na área da oceanografia a nível mundial. O NOC garante a Capacidade Nacional do Reuno Unido como grande agente a nível global, na liderança e participação em iniciativas internacionais.

Sendo que no mês passado se assinalou o Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho), estivemos à conversa com Bramley Murton, professor de Geologia Marinha e líder de investigação em processos minerais marinhos no NOC.

Nome da organização: National Oceanography Centre (NOC)
Área de negócio: Ciências Oceânicas – Costa e Mar Profundo
Nome da entrevistada: Bramley Murton
Função na organização: Professor de geologia marinha e líder de investigação em processos minerais marinhos
Centros do INESC TEC com que colaborou: Centro de Robótica e Sistemas Autónomos (CRAS)
Nome do projeto: Trident
Responsável no INESC TEC: Eduardo Silva

 

Qual é a ligação do NOC com o INESC TEC?

O NOC tem vindo a colaborar com o INESC TEC ao longo de vários anos, sendo que o primeiro projeto em conjunto foi o VAMOS. Na altura, fazia parte da comissão de acompanhamento de um projeto que envolvia o laboratório do Eduardo Silva. Embora não fosse um projeto totalmente dedicado ao mar, o VAMOS focou-se no desenvolvimento de tecnologias subaquáticas para a exploração de minas terrestres inundadas. Atualmente, a relação entre as duas instituições é ainda mais evidente, pois trabalho diretamente com o Eduardo Silva, no âmbito do projeto TRIDENT. Este projeto visa a construção de uma rede de plataformas e de sensores para observar perturbações provocadas pelo ser humano, no mar profundo e também no leito oceânico. Entre as principais atividades desta rede encontra-se a mineração em mar profundo, permitindo que o público em geral e os reguladores monitorizem as atividades realizadas, e que seja aplicada a regulamentação adequada para proteger o meio ambiente.

Quais são os principais resultados desta colaboração?

O projeto encontra-se na fase inicial, mas já temos alguma noção sobre o potencial da rede que estamos a desenvolver. A rede irá abranger: veículos autónomos subaquáticos para procurar e localizar plumas de sedimentos e avaliar a toxicidade química; gliders subaquáticos para monitorizar o ruído gerado por máquinas no fundo do mar; landers para a medição de sedimentos na água, da toxicidade de quaisquer poluentes, eda poluição sonora. Um grande desafio será permitir que as diferentes plataformas comuniquem entre si, e sejam capazes de transmitir dados para outras infraestruturas na superfície do mar. A fase final do projeto irá focar-se no desenvolvimento de um sistema capaz de recolher e processar todos estes dados, permitindo a observação (em tempo real) e a previsão do movimento dos poluentes ou das plumas nas 24 horas seguintes. Assim, será possível informar um sistema “semáforo” para alertar os operadores sobre danos iminentes, para que estes sejam capazes de os impedir ou mitigar.

No geral, como tem sido a experiência com o INESC TEC?

Já visitei o INESC TEC inúmeras vezes e o meu local favorito continua a ser o laboratório onde o Eduardo realiza o seu trabalho. Lá encontro coisas incríveis, como os robôs para explorar minas subaquáticas, e os landers “tartaruga”, que serão utilizados no decorrer do projeto Trident. No entanto, o mais agradável é poder testemunhar o entusiasmo dos estudantes que desenvolvem o seu trabalho no laboratório, pois eles são o futuro.

O que valoriza nesta colaboração?

Mais do que tudo, valorizo o espírito inovador e o entusiasmo dos colaboradores do INESC TEC. As pessoas têm uma atitude muito positiva e demonstram grande entusiasmo no desenvolvimento deste projeto, assim como muita competência.

O que podemos esperar nos próximos anos do NOC?

O NOC acolhe engenheiros e cientistas inovadores. Abrangemos uma vasta gama de conhecimentos, desde a física oceânica até a biologia marinha e a geologia marinha. Ao longo dos próximos anos, o NOC irá trabalhar rumo à integração das suas tecnologias autónomas em projetos científicos, para aumentar a nossa presença virtual e remota nos oceanos, e reduzir a nossa dependência das embarcações. Estamos perante um paradigma de mudança, entre a ciência pura (que se mantém importante para fazer novas descobertas) e a ciência que visa dar resposta aos desafios societais mais relevantes, como as alterações climáticas, os recursos oceânicos, e os principais riscos. O NOC irá continuar a promover projetos colaborativos junto dos melhores institutos de investigação, no Reino Unido e em outros países. Através do trabalho colaborativo, e de relações como a que temos com o INESC TEC, o NOC poderá contribuir para o desenvolvimento de novas ideias, e também beneficiar de novo conhecimento.

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